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No Tocantins, Lula volta a criticar os que boicotam seu governo

O presidente Lula afirmou hoje (11) que a oposição não aprovou a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para que o governo ficasse sem R$ 120 bilhões até o final do mandato e não pudesse realizar projetos como o Programa Aceleração d

“Eles derrotaram [a CPMF] porque [pensaram], bom, se a gente tirar R$ 40 bilhões esse ano, R$ 40 bilhões em 2009 e R$ 40 bilhões em 2010, o Lula vai ter R$ 120 bilhões a menos e significa que o Lula não vai fazer nada e ganhamos as eleições do Lula em 2010”, disse o presidente, ao discursar na inauguração da primeira parte de um projeto de irrigação no Tocantins.


 


O presidente disse que quem nasceu em sua cidade, Garanhuns (PE), e não morreu de fome até os cinco anos de idade, não vai morrer no caminho porque “a oposição quer criar dificuldades”. O presidente garantiu que a prova de que não vai morrer no caminho será o Programa Saúde da Família, marcada para ser lançado em abril nas escolas públicas.


 


“Onde vamos arrumar dinheiro? Vamos arrumar dinheiro, ele vai aparecer, a economia está crescendo”, garantiu o presidente. Lula defendeu o programa Bolsa Família. Segundo ele, quando o programa foi criado muitos afirmaram que era assistencialista, mas, de acordo com o presidente, a intenção é aproximar os pobres da classe média.


 


“As pessoas perguntam, presidente, o senhor não gosta de rico? Pelo contrário, gostaria que todo mundo fosse rico”, disse. E completou: “resolvemos governar o Brasil como uma mãe administra seus filhos, cuida de todos, mas olha para os mais pobres, para que eles possam ter um processo de ascendência social”.


 


O presidente Lula reafirmou que as obras que estão sendo lançadas em todo o Brasil não privilegiam estados governados por integrantes da base aliada. 


 


O presidente inaugurou, entre os municípios de Dianópolis e Porto Alegre do Tocantins, no Tocantins, a primeira etapa do Projeto Manuel Alves, que compreende uma barragem sobre o rio de mesmo nome e a implantação de um projeto de irrigação. Nessa primeira etapa, 4,7 mil hectares de 5,7 mil hectares irrigáveis serão utilizados em projetos de fruticultura como abacaxi e mamão.


 


Segundo o Ministério da Integração Nacional, o custo total desta etapa foi de R$ 235 milhões, sendo R$ 214 milhões do governo federal e R$ 21 milhões do governo estadual. A iniciativa faz parte do Programa de Perenização de Rios do Sudeste de Tocantins (Propertins) e está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 



Veja, abaixo, a íntegra do discurso do presidente:


 



Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na inauguração do reservatório de contenção da Barragem Manuel Alves
Divinópolis – Tocantins, 11 de março de 2008


 


