Teresina é a terceira cidade do Brasil em incidência de raios

Teresina, conhecida como Chapada do Corisco, é a terceira cidade do Brasil em incidência de raios, ficando atrás apenas de São Paulo e Belém. No período chuvoso, o problema se agrava e os prejuízos aumentam, inclusive com a morte de pessoas vítimas de des

A ação do raio é fulminante, ocorrendo em curtíssimo tempo e aleatoriamente, surgindo daí as dificuldades para se manter um laboratório específico de observação. Além de mortes, a ação e o efeito do raio causam incêndios em florestas, campos e prédios; destruição de estruturas e árvores; colapso na rede de energia elétrica, interferência na rádio transmissão; acidentes na aviação, em embarcações e torres e plataformas marítimas.



O meteorologista Mainar Medeiros, chefe da Gerência de Hidrometeorologia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) e mestre em Dinâmica e Sinótica da Atmosfera pela Universidade Federal da Paraíba, tem publicado vários trabalhos sobre raios e descargas atmosféricas, onde explica o fenômeno de maneira didática e faz recomendações para que as pessoas possam evitar e se proteger do perigo.



Ele explica que as descargas atmosféricas estão intimamente ligadas com as atividades de trovoadas que por si estão associadas com nuvens cumulonimbus, que são diferentes das outras nuvens, por ter maior extensão vertical (sua base está situada a 2km de altura do solo, enquanto o topo fica 18km acima) que geram chuvas fortes, trovões, raios e, ocasionalmente, granizos.



Isto acontece, quando o ar quente e úmido se eleva num ambiente instável, ocasionando o nascimento a uma trovoada. A causa necessária para iniciar o movimento de ar ascendente pode ser a desigualdade da superfície se aquecendo, o efeito do terreno, ou a ascensão do ar quente juntamente com a zona de frente. Uma região favorável para o desenvolvimento de trovoada é ocasionada por uma divergência em altos níveis, pois conseqüentemente haverá uma convergência em baixos níveis. Vários destes mecanismos normalmente trabalham juntos para gerarem trovoadas severas.



Há milhares de anos os raios são observados e estudados, mas apesar de todo o avanço tecnológico deste século, pouco progresso foi obtido no conhecimento do fenômeno. Ainda hoje persistem muitas dúvidas, entre elas, o mecanismo de carregamento de cargas positivas e negativas nas nuvens.



Segundo Mainar Medeiros, a ação do raio é fulminante, ocorrendo em curtíssimo tempo, daí a grande dificuldade de observação. Além do mais, raio ocorre aleatoriamente na superfície da Terra, sendo muito dispendioso manter um laboratório específico de observação, registro e captação do raio. “Este laboratório correria o risco de ficar sem funcionamento, com a possibilidade de, durante sua vida útil, nunca estudar um raio pelo simples fato de ali nunca ter caído um”.



Apesar de todos os esforços, não se consegue evitar que um raio caia sobre determinado prédio. No entanto, todos os cuidados são no sentido de disciplinar a sua queda, obrigando-o a seguir um caminho pré-determinado para a Terra, através do pára-raio e seus componentes.



O Raio – No trabalho Descargas atmosféricas, Medeiros esclarece que o raio sempre existiu, fazendo parte da própria evolução e formação da Terra. No início, há milhões de anos, no processo de resfriamento do planeta, tempestades violentas existiam em abundância. Com o resfriamento da Terra, as tempestades se estabilizaram, mantendo-se num equilíbrio natural. Hoje, devido principalmente à ação humana, alterações rápidas neste equilíbrio estão sendo observadas, podendo produzir modificações no conteúdo da bagagem histórica até então registradas, alterando os parâmetros empíricos nos estudos estatísticos dos raios.



Como a ação do raio é acompanhada pela luminosidade e trovoada, sua presença sempre foi respeitada e observada, tendo-se encontrado registros em 2000 a.C., na Mesopotâmia. Na antiguidade, o raio estava sempre associado a deuses e divindades, sendo fartamente apresentado na literatura grega de 700 a.C., onde os registros mitológicos mostram Zeus como sendo o deus do raio. Na mitologia chinesa, a deusa Tien Mu cuidava das trovoadas e Lien Tsu era o deus do trovão.



Com o decorrer dos anos, os registros de raios passaram a ser rotinas, sendo citados, inclusive, na Bíblia, e em outros documentos. Antigamente, os efeitos destrutivos dos raios eram associados às pedras incandescentes que violentamente caíam do céu na ponta do raio. Só no século XVIII começaram os pesquisadores a associar o raio aos fenômenos da descarga elétrica das cargas acumuladas nas nuvens. Deste modo, o arco elétrico associado à descarga explicou a luminosidade do raio, sendo o ruído (trovoada) produzido pelo rápido aquecimento e expansão súbita do ar.



Neste mesmo século, as experiências de Benjamin Franklin (1706-1790) e Romas mostraram através de uma pipa a existência de cargas elétricas nas nuvens. A experiência foi feita durante uma tempestade, onde uma pipa foi içada conectada a um fio condutor. Frankilin registrou que sentiu pequenas descargas elétricas intermitentes pelo seu corpo. Já o pesquisador russo G. W. Richman não teve a mesma sorte, pois ao repetir a experiência de Franklin, morreu fulminado pelo raio que caiu em sua pipa. Após este fato, vários pesquisadores amarravam balões e pipas a animais, como cavalos e ovelhas, para estudar o efeito e reação muscular devido ao raio.



Fonte: Ccom/Piauí