CPI quer regulamentar preço dos insumos no RS
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Insumos instalada na tarde desta terça-feira (20) no Rio Grande do Sul pretende ir além da investigação sobre o reajuste dos preços dos insumos. Os deputados gaúchos querem sugerir mecanismos para regulamen
Publicado 24/05/2008 12:29 | Editado 04/03/2020 17:11
O presidente da CPI, Edson Brum (PMDB) afirma que a comissão irá investigar o aumento dos insumos, que de Maio de 2007 até o mesmo mês deste ano aumentaram em média 106%. Reajuste que o parlamentar julga descabido, já que neste período a inflação ficou em 4,5% e o dólar caiu 19%, contribuindo para a importação do produto.
“Tem que regular o mercado. Quando o arroz está com um preço muito alto, o Estado colocou o seu estoque regulador no mercado, para segurar o preço do produto. Por que não fazer a mesma coisa com o adubo? Como fazer? Através da Conab, do Ministério da Agricultura, tem maneiras. É o que queremos sugerir. Também vamos analisar os tributos. Se tem que dar incentivo, quem responde melhor na economia é a agricultura. Tem que dar incentivo barateando os insumos, os adubos”, argumenta.
Outro item a ser avaliado, afirma o deputado Edson Brum, é a tarifação da Marinha Mercante, um dos motivos que torna a importação pelo Porto de Rio Grande mais cara do que em outros portos europeus. Para isso, a CPI irá convidar representantes da indústria, comércio, técnicos, agricultores e entidades representativas.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) apóia a criação da CPI. O coordenador da Fetraf na região Sul, Ari Pertuzatti, espera que a partir do trabalho da comissão o governo tome medidas severas, como a redução dos impostos e o estímulo ao uso de insumos orgânicos e à pesquisa nacional, através da Embrapa, para criar adubos mais baratos.
Ele também defende a regulamentação do mercado a fim de pelo menos amenizar os prejuízos que a concentração traz aos agricultores. Atualmente, o país importa 80% dos insumos agrícolas que consome. Todos os químicos pertencem a apenas cinco multinacionais, entre elas Bunge e Cargill.
“Infelizmente, esse insumo agrícola nesse modelo implantado nesse país, está inviabilizando a agricultura familiar. Se hoje estivéssemos no mesmo patamar, quando o pacote do adubo era de R$ 35,00, muito mais agricultores poderiam estar plantando trigo. Não estão, porque se torna inviável pagar R$ 80,00, R$ 90,00, um saco de adubo”, afirma.
Na próxima segunda-feira, dia 26, a CPI realiza a primeira reunião para fechar um cronograma de trabalho. A comissão, que teve o apoio de todos os 54 deputados gaúchos, irá durar 120 dias.