Chico Lopes lamenta perda do escritor cearense José Alcides Pinto
O deputado federal Chico Lopes lamentou o falecimento, ocorrido esta segunda-feira, em Fortaleza, do romancista, poeta e professor José Alcides Pinto, aos 84 anos um dos maiores nomes da literatura cearense em todos os tempos.
Publicado 03/06/2008 10:15 | Editado 04/03/2020 16:36
Autor da “Trilogia da Maldição”, em que se destaca o romance “Os Verdes Abutres da Colina”, que foi indicado ao vestibular da Universidade Federal do Ceará, Alcides carregou a pecha de “autor maldito” por trabalhar recorrentemente com temas como o infortúnio, o sexo e a morte. Mas também escreveu versos plenos de lirismo e, no plano pessoal, foi reconhecido como um amigo dos mais queridos e como familiar extremamente amoroso e atento a suas irmãs, filhas e sobrinhas.
“É uma perda inestimável para a literatura cearense e do Brasil como um todo. José Alcides Pinto foi um grande escritor, inclusive abordando temas sociais em suas obras”, afirma o deputado federal Chico Lopes. “Queremos nos solidarizar com a família do escritor e com toda a comunidade literária cearense, pela partida deste grande nome, que ao lado de autores como Rachel de Queiroz e Arthur Eduardo Benevides, entre outros autores de destaque, ajudou a inserir o nome do Ceará no mapa da literatura brasileira”, acrescentou o parlamentar, adiantando que realizará pronunciamento da tribuna da Câmara dos Deputados, em homenagem ao romancista e poeta.
Atropelamento
Considerado por muitos o maior romancista cearense da contemporaneidade e autor de um dos livros mais marcantes da literatura erótica brasileira (“Relicário Pornô”), José Alcides Pinto faleceu às 12h50, em decorrência de politraumatismo, depois de permanecer por dois dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Mateus, em Fortaleza. Alcides foi internado no último sábado, após ser atropelado, nas proximidades de sua casa, no Centro de Fortaleza, por um motociclista em trafegando em alta velocidade.
Ironicamente, segundo a irmã mais nova do escritor, Maria da Conceição, José Alcides, nascido no município de Santana do Acaraú, foi colhido pela motocicleta quando saíra de casa para postar, nos correios, seus dois livros mais recentes, que seriam enviados a amigos do escritor. As obras, um livro de poesia e outro de pequenos trechos de prosa poética, tinham lançamento previsto para o próximo mês de agosto. Ambos os volumes foram lançados com o selo “Jamaica Editora”, homenagem do escritor a uma de suas filhas.
A perda do escritor José Alcides Pinto gerou comoção na comunidade cultural do Ceará, merecendo pronunciamento de autoridades do setor, como os secretários de Cultura do Governo do Estado, Auto Filho, e da Prefeitura de Fortaleza, Fátima Mesquita. Até o início da noite desta segunda-feira, a família do escritor não havia definido se o corpo de José Alcides, velado com honras na Academia Cearense de Letras, seria sepultado em Fortaleza ou em Santana do Acaraú.
Bibliografia básica
A obra de José Alcides Pinto é extensa, contando aproximadamente 50 títulos. Entre os principais se destacam “Manifesto Traído”, “O Dragão”, “Os Verdes Abutres da Colina”, “João Pinto de Maria: Biografia de um Louco”, “A Divina Relação do Corpo” e “O Amolador de Punhais” (romances); “O Criador de Demônios” (novela), “Editor de Insônia” (contos), “As Tágides”, “Relicário Pornô”, “Fúria”, “20 Sonetos de Amor Romântico e Outros Poemas” e “Guerreiros da Fome” (poesia); “Equinócio” (teatro) e “Política da Arte” – Volumes I e II (crítica literária).
Fonte: www.chicolopes.com.br