Eu estou entusiasmado com a bandinha. Eu não sei se é uma homenagem porque eu sou pernambucano, mas o frevo está comendo solto ali.
 Eu quero cumprimentar o nosso companheiro Marcelo Miranda, governador do estado de Tocantins,
 Meu companheiro Geddel Vieira de Lima, ministro da Integração Nacional,
 Nosso companheiro Paulo Sidnei, vice-governador do estado de Tocantins,
 Companheiro Carlos Henrique Amorim, presidente da Assembléia Legislativa de Tocantins,
 Senhor Daniel de Oliveira Negry, presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins,
 Quero cumprimentar os senadores João Ribeiro e Leomar Quintanilha, companheiros que têm tido um trabalho extraordinário de ajuda ao governo federal no Senado da República. Obrigado aos dois companheiros pelo comportamento de vocês junto ao governo,
 Quero cumprimentar os deputados federais Lázaro Botelho, Laurez Moreira, Nilmar Ruiz e Vicentinho Alves, companheiros que também têm trabalhado para contribuir com o estado do Tocantins e com o governo federal,
 Quero cumprimentar os prefeitos José Salomão Jacobina Aires de Dianópolis,
 Companheiro Adeljon Nepomuceno de Carvalho, de Porto Alegre do Tocantins,
 Quero cumprimentar o nosso companheiro Raul Filho, prefeito da capital, Palmas,
 Em nome deles, quero cumprimentar todos os prefeitos aqui presentes,
 Quero cumprimentar o nosso companheiro João Santana, secretário Nacional de Infra-Estrutura Hídrica,
 Todos os companheiros deputados estaduais,
 Todos os secretários estaduais,
 Secretários municipais,
 Vereadores aqui presentes,
 Quero cumprimentar a nossa querida Damiana Conceição da Silva, em nome da qual cumprimento os moradores do Assentamento Olho D’água,
 Quero cumprimentar o nosso querido companheiro Milton Albuquerque dos Santos, em cujo nome cumprimento os pequenos produtores da região,
 Quero cumprimentar o Osmar Rodrigues Coelho, por meio do qual saúdo os empresários do projeto da barragem rio Manuel Alves,
 Quero cumprimentar cada um de vocês, mulheres e homens do estado do Tocantins,
 Meus companheiros da imprensa,
 Meus amigos e minhas amigas,


 



 Eu acredito que nós estamos vivendo hoje, um momento de colheita daquilo que nós plantamos ao longo dos últimos anos no Brasil. Eu sei que possivelmente no meu primeiro mandato, no começo do mandato, quando as coisas estavam difíceis, quantos companheiros meus e companheiras espalhados por este Brasil achavam que a gente tinha fracassado e que as coisas não iam dar certo. E eu sempre dizia que a gente precisa ter muita paciência para não permitir que o nervorsismo ocasional estrague um projeto  que está em andamento.


 



Numa casa, quando tem um motivo de briga entre um casal, alguém tem que ter paciência, porque se não tiver paciência, o casal chega às vias de fato. Se há uma briga na família, com os filhos, alguém tem que ter paciência. Se todos estiverem muito nervosos, se todos quiserem falar ao mesmo tempo, se todos quiserem estar certos ao mesmo tempo, vai ter algo que vai criar confusão na família. Tem que ter sempre alguém que tem mais tranqüilidade, que não pode ficar nervoso, que conta até dez, e que toma a decisão.


 



Eu sabia da responsabilidade de chegar à Presidência da República deste País. Eu tinha que enfrentar preconceitos históricos, eu diria, seculares. Nós tínhamos que enfrentar uma série de coisas porque não previam nem na sociologia brasileira que um operário metalúrgico pudesse chegar à Presidência da República, não estava escrito. O Brasil, segundo eles, era para ser governado ou por empresário, ou por advogado, ou por médico, ou professor, mas nunca por um trabalhador. Isso não estava na conta deles. Muitas vezes eu perdi eleição porque nós mesmos tínhamos preconceitos contra nós. É difícil a gente convencer um trabalhador comum de que ele tem competência para fazer alguma coisa. Ele aprendeu a vida inteira que ele não tinha. Nas novelas ele só é lavador de carro, só é empregada doméstica, nunca tem uma posição de destaque, é sempre o de baixo. Então, nós vamos sendo condicionados a acreditar que a gente não pode, que a gente não tem condições. Pobre só pode ser jogador de futebol, até porque rico… Não tem caso de rico jogador de futebol, são raríssimos. Mas pobre tem, porque é a única coisa que nós temos espaço para fazer e, ao mesmo tempo, pobre pode ser artista, artista também pode. Mas não era uma coisa previsível. E eu enfrentava que tipo de preconceito? As pessoas diziam assim: “O Lula quer ser presidente da República? Ele não tem nem diploma universitário. Será que ele não se enxerga? Ele é igual a mim. Eu não sou nada, por que ele quer ser?” Eu enfrentava isso. Nós perdemos três eleições. Eu poderia ter desistido. Mas eu tinha em mente, porque conhecia também os que governavam este País, todos, eu tinha em mente que nós poderíamos fazer pelo País aquilo que o Brasil estava precisando que fosse feito.


