Messias Pontes – Mais uma obra do grande guerreiro
Em 1976, em plena ditadura militar, o então deputado federal Antonio Paes de Andrade (MDB), lança o seu livro O Itinerário da Violência. Amanhã, 32 anos depois, Paes de Andrade lança O Itinerário da Paz. No lançamento daquele, o terror implant
Publicado 12/03/2008 10:21 | Editado 04/03/2020 16:36
A história do Ceará e do Brasil passa, obrigatoriamente, por Paes de Andrade, assim como passa por Padre Mororó, Pessoa Anta, Bárbara de Alencar, Antonio Conselheiro, Alencar Furtado (cearense eleito deputado federal pelo Paraná), dom Hélder Câmara, Jane Barroso, Bérgson Gurjão e muitos outros que nos deixaram um legado de honradez e coragem em várias frentes de luta por uma sociedade justa, igualitária e fraterna e por um Brasil livre e soberano.
Pertencente ao “Grupo Autêntico” do MDB, mesmo com a ameaça de ter o seu mandato cassado – seu sogro, José Martins Rodrigues, teve o mandato cassado em janeiro de 1969, pouco depois do famigerado AI-5 -, Paes de Andrade não se intimidou e nunca deixou de denunciar o arbítrio da ditadura militar tanto da tribuna da Câmara dos Deputados como em fóruns internacionais que participava.
As novas gerações precisam conhecer esse homem que permanece, depois de mais de meio século de vida pública, com as mãos limpas, como certa vez enfatizou Ulisses Guimarães, outro incansável lutador pela democracia em nosso País, líder da memorável campanha das Diretas Já, presidente nacional do PMDB, da Câmara dos Deputados e da Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988). Na Constituinte, Paes de Andrade votou sempre a favor dos direitos dos trabalhadores e da soberania nacional, sendo avaliado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) com a nota máxima.
Como presidente da Câmara Federal, Paes de Andrade foi o mais transparente possível, cumprindo à risca o seu regimento interno, e por isso mesmo cassou vários deputados que não compareciam às sessões. Como segundo homem na hierarquia da República (José Sarney assumiu a Presidência com a morte do presidente Tancredo Neves), Paes de Andrade assumiu 13 vezes a Chefia da Nação em decorrência de viagens do titular ao exterior. Na primeira vez, assinou a ordem de serviço para a construção do açude Castanhão.
Nas diversas vezes em que assumiu a presidência da República o ilustre cearense desapropriou, em todo o País, milhares de hectares de terra para efeito de reforma agrária, dando dignidade de vida e de trabalho a milhares de famílias de trabalhadores rurais sem terra. Também como presidente interino, Paes assinou decreto obrigando os bancos a depositarem o FGTS na conta do trabalhador em 48 horas, o que antes era feito em até 45 dias.
Paes de Andrade notabilizou-se também na luta contra o neoliberalismo dos tucanos e pefelistas, tendo o Coisa Ruim (FHC) à frente, e dentro do PMDB contra a banda podre do seu partido. Desde 1989 sempre apoiou a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1998, para evitar que o PMDB se jogasse nos braços do Coisa Ruim, defendeu ardorosamente candidatura própria a Presidente, insistindo com Itamar Franco e com Roberto Requião. Como não conseguiu, se engajou mais uma vez na candidatura de Lula com Leonel Brizola na vice. Antes, porém, lutou tenazmente contra a emenda da reeleição.
Amanhã é dia de abraçar esse grande guerreiro e prestigiar o lançamento de mais um livro seu.
Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/Ce