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Visita de Lula a Campo Grande alimenta esperança de mudanças

À espera de uma boa notícia para o bairro, a cidade, os trabalhadores, a saúde, educação ou mesmo para a economia, uma multidão de pessoas se aglomerou na manhã desta terça-feira na Vila Popular, bairro na saída para Aquidauana, para acompanhar a visita d

O palanque foi montado na rua José Pereira, cruzamento com a Avenida Rádio Maia. Às 9h30, uma hora e meia antes do início da solenidade, já havia uma fila de 300 metros, formada por pessoas que queriam entrar no local. Um grupo que não quis ficar na aglomeração e sob o sol parou embaixo de uma mangueira, na varanda de uma casa, acompanhando à distância.



O vendedor ambulante Gilsete Barbosa de Oliveira, que mora no bairro São Jorge da Lagoa, aproveitou a oportunidade para vender refrigerantes, cerveja e água. Ele conta que foi funcionário público até há oito anos, quando foi exonerado da função de guarda do prédio da Fundação de Cultura e passou a trabalhar com venda.



Oliveira deposita na visita de Lula a esperança de anúncios de melhoria nas áreas de saúde, segurança e educação. Cássia Cristina Chaves, moradora Vila Popular, estava exaltada pela presença do Lula “Ele vai anunciar o maior empreendimento de Campo Grande” comemorou. Para ela, a presença do presidente deve acelerar obras de drenagem do projeto Imbirussu.  “Há dois anos o bairro era só enchente. Aqui fica difícil de ver o Lula, mas dá pelo menos para ouvir”, diz.



Para ela, até as referências ao bairro devem mudar de “Popular da enchente” para “Popular do Lula”. Cássia foi ao local acompanhada da amiga Katiane da Silva Andrade e quatro crianças, sendo algumas de colo. Katiane também acredita que o bairro será outro depois da passagem de Lula. “Agora as obras do Imbirussu vão começar mesmo”, disse.



A dona de casa Marilza da Fonseca Moraes, que mora na Vila Popular, disse que precisava ver o presidente “pelo menos uma vez na vida”. E se disse confiante de que ele anunciaria algo importante para a comunidade local. O palanque foi montado próximo a escola municipal Frederico Soares, que está em aula, e do anexo da escola Carlos Vilhauva Cristaldo.



Os professores do anexo decidiram liberar os 150 alunos e acompanhar os alunos na cerimônia. A professora Vânia Silva, do 4º ano do Ensino Fundamental, admitiu que monitorar os alunos em meio a multidão não é tarefa fácil, mas considerou importante para eles participarem de um evento como esse. Além disso, destacou que a atividade terá uma avaliação depois, em sala de aula. Já os alunos falavam em expectativas de que o presidente pudesse anunciar melhoras para a escola em que estudam.



Movimentos



A visita de Lula também fez com que lideranças sindicais e representantes de movimentos fossem à Vila Popular. Silvério Calixto, presidente do Sindicato dos Servidores da Embrapa, cobriu o líder da nação de elogios. “Nunca se viu um presidente como esse, os outros não foram nada”. E arrematou que apesar dos vários escândalos a imagem do presidente não se abalou e ele “continuou de bem com o povo”.



Um grupo de cerca de 10 sem-terra ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), dos acampamentos Sucuri e Deus Proverá, ambos na saída para Sidrolândia, também se avolumaram à multidão. Severino Rodrigues da Silva ressaltou que foi ao local para “vieram prestigiar, homenagear o presidente e saber o que existe para nós”.



Mas a visita do presidente também estimulou reclamações. João Vasconcelos, do acampamento Deus Proverá, interveio enquanto o colega da CUT falava para reclamar que a reforma agrária “está parada há 8 meses” e dizer que a mudança de comando do Incra – passando de Luís Carlos Bonelli a Flodoaldo Alves – deve agravar esse processo.



Três agentes municipais de saúde reclamaram que foram ao evento “por livre e espontânea coação”. Eles disseram que foram orientados a estar presentes. Pelo menos 30 agentes estavam no local. Marcelo Cabrel, Ademilson da Silva e Ivan Zanette, que planejam fundar um sindicato para representar os interesses da categoria, aproveitaram para reclamar de sobrecarga de trabalhos e levaram um bilhete que pretendiam entregar ao presidente, relatando más condições salariais.



A Sanesul distribuiu 9.360 copos de água, em dois pontos. Até às 10 horas o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não havia registrado nenhum atendimento. A prefeitura colocou 11 ônibus para percorrer a cidade nos bairros para trazer pessoas para solenidade. Presidentes de associações de moradores organizaram caravanas. Pelo menos 300 pessoas foram transportadas ao local.



Fonte: Campo Grande News