 



Primeiro, nós tínhamos que arrumar a casa. Todo mundo aqui sabe: em casa que não tem pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. Então, primeiro, era cuidar de arrumar a casa, era fazer com que a casa fosse arrumada, que as coisas fossem colocadas no seu lugar. Não podia a televisão estar na cozinha e o fogão na sala. Não podia a cama estar no corredor e o banco do corredor no quarto. Era preciso colocar as coisas nos seus devidos lugares. Com muito sacrifício, nós conseguimos fazer com que o Brasil chegasse, no final de 2006, no momento de ascendência econômica, que nós já prevíamos que seria uma coisa duradoura.


 



O Brasil não acreditava em si mesmo, o povo já não tinha mais crença em nada. Afinal de contas, fazia 26 anos, portanto, mais tempo do que a vida da grande maioria que está aqui, que a economia brasileira não crescia, que os empregos não eram gerados. Só a construção civil, Governador, ficou 20 anos só mandando trabalhador embora. Na categoria metalúrgica a que eu pertencia nós perdemos, em 26 anos, mais de um milhão de empregos, ou seja, postos de trabalho fechados, não tinha mais trabalhadores, não tinha mais aquela vaga porque a indústria não crescia, não vendia e, se não vendia, não vai contratar trabalhador. E isso em vários setores da economia.


 



Na hora em que nós arrumamos a casa, nós começamos a dizer: agora está na hora de a gente começar a cuidar de todos. Mas, dentre todos, nós temos que olhar quem são aqueles que mais necessitam, para a gente começar a cuidar como uma mãe cuida dos filhos. Uma mãe pode ter dez filhos. Aquele que está “dodói”, aquele que está com algum problema, é naquele filho que a mãe vai fazer mais carinho. Não é que ela não goste dos outros, é que ela vai olhar primeiro para aquele que não está comendo, para aquele que está chorando, para aquele que está resmungando, porque a sabedoria e o instinto da mãe sabem que é aquele que precisa de prioridade. Às vezes, o filho mais velho fala: “a minha mãe só olha para o pequeno. Eu estou aqui, já comi três, quatro bifes e ela nem brigou comigo.” Mas a mãe está preocupada com o pequeno que não comeu nenhum, a mãe está preocupada com o pequeno, que não colocou a colher na boca.


 



Nós, então, resolvemos governar o Brasil como uma mãe administra os seus filhos. Cuidar de todos, mas olhar para os mais pobres, para que eles possam ter um processo de ascendência social e transformar o Brasil num país de classe média. As pessoas perguntam: “Presidente, o senhor não gosta de rico?” Pelo contrário, eu gostaria que todo mundo fosse rico. Se tem uma coisa que o pobre gostaria de ser, é rico. Então, por que eu não vou gostar?


 



O que eu quero, na verdade, é que a gente estabeleça um processo de política em que a gente vá elevando os de baixo para subirem os degraus, até a gente ficar todos mais próximos. Na hora em que o pobre tiver acesso à escola, ele vai ter uma profissão e vai ganhar melhor; na hora em que ele ganhar melhor, ele vai comprar um produto; na hora em que ele compra um produto, ele vai à loja; na hora em que a loja vende o produto, tem que encomendar da indústria; na hora em que encomenda da indústria, a indústria tem que produzir mais; se ela produzir mais, vai contratar mais trabalhadores, vai ter mais salário, vai ter mais consumo. E assim, todos crescem neste País, e não apenas meia dúzia de pessoas.


