Renato Rabelo: visita à Ásia aprofunda relações entre partidos
Ao final da viagem realizada pela delegação do Partido Comunista do Brasil a três países da Ásia, o presidente Renato Rabelo relatou ao portal Vermelho, de forma resumida, suas principais impressões.
Por Pedro d
Publicado 14/05/2008 13:54
Num primeiro momento, a delegação composta pelo presidente Renato e os dirigentes do Comitê Central Carlos Diógenes (Patinhas), Andrea Diniz e Pedro de Oliveira, esteve na República Popular Democrática da Coréia, do dia 30 de abril até 4 de maio. Em seguida, os comunistas brasileiros passaram pela República Popular da China, apenas por um dia, sendo recebidos por autoridades chinesas, para fazer a conexão com o vôo da Air China que os levou até Hanói, na República Socialista do Vietnã, onde permaneceram por cinco dias, dois deles dedicados à visita da cosmopolita cidade de Ho Chi Minh, ex-Saigon, no sul do país.
Qual sua opinião sobre a primeira parte da visita da delegação do PCdoB, à República Popular Democrática da Coréia?
Esta visita política realizada nos marcos da cooperação entre partidos irmãos pela delegação do PCdoB à Ásia – a convite do Partido do Trabalho da Coréia e do Partido Comunista do Vietnã – permitiu maior elevação do conhecimento mútuo e tornou possível a nossa delegação entrar em contato com a realidade social e política de cada país visitado e compreender melhor suas particularidades e desafios na construção de uma nova sociedade.
Na Coréia, a delegação do PCdoB foi recebida no edifício da Assembléia Nacional pelo Presidente da República, Kim Yong Nam, que afirmou sua confiança nos seus grandes objetivos: reunificação pacífica da pátria, desnuclearização da península coreana e construção de uma sociedade socialista próspera e moderna. Enfatizou neste encontro estar certo de que a visita da delegação brasileira vai contribuir muito para estreitar as relações entre os dois partidos, países e povos. Destacou, também, que o PCdoB vem cumprindo um papel importante na abertura de um caminho progressista no governo democrático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, a delegação manteve duas produtivas reuniões com o Presidente da Assembléia Popular Suprema do povo coreano, membro do Bureau Político Nacional do Partido do Trabalho da Coréia, Choe Tae Bok, na sede do Departamento das Relações Internacionais, quando os dois partidos assinaram um acordo de cooperação ente o PCdoB e o PT da Coréia.
Durante os cinco dias de visita à pátria coreana, os brasileiros puderam entrar em contato com várias obras e instituições da sociedade socialista em Pyongyang, como o gigantesco complexo hidráulico do Mar Oeste, ao norte da capital, que permite hoje maiores facilidades para as operações no porto do rio Tekon, o fornecimento de água potável para toda a região, além de proporcionar um ambiente ecologicamente equilibrado para a criação de peixes neste rio que cruza a principal cidade do país. A delegação também visitou o maior hospital público e centro de pesquisa para a saúde da mulher, a escola nacional para os quadros do Partido do Trabalho, uma grande cooperativa agrícola, uma escola de ensino de arte e de esporte para crianças, vários museus dedicados à memória da luta popular pela libertação da Coréia, entre outras instituições.
A República Popular Democrática da Coréia, que atravessou longo período de luta pela sobrevivência e ainda vive uma situação de entrincheiramento e autodefesa, sobretudo diante do cerco e bloqueio perpetrado pelo imperialismo estadunidense ao norte da Coréia, começa nesses últimos três anos a dar passos mais seguros e exitosos no seu desenvolvimento apoiado nas suas próprias forças.
E durante a breve estadia na República Popular da China, foi possível visitar Pequim e promover conversações com as autoridades chinesas?
Sim, mantivemos uma troca de opiniões muito valiosa com o vice-ministro de Relações Internacionais do Partido Comunista da China, Liu Hong Cai, que historiou a aplicação da orientação de “Reforma e Abertura” na atualidade, analisada detidamente no 17º. Congresso do PCCh. Foi o balanço de 30 anos dessa política com que a China busca o seu próprio caminho para o crescimento econômico e a construção do socialismo com características chinesas. O grande esforço atual que o partido faz – segundo o vice-ministro– é de que este desenvolvimento seja equilibrado e harmônico, ampliando os direitos do povo chinês e preservando o meio ambiente. A tarefa mais imediata agora, disse Liu Hong Cai, é realizar com êxito o grande evento das Olimpíadas em Pequim, momento de congraçamento dos povos de todo o mundo. Outra questão bastante discutida neste encontro foi a crise global da economia norte-americana, a crise do choque de oferta de alimentos e de energia, além do impacto desta situação na economia do país.
