Criança morre na epidemia de dengue que prefeito do Rio nega
O Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, confirmou nesta sexta-feira (21) a morte da menina Ana Clara Gonçalves, de sete meses, ontem; no atestado de óbito constava dengue como causa de morte terciária, sendo pneumonia a
Publicado 21/03/2008 20:12
“Nós não tivemos a confirmação, que é dada por um exame de sorologia para dengue ou teste rápido, mas o médico que atendeu à criança suspeitou que ela contraiu dengue devido ao número baixo de plaquetas”, explicou o chefe do plantão da emergência do Hospital Albert Schweitzer, Luiz Henrique Pereira.
O dobro dos casos de 2007
Só no município do Rio, de quarta parab quinta-feira, foram registrados 3.286 casos novos. As autoridades calculam que já foram registrados 35.902 casos de dengue nos primeiros meses de 2008, em todo o estado; deste total, 23.555 são na cidade do Rio. Os casos de dengue na capital fluminense cresceram mais de 100% em relação ao mesmo período em 2007, enquanto houve redução de 40% no restante do Brasil.
Na primeira quinzena de maio, o Hospital Albert Schweitzer atendeu a 495 pessoas com suspeita de dengue, e segundo o médico Luiz Henrique Pereira, as duas enfermarias reservadas para esses casos na unidade estão sempre lotadas.
O pronto atendimento e a emergência do hospital também estiveram lotados durante toda a tarde de hoje. A manicure Carla Rodrigues, de 32 anos, foi visitar a filha de 12 anos que está internada vítima de dengue, e disse que os casos só aumentam, principalmente em crianças. “Os médicos estão fazendo o que podem, mas eles não dão conta de atender a tanta gente. Só nesta semana três vizinhos meus pegaram dengue”, disse.
Para Cesar, epidemia só em Jacarepaguá
O prefeito carioca, Cesar Maia, voltou a negar nesta sexta-feira a existência de uma epidemia de dengue na cidade. Ele atribuiu o aumento dos casos a mudanças no regime de chuvas durante o verão, que prejudicaram as ações de combate ao mosquito transmissor da doença. “As mudanças no regime de chuvas neste verão dificultaram a ação dos governos e das pessoas”, disse Cesar nesta sexta-feira, em entrevista por e-mail à Agência Brasil.
Sempre negando a existência de uma epidemia de dengue no Rio, Cesar reconheceu que a situação é grave no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. “Houve uma contração em Jacarepaguá. Com os exames de fins de janeiro e fevereiro chegando, poderemos confirmar que sim, em Jacarepaguá”.
Segundo o prefeito, apesar do alto número de mortes causadas pela dengue até agora (oficialmente 30 mortos), neste mês nenhum óbito foi registrado nos hospitais do município. Mas afirmou que metade das mortes de pacientes de dengue na cidade ocorreram no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. A acusação contyra o hospital federal é uma farpa contra o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que insiste para que as autoridades municipais participem do esforço para deter a epidemia.
O Ministério da Saúde anunciou para a próxima segunda-feira a primeira reunião do gabinete de crise criado para combater a epidemia. Participam do encontro, que será realizado à tarde, na capital fluminense, o secretários nacionais de Atenção à Saúde, José Noronha, e de Vigilância Sanitária, Gerson Penna. Autoridades do governo estadual e da prefeitura devem participar. Pelo menos 900 agentes de saúde deverão ser contratados emergencialmente para atuar nas áreas mais críticas. As informações são da Agência Brasil.