 



O que aconteceu nos anos 80 é que quando nós passamos 26 anos sem crescer… Eu vou dar um exemplo para vocês. Vocês viram na televisão, eu estive no Rio de Janeiro, nesse final de semana. Aquela favela em que eu fui anunciar o PAC, o Complexo do Alemão, em 1950 era uma fazenda, não tinha favela. E ela virou uma favela mais forte nos anos 80, quando terminou o Milagre Brasileiro. E por que virou? Porque, embora o Brasil tivesse crescido muito nos anos 70, o que aconteceu é que a riqueza foi toda para um bolso só. Então, ficou-se com milhões de pessoas miseráveis e meia dúzia de pessoas altamente ricas. Assim, nenhum país vai para frente. É preciso que a gente tenha em mente o seguinte: mesmo que pouco dinheiro no bolso da gente, significa distribuição de renda. Se todo mundo tiver um pouquinho… Imaginem o seguinte: um cidadão ganha na loteria, sozinho, 20 milhões de reais. Então, o que vai acontecer? Vai ter um cidadão rico. Imaginem se, em vez de um ganhar 20 milhões, mil ganhassem 2 milhões, ou 2 mil reais cada um. Então, nós teríamos mil com 2 mil reais, seriam mil pessoas comprando pão, mil pessoas comprando feijão, mil pessoas comprando roupas, ao passo que vocês têm um só com uma conta bancária gorda, rendendo juros, e o restante pobre. Foi isso que aconteceu na economia brasileira. Pois bem, nós mudamos isso.
Quando eu criei o Bolsa Família, os de cima diziam assim: “isso é esmola, isso é assistencialismo, o Lula não está resolvendo o problema dos pobres, o que é o Bolsa Família? Setenta, 80, 90 reais?” Noventa reais não valem nada para uma pessoa que ganha 20 mil reais por mês e dá de gorjeta depois que fica bêbado num bar, tomando cerveja. Agora, 90 reais na mão de uma mulher que tem três ou quatro filhos, ela vai ao supermercado e traz comida para aquelas crianças comerem durante o mês inteiro.


 



 Então, é preciso que a gente também tenha um pouco de noção do que significa uma quantidade de dinheiro, em função do nosso meio de vida. Tem gente que já não quer mais um Gol: “é carro mixuruca”, mas quantos milhões de brasileiros gostariam de ter um carrinho, mesmo que velho? Então, o que nós estamos fazendo é possibilitar que os de cima estejam lá onde estão, que a classe média tenha uma ascensão, mas que os mais pobres possam se aproximar da classe média, porque aí vai melhorar tudo para o País.
 O que significa um projeto como este que estamos inaugurando agora? Imaginem se os números do Geddel e do governador estiverem certos – são quinze mil empregos diretos e 30 mil indiretos. Vocês sabem o que significam 15 mil empregos diretos? Significa 15 mil pessoas recebendo um salário mensal, significa que vai ter uma loja a mais, vai ter um comércio a mais, vai ter um armazém a mais, vai ter uma fábrica (inaudível) mais, vai vir uma oficina de carros, vai vir uma loja de carros, vai vir mais uma boutique, vai montar um instituto de beleza… As coisas vão crescendo, Geddel… Na cidade de Buique, em Pernambuco, só pelo fato de a gente fazer os aposentados de Buique receberem o salário em Buique, montando uma pequena agência do Banco do Brasil, foram criados, por conta de os aposentados receberem na cidade, 324 pequenos comércios na cidade.


 



 Então, vocês não imaginam o que vão significar, nos próximos anos, a quantidade de coisas que vão acontecer aqui nesta região. Não vai acontecer amanhã, isso é um processo. As pessoas vão perceber que o programa está dando certo, que nós vamos exportar as frutas, que vamos exportar alimentos, que vamos produzir coisas para o biodiesel, que vamos produzir outras coisas para comer, e aí, todo mundo vai perceber que todo mundo ganha. O prefeito vai ter mais imposto, vai estar mais feliz, mais alegre, mais gente vai querer vir morar aqui. Além disso, nós estamos trabalhando com a certeza de que o que está acontecendo aqui, companheiros, não está acontecendo só aqui, essa é a diferença do que aconteceu no Brasil tempos atrás. É que quando você fazia um projeto desses, você fazia propaganda, e vinham para cá milhares de pessoas ocupar o espaço que era das pessoas daqui. Por quê? Porque lá não tinha nada.