Neste dia de clima ameno do início da primavera na China, a delegação brasileira também visitou a Exposição de Planejamento Urbano da capital e a famosa Praça de Tien An Amen, onde foi proclamada a República Popular em 1949, portanto há quase 60 anos, pelo então presidente Mao Tsé Tung A República Popular da China mantém seus altos índices de desenvolvimento, podendo-se constatar isso na nossa breve passagem por Pequim, onde se vê uma febril metrópole moderna, com grandes e amplas construções por toda cidade.
E sobre a última etapa da viagem na República Socialista do Vietnã, qual a sua opinião sobre os desafios que o governo e o PCV estão enfrentando na atualidade?
No Vietnã, a atividade da delegação do PCdoB foi muito intensa, abarcando as visitas à Hanói, à Baia de Ha Long e à cidade de Ho Chi Minh, no sul do país. Na capital, o partido foi recebido de forma calorosa na majestosa sede nacional do PCV pela principal autoridade da nação, o secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh. Ele recordou a importância do encontro realizado conosco logo após a sua chegada em Brasília, no início do ano passado. Ressaltou que a visita da delegação do PCdoB a Hanói eleva a relação de amizade e cooperação entre os dois partidos e os dois povos a um patamar superior. Discorreu sobre a experiência do PCV à frente da “renovação integral” da sociedade vietnamita e os novos desafios a serem enfrentados.
Na agenda de trabalho estabelecida mantivemos uma detida reunião de troca de idéias e opiniões acerca das experiências dos dois partidos, com os dirigentes do PCV, liderados por To Huy Rua, membro do secretariado do partido e presidente da Comissão de Educação e Propaganda e do Conselho Teórico do Comitê Central do PCV. Esse encontro demonstrou uma identidade de posições entre o PCdoB e o PCV sobre a luta pelo socialismo na época atual e os grandes acontecimentos do quadro internacional. O dirigente vietnamita discorreu sobre o modelo de socialismo defendido pelo partido vietnamita, o balanço dos 20 anos de aplicação da política de renovação, seu caminho e lições extraídas. Na cidade Ho Chi Minh, hoje o centro econômico do país, fomos recepcionados pelo secretário geral do PCV desta cidade, membro do Bureau Político Nacional, com o qual mantivemos frutífera conversação acerca dos desafios econômicos e sociais dessa megalópole de mais de oito milhões de habitantes.
Podemos constatar na prática nessa significativa visita a aplicação da política de renovação pregada pelo PCV, com suas metas de superar o subdesenvolvimento em 2010 e começar a construção de uma sociedade civilizada e moderna a partir de 2020. Nos impressionou o forte impulso e rapidez do desenvolvimento pelo qual o país está passando. Por toda a parte se nota uma atividade construtiva intensa, com edificação de grandes obras de infra-estrutura, construção de bairros inteiros, transformação por toda parte. A sua média de crescimento está em torno de 7,5% do PIB nos últimos anos. Neste momento, a Assembléia Nacional do Vietnã está reunida durante este mês para analisar o impacto da atual crise mundial na economia vietnamita — como o aumento da inflação e outros fenômenos típicos do crescimento acelerado — numa conjuntura de aumento dos preços dos alimentos e do petróleo.
As visitas que fizemos ao Mausoléu de Ho Chi Minh, aos túneis da batalha guerrilheira no estratégico distrito de Cu Chi, ao Museu da Guerra de Libertação, ao Palácio da Reunificação reavivaram-nos a memória das gigantescas batalhas travadas por esse bravo e inteligente povo, tendo à frente o Partido Comunista do Vietnã, derrotando duas poderosas potências imperialistas, reforçando a nossa convicção de que eles agora serão também capazes de alcançar os desafiantes objetivos almejados.
Nesta viagem, presidente Renato, foi possível um trabalho conjunto com as embaixadas do Brasil em cada um dos países pelos quais a delegação passou?
Sem dúvida este foi um aspecto importante desta viagem. Na República Popular Democrática da Coréia, o Brasil ainda não tem embaixada, mas o embaixador na República Popular da China, Luiz Augusto de Castro Neves, responde pela representação brasileira. Recentemente ele esteve em Pyongyang estreitando contatos e laços. Em Pequim, a reunião e recepção à delegação do PCdoB dada pelas autoridades chinesas foram acompanhadas e contaram com a participação ativa do embaixador Castro Neves. No Vietnã o embaixador João de Mendonça Lima Neto nos acompanhou nos encontros e visitas mais importantes, estabelecendo conosco uma identidade de posições acerca das possibilidades no aprofundamento das relações de amizade e cooperação em vários terrenos entre os dois países. Além disso, ele nos proporcionou em sua residência um encontro com professores e o reitor da Universidade de Hanói, e na cidade Ho Chi Minh encontro com vários brasileiros que trabalham em distintos setores, permitindo um mais amplo conhecimento da realidade atual do Vietnã.