Eliana Gomes saúda os 86 anos do PCdoB

Senhor presidente,

Sras. e srs. vereadores e vereadoras,

Parlamentares e dirigentes do PCdoB,

Companheiros, companheiras, amigos e amigas do partido, lideranças populares e partidárias, camaradas.

Amanhã, dia 25 de março de 2008, o Partido Comunista do Brasil – o PCdoB, do qual sou militante – completa 86 anos de lutas e conquistas. Foram muitas perdas, mas muito maiores foram as vitórias nas quase nove décadas de organização comunista no nosso país, sempre ao lado das causas mais justas e avançadas do povo brasileiro. Assim, somando coerência, amplitude e radicalidade na luta pelo socialismo, o PCdoB, o partido mais antigo do país, se consolida como participante e protagonista das lutas populares de quase todo o século XX e deste século XXI que o vê completar mais um ano de vida como um velho partido novo.

Não por acaso, o partido nasce no mesmo ano da também revolucionária Semana de Arte Moderna e do levante do Forte de Copacabana, um ano que marcará para sempre a história do Brasil. Lá começou a jornada heróica de muitas lutas, entre as quais cito a resistência antifascista e as mobilizações pela paz quando da Segunda Guerra Mundial; a participação na vitoriosa campanha ‘O Petróleo é Nosso’ que criou a nossa valiosa Petrobrás e garantiu o monopólio sobre esse estratégico recurso energético; a participação de primeira hora na União Nacional dos Estudantes, na União Brasileira de Estudantes Secundaristas, nos Centros Populares de Cultura da UNE; a resistência ao golpe militar de 1964 e suas graves conseqüências para a liberdade, a democracia e o progresso com participação popular; a defesa da anistia e da redemocratização do país; a campanha das ‘diretas já’; a participação ativa na Constituinte que garantiu importantes direitos para o povo na Constituição de 1988; o Fora Collor; a denúncia da face do capitaliso chamada de neoliberalismo e suas privatizações do patrimônio público; o combate a tentativa elitista de restringir a livre organização partidária; a firme oposição e denúncia da guerra imperial no Iraque; a defesa da unidade antiimperialista dos povos da América Latina e das reformas democráticas que o Brasil precisa, entre outras tantas em que o Partido Comunista esteve e está envolvido.

Desde o primeiro dia de sua existência organizando as lutas populares, a militância comunista foi vítima histórica da repressão, das perseguições, torturas e mortes que caem sobre aqueles e aquelas que ousam desafiar a mão de ferro da opressão e das ditaduras. A ilegalidade que acompanha boa parte da história do PCdoB é lembrança da tentativa reacionária de calar a vanguarda da classe operária, mas, ao contrário do que pretendiam os representantes da direita voraz, seu efeito foi o de fortalecer com mártires, heróis e heroínas a luta do povo, que se somam aos muitos heróis e heroínas de nosso país e nossa gente.

Como lembrança do combate pela liberdade ao longo da história do Partido Comunista, dedico este pronunciamento aos homens e mulheres que tombaram na guerrilha do Araguaia, entre eles e elas os cearenses Bergson Gurjão de Farias, Custódio Saraiva e Jana Barroso, e faço eco aos clamores para que aquele episódio seja totalmente esclarecido como parte da história da luta por liberdade e democracia no Brasil; sem esquecer dos muitos e muitas comunistas e combatentes de toda ordem, entre eles e elas muitos cearenses, que tiveram a liberdade privada, o corpo torturado e as vidas ceifados nos porões da ditadura.

Nossa história é também de inúmeras vitórias. Para representá-las cito os importantes avanços conquistados pelos comunistas em suas participações nas constituições brasileiras que tornaram lei a livre organização partidária, sindical e religiosa, o direito ao livre pensamento, o direito de greve, o combate a discriminação, a ação popular, a unidade sindical, o voto aos 16 anos a reforma urbana e outras tantas conquistas do povo escritas nas constituições estaduais e legislações municipais, como o direito a meia passagem ilimitada para os estudantes posto na Lei Orgânica de Fortaleza. Além destas, a intensa e histórica participação comunista em milhares de organizações do movimento popular tem garantido avanços importantes que se traduzem em melhores condições de vida para o povo e na combatividade de suas organizações.

Parte significativa das vitórias atuais do povo brasileiro foram fruto da participação dos partidos de esquerda nos governos do Presidente Lula, a quem o PCdoB apoiou em todas as campanhas desde a a histórica Frente Brasil Popular, ao lado do Partido dos Trabalhadores, do Partido Socialista Brasileiro, do Partido Democrático Trabalhista – ambos parceiros na frente de esquerda – e de outros importantes partidos como o PMDB, o PCdoB faz parte da base aliada do governo no congresso, dirige om Orlando Silva o Ministério dos Esportes e participa de outras tarefas no governo, sempre mobilizando para garantir o rumo do desenvolvimento com justiça social.

No Governo Lula, em novembro de 2006, um comunista assumiu a Presidência da República. A presidência interina por 24 horas de Aldo UNE e ex – coordenador geral da União da Juventude Socialista, levou consigo, simbolicamente, milhares de militantes comunistas que lutaram durante mais de oito décadas para fazer parte da vida institucional da nação. Foi em torno da campanha pela recondução de Aldo a presidência da Câmara dos Deputados que se formou a hoje consolidada Frente de Esquerda, onde PCdoB, PSB, PDT e outros partidos progressistas defendem unitariamente um programa de propostas, ações e reformas democráticas para que o Governo Lula seja impulsionador de um projeto de desenvolvimento soberano para o Brasil.