 



 O que nós estamos fazendo hoje é que em todos os estados brasileiros, sem distinção, de Roraima ou do Amapá, do Amazonas ou do Pará, do Rio Grande do Sul ao Tocantins, passando por São Paulo, em todos, sem distinção, o governo federal tem muitos e muitos investimentos. É urbanização de favelas, é saneamento básico, é habitação, é escola técnica profissional, é extensão universitária. E, sobretudo, investindo em coisas que signifiquem mudanças estruturais.


 



 Na década de 70, São Paulo tinha duas favelas, hoje tem 2 milhões morando em favelas. Imaginem se os prefeitos – eu comecei a falar que a favela do Rio de Janeiro era uma fazenda – imaginem se nos anos 60 o prefeito tivesse feito uma intervenção e não tivesse deixado virar favela. Acontece que nos anos 60 não se fez nada, em 70 não fez nada, em 80 não fez nada, em 90 não fez nada, em 2000 não fez nada, o que aconteceu? Um lugar que era uma fazenda virou uma favela de 120 mil pessoas. E aí, para a gente consertar, é muito mais difícil. Por isso é que projetos como este são extremamente gratificantes. E eles estão acontecendo em todas as áreas. “Ah, mas o Lula é amigo do governador Marcelo Miranda. O Marcelo Miranda é do PMDB, portanto se ele é do PMDB, o PMDB tem aliança com o Lula, então está tudo certo”. Perguntem ao José Serra, do PSDB, perguntem ao Aécio Neves, do PSDB, perguntem à governadora do estado do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do PSDB, perguntem ao Cássio Cunha Lima, do PSDB, perguntem ao Teotônio Vilela, de Alagoas, do PSDB, perguntem ao Arruda, aqui em Brasília, do PFL, perguntem se nós estamos fazendo um milímetro de discriminação. Não tem importância se eles derrubaram a CPMF. Derrubaram a CPMF para eu não ter, até o final do mandato, 120 bilhões de reais.


 



 Nós tínhamos feito uma proposta do PAC da Saúde. O PAC da Saúde tinha 24 bilhões a mais para a saúde, era para levar médico e dentista nas escolas públicas para ver as crianças deste País. Era para fazer laqueadura nas mulheres que quisessem fazer. Era para fazer vasectomia nos homens que não quisessem ter mais filhos, era para cuidar das pessoas como precisam ser cuidadas. Entretanto, eles derrotaram. Derrotaram porque: “Bom, se a gente tirar 40 bilhões este ano, 40 bilhões em 2009 e 40 bilhões em 2010, o Lula vai ter 120 bilhões a menos, significa que o Lula não vai poder fazer nada e nós ganhamos as eleições, do Lula, em 2010”. É assim que funciona a cabeça de algumas pessoas no Brasil, só pensam naquilo. Quando o Marcelo e eu temos que pensar não é em 2010, é no agora, é em como este povo vai comer, é em como este povo vai beber, é em como este povo vai morar. E eles pensam: “Ah, o Lula vai ficar chorando”.


 



 Eu vou contar uma coisa para vocês: quem nasceu em Garanhuns e não morreu até os cinco anos de idade, de fome, não vai morrer no caminho porque a oposição quer criar dificuldades. Quem perdeu três eleições e não desistiu, não vai se perder porque não foi aprovada a CPMF. Só para mostrar isso, Geddel, no mês que vem, em abril, eu vou lançar o Programa Saúde da Família dentro das escolas públicas brasileiras para atender as nossas crianças. Onde nós vamos arrumar dinheiro? Vamos arrumar dinheiro, ele vai aparecer. A economia vai crescer, está crescendo. Vocês não sabem o ego, a paixão, o orgulho, quando eu me levanto de manhã e vejo o seguinte: pela primeira vez em 500 anos… Porque desde que o Cabral chegou aqui, o Brasil devia. Então, o Brasil passou 500 anos devendo, quando na semana passada o Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor. Sabe qual é o prazer? É o prazer de um trabalhador, de uma trabalhadora que, no final do mês, recebe o salário e percebe que ganhou mais do que as contas que tem que pagar. É esse o prazer. O Brasil tem mais dinheiro do que deve. Portanto, eu e vocês, 190 milhões de brasileiros, conquistamos o direito de andar de cabeça erguida. Não de nariz empinado, não arrogante, mas de cabeça erguida, no mundo inteiro, dizendo: “Eu sou brasileiro e tenho orgulho de ser brasileiro, respeitamos e queremos ser respeitados”.


