Consumado: Kassab e Alckmin saem rachados em SP

O jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (22) noticia que a ala pró-Kassab desistiu de tentar a coligação PSDB-DEM na eleição de outubro na capital paulista. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) disputará a reelei

Conforme Natalini, a desistência foi sob pressão. ''Houve um apelo do partido em nível nacional, de lideranças estaduais de vários locais e a bancada, embora tenha certeza de que a sua tese sairia vencedora, decidiu reconsiderar e não vamos concorrer'', afirmou o vereador, citado pelo jornal.

Serra ''cristianizará'' Alckmin

A desistência dos kassabistas do PSDB ocorreu ''a menos de 12 horas da convenção do PSDB'', noticia ainda o Estadão. E recorda que ''o acordo foi selado no mesmo dia em que o governador José Serra retornou a São Paulo de uma viagem ao exterior''.

Serra, considerado o padrinho da candidatura Kassab, desembarcou de uma viagem à Rússia. À noite, fez questão de aparecer ao lado de Alckmin, na hora de receber o príncipe herdeiro do trono do Japão, Naruhito, no Palácio dos Bandeirantes. No entanto, todos os observadores coincidem em prever que o governador ''cristianizará'' Alckmin e trabalhará por Kassab.

O verbo ''cristianizar'' consagrou-se na política brasileira durante a eleição de 1950, que levou Getúlio Vargas à Presidência. Referia-se à traição dos caciques do PSD ao candidato oficial da sigla, Cristiano Machado, que terminou em terceiro lugar na disputa, com 20% dos votos. Desde então, é usado para caracterizar a conduta de um grupo político que apóia formalmente um candidato mas nos bastidores pede votos para outro.

Feldman temia ''confronto físico''

Ao longo do dia, os ânimos estiveram acirrados no PSDB paulistano, com acusações de compra de votos de delegados. O O secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, outro tucano kassabista, chegou a exprimir o temor de um ''confronto físico'' na Convenção.

''Nós estávamos exagerando. Havia uma marcha da insensatez dos dois lados que poderia levar a um desastre na convenção'', afirmou Feldman. ''Nós faremos de tudo para que na convenção não haja qualquer tipo de confronto seja verbal, seja físico'', disse.

Pela manhã, Alckmin foi à convenção do seu principal aliado, o PTB, e disse que não temia o enfrentamento. ''Nós queremos que o partido fale para que amanhã (hoje) ninguém use mais nenhum argumento para contestar a candidatura própria. A disputa legitima o candidato'', disse o ex-governador, ainda sem saber que não haveria disputa na Convenção, marcada para começar às 9 horas.

Alckmin apontou, sem citar nomes, a ingerência de Kassab na disputa tucana. ''Certamente tem forças externas atuando, mas não tem problema. Quem decide pelo PSDB será o PSDB'', declarou.

O deputado estadual petebista Campos Machado, vice na chapa de Alckmin, foi mais agressivo em relação aos dissidentes do partido aliado. ''No PTB não há covarde nem traidor. Não faz como outros que rastejam como cobras. Aqui ninguém se vende'', provocou.

Além do PTB, o PSDC também aprovou neste sábado a coligação com os tucanos. Hoje será a vez do PHS e, no dia 29, do PSL.

Com a desistência da ala tucana que pretendia propor a coligação PSDB-DEM, consuma-se a cisão no bloco conservador que administra o governo paulista e a prefeitura paulistana. Kassab e Alckmin tendem a disputar a mesma faixa do eleitorado, para ver quem enfrentará no segundo turno a ex-ministra Marta Suplicy, do PT, fortalecida pelo apoio do Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PRB-PCdoB). O esforço dos dois será para manter a rivalidade dentro de limites que não impeçam a união de esforços no segundo turno, que todos consideram inevitável.

Da redação, com O Estado de S. Paulo