PCdoB quer política ambiental com desenvolvimento social
Por encarar a questão ambiental como essencial para o desenvolvimento nacional e a conquista do socialismo, o PCdoB realiza, dias 10 e 11 de abril, em Brasília, o seu primeiro seminário
Publicado 07/04/2008 20:18 Formulação de uma política ambiental O capitalismo e a crise ambiental Desenvolvimento com preservação Visão de partido Para saber como participar do seminário e ler o documento-base, clique aqui. De São Paulo,
“O 11º Congresso do PCdoB viu como indispensável incorporar às lutas atuais algumas bandeiras importantes que já fazem parte do nosso cotidiano, como a da igualdade de gênero, de raça e a própria questão do meio ambiente, que vem ganhando cada vez mais importância em todo o mundo. O partido considera que ela é parte importante da luta pelo socialismo do século 21. Por isso, chegamos à conclusão de que era necessário avançar na formulação de uma política ambiental para o PCdoB. Daí surgiu a idéia da realização do seminário com base num documento que está em discussão em todo Brasil. No seminário, vamos fechar o documento a ser encaminhado para o Comitê Central, para ser discutido e aprovado como política do PCdoB para a área ambiental”.
“O PCdoB compreende que a piora da crise ambiental decorre de fatores fundamentalmente sociais – e não técnicos – relacionados com o sistema capitalista e agravados na fase neoliberal, que aprofundou a exploração dos trabalhadores, a fragilização dos Estados nacionais e desencadeou uma série de problemas graves na área ambiental. Um avanço qualitativo para a superação de tal crise passa, na nossa opinião, pela construção de uma sociedade que não seja baseada no lucro, mas na construção de objetivos que digam respeito aos interesses da coletividade, ou seja, uma sociedade socialista. Nos dias de hoje, o projeto nacional de desenvolvimento, com distribuição de renda, valorização do trabalho, afirmação da democracia e da soberania nacional e defesa da cultura nacional deve incorporar com força a vertente ambiental. E essa luta deve se dar no sentido de avançar rumo ao socialismo no nosso país”.
Relação homem-natureza
“Historicamente, a questão ambiental – não o problema nos moldes em que é tratado hoje, mas a relação do homem com a natureza – já era colocada pelos clássicos do marxismo. Tanto Marx como Engels levantavam que o homem, como matéria racional, é parte integrante da natureza e por isso mesmo deveria preservá-la e transmiti-la às gerações futuras, inclusive, em melhores condições. Esses autores mostravam que o sistema capitalista levava à degradação do trabalhador e do meio ambiente. A União Soviética, dadas as suas particularidades e o enfrentamento do período de agressão da Segunda Guerra Mundial, centrou força no desenvolvimento, deixando um pouco de lado essa questão ambiental. Isso aconteceu, portanto, não só porque o meio ambiente não era uma questão presente naquela realidade, como também porque era necessário maior celeridade do processo de desenvolvimento das forças produtivas na URSS. De qualquer maneira, essa questão hoje se coloca num patamar elevado. Até pouco tempo, era discutida apenas a necessidade da preservação da vida dos animais, das plantas, do ecossistema etc. E hoje em dia está colocada também a própria sobrevivência da humanidade. Neste sentido, a questão ambiental passa a ser fundamental para o socialismo como parte integrante da luta maior pela construção de uma sociedade mais justa”.
O peso dos países desenvolvidos
“Um dos problemas mais sérios dentro desse tema – e que está entre as principais contribuições do Brasil para a emissão do dióxido de carbono – é o desmatamento. Temos acompanhado medidas do governo no sentido de combater, através de uma ação mais eficaz, a destruição particularmente da Amazônia. E não podemos aceitar o discurso dos países desenvolvidos. Eles querem que a questão ambiental seja tratada nas nações menos desenvolvidas da mesma forma como se trata nos países mais desenvolvidos. A verdade é que essa questão tem de ser colocada do ponto de vista das responsabilidades históricas e da dimensão da contribuição de cada um para a preservação ambiental ou para o agravamento da crise. Os países altamente desenvolvidos, que começaram seu processo de industrialização em 1750, são os grandes responsáveis pelo efeito estufa, particularmente os Estados Unidos, que mesmo sendo os maiores poluidores, não aceitaram assinar o protocolo de Kyoto. Então, é necessário colocarmos com muita firmeza essa questão da defesa do meio ambiente, só que nas condições concretas do Brasil”.
''O Brasil tem uma crise ambiental que precisa ser enfrentada, mas também passa por problemas sociais graves causados pelo grande desnível de renda. Então, é preciso desenvolvimento e geração de riqueza para que tais entraves sejam solucionados. Mas, é fundamental que haja uma combinação entre desenvolvimento e preservação ambiental. A tese do desenvolvimento a todo custo é inaceitável, assim como a visão de preservação ambiental que signifique a estagnação do país. Deva haver uma relação dialética entre desenvolvimento e meio ambiente''.
''É importante que os comitês estaduais se mobilizem, debatam esse documento, tragam suas contribuições. Não só as pessoas mais diretamente ligadas à questão ambiental, mas também os dirigentes partidários devem assumir essa questão como uma tarefa importante que o partido incorpora à sua luta maior pelo socialismo. O seminário visa a dar um salto de qualidade para a formulação de uma política ambiental com a cara do PCdoB''.
Priscila Lobregatte