 



 Eu, quando vim aqui… vem cá, minha filha. Eu quando vi esta senhora aqui… Podem vir os três companheiros aqui. Quando eu via a Damiana, o Milton e o nosso companheiro, pequeno empresário o Osmar… Eu quero dizer a vocês o seguinte, meus companheiros, primeiro, para deixar claro para vocês que a gente sabe que um pequeno empresário, como este, participou de um processo de licitação, ganhou, porque ele acredita que o governo vai cumprir com as propostas que estão no projeto, mas ele sabe que vai correr atrás de banco, de financiamento, vai no Banco do Brasil, certamente, atrás de financiamento. E ele precisa fazer quase tudo por conta própria. O governo vai entregar para o empresário a água no portão da casa dele, a partir dali é dele. Este aqui não, este aqui nós vamos entregar o prato feito, porque ele é menor, tem menos possibilidade. E o que vai acontecer é que este aqui, na hora que der certo, vai poder comprar o produto deste aqui. E esta daqui, quem sabe, venda para este aqui. E, quem sabe… Ela está pedindo, porque ainda não tem luz na casa dela, vai chegar luz na casa dela. O Marcelo vai vir aqui apagar o candeeiro da sua casa para colocar uma luz elétrica na sua casa, porque nós queremos acabar com isso.


 



 Então, o fato deste projeto ser integrador… aqui está a cara da sociedade brasileira: aqui você tem uma mulher que não tem terra, portanto foi legalizada a casinha dela; aqui você tem um companheiro já mais ou menos preparado, que vai ter uma pequena propriedade de 10 hectares; e aqui você tem um empresário já bem-estruturado, quem sabe, bem formado. Engenheiro, não? Administração de empresas, tudo o que o mundo precisa é disso, que o cara vá administrar a sua própria empresa. Então, aqui está a cara da sociedade brasileira. Pode tirar fotografia, Stuckert, aqui está a parcela da sociedade brasileira. Esta é a cara da sociedade brasileira: você tem um empresário, você tem um pequeno e você tem uma excluída da sociedade, que nós estamos incluindo agora.


 



 Aí o Geddel me fala: “Presidente, eles estão precisando de uma casa de farinha”. Quanto é que custa uma casa de farinha? Eu não sei quanto custa. Mas, de qualquer forma, se estivessem pedindo uma usina hidrelétrica, se estivessem pedindo um navio, mas uma casa de farinha… É por isso que eu falo: não tem nada mais barato no mundo do que a gente governar para os pobres. Eles pedem muito pouco, eles querem muito pouco, eles não pedem o absurdo. E os nossos adversários vão ficando nervosos. Sabem por quê? A primeira escola técnica no Brasil foi feita em 1909, pelo presidente Nilo Peçanha, em Campos de Goitacazes, no Rio de Janeiro. De 1909 a 2003, todos os governos que passaram criaram 140 escolas técnicas, em 93 anos, 140 escolas técnicas. E nós, em 8 anos, vamos fazer 214 escolas técnicas. Ou seja, em oito anos, governador, vamos fazer mais do que foi feito, quase o dobro do que foi feito em 90 anos. E isso vale para a eletrificação rural, isso vale…


 



 O programa Luz Para Todos é (inaudível). Eu não sei se eu vou poder vir aqui, mas eu fui na Bahia inaugurar um programa Luz Para Todos. Cheguei numa casa, Geddel, duas mães solteiras, cada uma com três filhos, num quarto e cozinha escuro, as crianças com o caderno em cima de uma lata de Coca-Cola com pavio, um fumaceiro desgraçado. Aquelas crianças nem enxergavam direito aquilo. Na hora em que eu peguei o dedo da mulher, levei do lado de fora, apertei o botão da luz e acendi a luz, sabe o que aconteceu? Eu tirei ela do século XVIII e a trouxe para o século XXI, num passe de mágica. É como se ela tivesse entrado na máquina do tempo.


