Lula desafia: por que os países ricos não taxam o petróleo?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo (20) a tarifa imposta ao etanol brasileiro por países desenvolvidos. “Quando lançamos a proposta de produzir biodiesel no Brasil, eu imaginava que não iríamos ter muitos adversários no mundo de
Publicado 20/04/2008 19:02
“Eu não consigo entender por que os países ricos não falam mal do preço do petróleo. Quanto implica, no custo do alimento, um barril de petróleo a US$ 103? Por que os países ricos sobretaxam o etanol brasileiro e não taxam o petróleo?”
O presidente voltou a defender os biocombustíveis da acusação de que eles estariam provocando um aumento internacional nos preços. Após a cerimônia na Embrapa, Lula discursou na abertura da reunião especial da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Lula disse que “não há contradição entre a busca de fontes alternativas de energia e o desenvolvimento de padrões agrícolas que garantam a segurança alimentar”. “Este é um desafio que estamos enfrentando com êxito em nosso País”, disse Lula, segundo agência do governo.
Ele também críticou o “a tentação dos países ricos em acentuar suas práticas protecionistas”. “Os subsídios milionários pagos pelo Tesouro dos países ricos são como uma droga que entorpece e vicia seus próprios produtores, mas cujas maiores vítimas são os agricultores das nações mais pobres.”
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que também participou da abertura da reunião, disse que se o atual aumento no preço dos alimentos não for contido, a crise pode afetar o crescimento e a segurança do mundo, prejudicando o combate à pobreza. “Nós corremos o risco de voltar à estaca zero”, disse o secretário-geral em Gana durante a abertura.
“Assassinato em massa”
Em Viena, na Áustria, o relator especial da ONU para o direito ao alimento, Jean Ziegler, colocou mais pimenta na discussão e voltou a atacar a produção de etanol neste domingo, colocando numa mesma análise os biocombustíveis feitos a partir de milho e cana-de-açúcar.
Ele disse em entrevista ao jornal austríaco Kurier am Sonntag, que o ocidente é culpado pela “fome em massa”, devido ao crescimento dos biocombustíveis, à especulação no mercado de commodities e aos subsídios para exportação agrícola da União Européia.
Ziegler afirmou ainda que os mercados de commodities estão trazendo “terror” ao mundo e que a inflação do preço dos alimentos é o equivalente a um “silencioso assassinato em massa”.
Da redação, com informações da BBC