Premiê chinês culpa separatistas por distúrbios no Tibete
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, declarou nesta terça-feira (18) em Pequim que há muitas provas evidenciando que os distúrbios ocorridos recentemente em Lhasa, no Tibete, foram organizados, premeditados e planejados por pessoas ligadas ao separatis
Publicado 18/03/2008 14:37
Falando à imprensa na coletiva da 1ª sessão da 11ª Assembléia Popular Nacional (APN), Wen destacou que as confusões em Lhasa prejudicaram violentamente a ordem da sociedade tibetana e trouxeram grandes perdas de vida e riqueza do povo local.
“O acontecimento mostrou mais uma vez que a declaração do Dalai Lama de que 'não busca independência e procura diálogo pacífico' é totalmente mentirosa”, afirmou Wen.
O premiê disse também que o governo não só tem capacidade de manter a estabilidade no Tibete, como também está redobrando os esforços para apoiar o desenvolvimento econômico e o progresso social da região, a fim de melhorar as condições de vida do povo e proteger a cultura e o ambiente tibetanos.
Wen concluiu dizendo que se o Dalai Lama abandonar a defesa da independência e admitir que o Tibete é território inseparável da China, bem como a ilha de Taiwan, a porta para diálogo com ele estará sempre aberta.
Sabotagem
“Eles querem sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim”, reiterou Wen durante uma entrevista coletiva à imprensa estrangeira. Esta foi a primeira vez que o chefe de governo chinês falou sobre os atos de terrorismo que agitam o Tibete e os distritos tibetanos do oeste da China há quase uma semana.
Em relação ao apoio da Índia à questão, “apreciamos as medidas e a atitude tomadas pelo governo indiano frente às atividades separatistas estimuladas pelo Dalai Lama”, declarou Wen Jiabao. Os distúrbios em Lhasa deixaram 13 mortos nos últimas dias, de acordo com informações divulgadas pela mídia chinesa.
A China desmente as alegações do auto-intitulado “governo tibetano” no estrangeiro, de que as forças de segurança teriam atirado nos manifestantes, dentre eles muitos monges budistas, e que a violência acompanhada de incêndios e saques foi cometida por criminosos.
Ao tentar colher um depoimento sobre o suposto clima de terror que reinaria em Lhasa, a AFP acabou confirmando as informações divulgadas pelo governo chinês. A recepcionista de um hotel, entrevistada por telefone, descreveu um clima completamente diferente do alarmismo propalado pelos separatistas: “estou trabalhando, aqui a situação está calma, as pessoas andam nas ruas, preocupadas com seus afazeres”, disse.
Outros testemunhos obtidos pela AFP iam no mesmo sentido, mas Lhasa continuava fechada aos jornalistas. Mesmo assim, a agência corporativa continuou a sustentar a idéia de que “é impossível ter uma idéia precisa da situação na cidade”.