 



 É isso que, muitas vezes, revolta os nossos adversários. Por que eles não fizeram? Eles governam o Brasil desde que Cabral aqui chegou, desde que foi proclamada a República. Por que eles não fizeram isso? Sabem por quê? Porque durante muito tempo, neste País, os pobres eram utilizados como moeda eleitoral. Vocês já perceberam que é o único dia em que um bando de políticos trata o pobre igual ao rico? Porque na época da campanha, você não vê político falando mal de pobre. Político xinga banqueiro, político xinga empresário, político xinga todo mundo. Mas pobre é “meu queridinho” daqui e “meu queridinho” de lá. Aí, depois que ganha as eleições… É o único dia em que o pobre vira top model, vira a coisa mais importante, porque o voto dele vale igual ao voto do rico. Coloquem o presidente do banco mais importante do Brasil na fila dos eleitores, e coloquem esta companheira na fila dos eleitores, o voto dos dois vale a mesma coisa. Só que depois das eleições, alguns políticos só convidam os ricos para as suas festas e os pobres ficam esquecidos até as próximas eleições. É isso que mudou, no Brasil.


 



 E outra coisa que mudou no Brasil, que as pessoas vão ter que se acostumar, é o que eu tenho dito para as pessoas pobres, sobretudo para a juventude: eu não aceito a idéia de um jovem ficar desanimado, de um jovem dizer que não está mais interessado nas coisas, porque está tudo difícil. O jovem não tem o direito de ficar desestimulado. Eu digo para todo mundo: se eu saí de Pernambuco para não morrer de fome e virei presidente da República, qualquer um pode virar, é só acreditar, trabalhar, se preparar, se organizar, não tem barreira. E, sobretudo, porque somente no regime democrático é possível a gente disputar em igualdade de condições.


 



 Por isso, companheiros e companheiras, eu quero dizer para vocês: quando a gente tem, nos estados, governadores despojados de interesses pessoais, sem preconceito contra o presidente, e o presidente sem preconceito contra eles, fica tudo mais fácil. Trabalhar com um governador que é seu amigo, não seu amigo político, seu amigo no trato, na relação pessoal, é muito mais fácil. Quando a gente faz as coisas em conjunto, e ainda se a gente puder envolver as prefeituras, é muito melhor. Aí, todo mundo vira cúmplice das boas causas.
 Este projeto de irrigação é uma das meninas dos meus olhos. Nós temos vários outros para fazer aqui em Tocantins, na Bahia, em Pernambuco e em outros estados. Alguns pensam que reforma agrária é dar terra. Para nós, reforma agrária é, além de dar terra, torná-los produtivos e torná-los cidadãos. Só a terra, sem financiamento, sem assistência técnica, sem garantia de nada, é jogar o pobre no meio do mato para ele ficar plantando mandioca, colhendo aquelas mandioquinhas raquíticas, vagabundas, que não dão nada. Por quê? Porque não tem tecnologia. Então, nós queremos ver esse caboclo aqui colhendo mandiocas deste tamanho, colhendo mamona à vontade, colhendo abacaxi. Esta região aqui, Geddel, produz um dos melhores abacaxi do Brasil, é uma região boa para abacaxi. Tudo o que eu quero na vida é o seguinte: daqui a uns 10 anos, quando eu não for mais presidente, que eu vier para cá, eu vou passar na casa da dona Diamantina e vou passar na casa deste companheiro para saber se eles deram certo. Se não deram certo, eu vou puxar a orelha, e ser derem certo eu vou aproveitar e comer na casa deles.


 



 Gente, um grande abraço, que Deus abençoe a todos vocês e que Deus abençoe esta família.