Neta de Leocádia Prestes lembra a luta da mãe pelo filho
A homenagem a Leocádia Prestes encerrou a sessão solene em homenagem ao Dia das Mulheres, realizada nesta terça-feira (11), pelo Congresso Nacional. A neta Zóia Prestes recebeu o diploma das mãos do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que foi quem propôs a
Publicado 11/03/2008 17:33
Zóia Prestes lembrou a campanha internacional que a vó Leocádia desencadeou pela libertação do filho, preso nos porões da ditadura Vargas, entre 1936 e 1945, e de Olga Benário, sua primeira mulher, presa em um campo de concentração nazista de Hitler.
“Minha avó correu o mundo denunciando as condições desumanas às quais eram submetidos todos comunistas presos no Brasil e na Alemanha. Foi também com esse mesmo espírito de luta que conseguiu arrancar das mãos do nazismo a pequena Anita, nascida em uma prisão feminina em Berlim”, lembrou.
Ela lembrou que a descedência de Leocádia Prestes é de 10 netos – filhos de Prestes -, 22 bisnetos e 4 trinetos, e que agradecia a homenagem em nome da família Prestes. “Agradeço especialmente ao senador Inácio Arruda, autor desta iniciativa”, destacou.
Ela contou histórias da avó, Leocádia Felizardo Prestes, “que influenciou decisivamente na formação do caráter do nosso pai, Luís Carlos Prestes. Em todos os momentos difíceis pelos quais passou, o “Cavalheiro da Esperança”, denominação com a qual ele entrou para a história, demonstrou sempre integridade moral, dignidade e honestidade, que foram, como ele mesmo dizia, lições sérias de formação de caráter recebidas de sua mãe”.
Para não estender-se em elogios a pessoas da própria família, “que não fica bem”, como disse ela própria, a neta de Leocádia pediu permissão para ler alguns trechos de um poema escrito pelo grande chileno Pablo Neruda – “Dura Elegia”.
“O poema foi lido por ele à beira do túmulo de minha avó, na cidade do México, em 18 de junho de 1943. Nessa data meu pai ainda estava preso no Brasil e só visitou o túmulo de sua mãe 46 anos depois, 6 meses ante de ele mesmo falecer”, contou Zóia.
O poema de Neruda diz:
(…)
Senhora, fizeste grande, tão grande, a nossa América.
Deste-lhe um puro rio de águas colossais:
Deste-lhe uma árvore alta de infinitas raízes:
Um filho teu digno de sua Pátria profunda (…)
O que feriu teus cabelos trocaremos amanhã,
Amanhã romperemos o dolorosos espinho.
Amanhã inundaremos de luz o tenebroso
Cárcere que há na Terra.
Amanhã venceremos
E nosso Capitão estará junto a nós.
(…)
Mulheres espetaculares
O senador Inácio Arruda, um dos membros da Comissão que escolheu as homenageadas, destacou que “o nosso prêmio nasce de uma trajetória de luta intensa das mulheres, e a causa central de o dia 8 de março ter se transformado nessa data de homenagem está ligado a uma luta das mulheres do mundo, nos Estados Unidos da América”.
Ele, que é autor do projeto de lei que reduz a jornada de trabalho, lembrou que “elas lutavam para reduzir a jornada de trabalho absolutamente extravagante, que alcançava de 14 a 16 horas de trabalho nas fábricas, especialmente nas fábricas têxteis. As operárias fizeram uma greve, e os patrões as trancaram na fábrica e a incendiaram, matando todas as 127 mulheres. Elas foram assassinadas, e esse dia ficou marcado para sempre na história da humanidade”.
O senador comunista fez elogios a cada uma das homenageadas, detendo-se na companheira de Partido, Jandira Feghali, a quem atribui o êxito da instituição da Lei Maria da Penha, que, segundo ele, poderia ser chamada Lei Jandira Feghali.
“Poderíamos fazer referência a tantas outras mulheres espetaculares que estão neste momento lutando não só pela emancipação da mulher, mas também para que a humanidade viva mais feliz”, conclui Inácio.
De Brasília
Márcia Xavier