A violência policial como política de governo no RS
Integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado ouviram nesta terça-feira (24) as denúncias de uma repressão que já vem se tornando comum no Rio Grande do Sul. Sindicatos, movimentos sociais e inclusive cidadãos que não estão organizados em
Publicado 25/06/2008 10:54 | Editado 04/03/2020 17:11
Foram relatados casos de violência desde Setembro de 2005, quando o sindicalista Jair Antônio da Costa foi morto durante uma caminhada contra as demissões no setor calçadista no Vale dos Sinos. O trabalhador morreu asfixiado quando policiais tentavam algemá-lo por razões que até hoje não foram esclarecidas. Também foi descrito o protesto dos comerciários em Farroupilha, na Serra Gaúcha, contra o trabalho aos domingos, que foi finalizado pela polícia com bombas, balas de borracha e manifestantes detidos. Ainda estiveram presentes moradores de Viamão, que em 2006 foram duramente reprimidos por trancar o pedágio da RS-040 em protesto pelo fato de terem que pagar pedágio para entrarem na cidade em que moram.
A deputada estadual Stela Farias (PT) já fez um relatório e apresentou a entidades e organizações de direitos humanos sobre a atuação policial gaúcha. Ela avalia que não se trata de despreparo, mas sim de uma política de Estado que criminaliza qualquer manifestação.
“Está em curso no RS uma política de recrudescimento tal em relação aos direitos humanos que articula membros do Judiciário, do Ministério Público e o governo estadual na perspectiva e na lógica deles. Ou seja, defender o patrimônio privado, a lógica das grandes empresas e dos grandes monopólios e tudo o que vem contra isso é tratado como criminoso”, argumenta Stela.
Organizações camponesas também denunciaram a atuação truculenta da Brigada Militar. A novidade ficou por conta da divulgação do relatório do Ministério Público Estadual, que defende a dissolução do Movimento Sem Terra (MST). No entanto, o integrante da coordenação estadual do MST, Cedenir de Oliveira, afirma que o processo articulado entre Judiciário e Polícia prejudica a todas as organizações sociais.
“O nosso entendimento é de que aparece o MST como quem deve ser atacado explícito nesses documentos, mas nós entendemos que é uma ação para os demais movimentos sociais no RS. Aqui foi revelada essa articulação pra reprimir os movimentos que tentam contestar toda a ação que o capital vem fazendo aqui nesse Estado”, afirma.
Na parte da tarde, a diligência visitou o comandante-geral da Brigada Militar, Paulo Mendes, o secretário da Segurança Pública, José Francisco Mallmann, e o Procurador-Geral de Justiça, Mauro Henrique Renner. Todos os documentos e depoimentos recolhidos pela diligência serão apurados na comissão no Senado. Visitaram o Estado os senadores Paulo Paim (PT), José Nery (PSOL-PA) e Flavio Arns (PT-PR).