Dentre as reformas democráticas esta a necessidade da aprovação da emenda da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, de autoria do atual senador comunista cearense Inácio Arruda, proposta de todas as centrais sindicais, como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, e amplos setores da sociedade brasileira. Com essas propostas, comunistas do Brasil buscam, em conjunto com vários segmentos e partidos progressistas, as forças que compõe e apóiam o Governo Lula para a unidade com amplitude rumo a superação definitiva do neoliberalismo, o fortalecimento do estado nacional e o progresso social.

O dia de fundação do PCdoB é também o da libertação dos escravos e escravas no Ceará. Então, para comunistas e democratas cearenses, a data é de comemoração e lembrança daqueles e daquelas que trazem nas próprias vidas a libertação e a luta pela liberdade, dos que não têm nada a perder além dos próprios grilhões.

Desde que se organizou em terras alencarinas, o Partido Comunista criou raízes e laços com o povo cearense. A luta por melhores condições de vida e por justiça social, o firme combate as oligarquias e forças do atraso locais, a defesa do desenvolvimento e progresso encontraram solo fértil no cristalino do Ceará. No entanto, ainda hoje é grande o anticomunismo e as posturas de puro preconceito político e de classe. – quem não conhece a conversa dos comedores de criancinhas. A militância comunista cearense responde com participação histórica e crescente na vida, cultura e lutas do povo. Entre essas lutas estão a defesa do patrimônio e do povo cearense, da cultura, dos recursos naturais tão importantes para nossa gente.

Hoje o pcdob faz parte do governo Cid Gomes, com o médico, dirigente comunista e deputado estadual João Ananias como Secretário de Saúde e outros e outras militantes atuando em diversos setores governamentais para fazer fato o programa que elegeu, numa histórica aliança popular, Cid governador e Inácio senador. A eleição de Inácio Arruda para o Senado pelo voto dos cearenses levou os comunistas de volta ao Senado da República pela primeira vez depois de prestes. O povo do Ceará também elegeu com esmagadora votação para a câmara federal o comunista Chico Lopes, conta com Lula morais na assembléia legislativa, vários prefeitos e prefeitas, como Ritelza Cabral da histórica Aquiraz, vereadores e vereadoras e , principalmente, milhares de militantes espalhados onde houver luta  por todo o estado.

Tangidos e tangidas pela seca ou pela cerca em direção da capital, centenas de homens e mulheres tiveram contato com os ideais do PCdoB. Eu mesmo, uma fortalezense do Canindé, vim conhecer aqui as idéias comunistas. Fortaleza conhece há tempos a disposição para luta de nossa militância. As ruas e praças da cidade, como nos conta Alberto Galeno no livro “A Praça e o Povo”, desde a luta antifascista e pela paz na II Guerra conhece bem a combatividade comunista. De lá até os dias de hoje não há luta do povo da cidade onde não estejam as bandeiras vermelhas do PCdoB, dos embates com os integralistas as passeatas estudantis contra a ditadura, da passeata da panela vazia, as lutas por moradia e as memoráveis campanhas eleitorais. Nesta casa, destacados militantes comunistas exerceram mandatos – com destaque para os oito vereadores comunistas que atuaram aqui já em 1947 – e tiveram, como eu, oportunidade de trazer as causas do povo para a Câmara Municipal.  Porém, foram as galerias desta casa que mais receberam comunistas. Nelas, camaradas de ontem e de hoje ergueram os punhos em defesa de Fortaleza.

A mesma combatividade, ousadia e amplitude que marca o partido em sua história na cidade é que nos guia hoje. Com amplitude, participamos do governo de nossa companheira Luizianne Lins e nos dispomos a compor a unidade de forças dirigida pelos partidos de esquerda que vai impedir o retrocesso futuro das políticas públicas com o povo como prioridade que a cidade experimenta atualmente. Para ajudar a impulsionar o projeto democrático popular, o PCdoB se apresenta para o próximo pleito com cara própria e ousadia de quem pretende comemorar 87 anos com uma bancada mais numerosa nesta casa.

Por fim, a história dos comunistas e das comunistas do Brasil ainda vai ajudar a escrever muitos capítulos em defesa do socialismo, da justiça e da dignidade para Fortaleza, o Ceará e o Brasil. Nossas bandeiras encarnadas continuaram erguidas nas lutas do povo e honrarão nosso passado, nosso presente e nosso futuro.

Mais de 230 mil militantes espalhados pelo país são o fruto da árvore vermelha, como o cerne do pau-brasil, plantada por nove revolucionários no dia 25 de março de 1922.  Em sua memória, na memória dos homens e mulheres que dedicaram e dedicam suas vidas ao novo mundo que construímos dia a dia, concluo com uma frase do hino dos povos que inspira gerações de comunistas em todo mundo há 120 anos: ”sejamos nós que conquistemos a terra mãe livre e comum!”.

Parabéns, camaradas!
Viva o Partido Comunista do Brasil!