Eleições definem novos rumos do Cpers Sindicato

Mais de 85 mil professores e funcionários das escolas públicas gaúchas escolhem nesta quarta-feira (25) o grupo que irá dirigir o Cpers Sindicato nos próximos três anos. Quatro chapas concorrem ao pleito, que será fortemente marcado pela crítica às pol

A presidente do Cpers, Simone Goldschmidt, tenta a reeleição pela Chapa 2: Coerência e Compromisso com a Categoria. A gestão de Simone, que iniciou com uma greve geral em 2006 por reajuste salarial e mais investimento nas escolas públicas, ficou marcada pelo enfrentamento às políticas estaduais de corte de investimento e à municipalização das escolas, defendida pelo governo de Yeda Crusius. Uma das vitórias que a categoria obteve nesse período, afirma Simone, foi o congelamento dos contratos de gestão, sistema pelo qual a Secretaria Estadual de Educação avaliaria as escolas gaúchas, premiando com dinheiro as que tirassem as melhores notas. Outro ponto destacado é a preocupação da direção em se manter mais próxima dos 42 núcleos, realizando constantemente atividades no interior.


 


Para os próximos três anos, a sindicalista aponta que o desafio do sindicato, independentemente da chapa que vencer as eleições, será mobilizar ainda mais a sociedade em defesa da escola pública.  “Com certeza, o grande desafio de quem vencer a eleição no Cpers Sindicato é unificar a categoria, a sociedade e a comunidade escolar na defesa da educação, porque o atual governo tem firme propósito de destruir o que é público, entregando para a iniciativa privada, para as OSCIPS tanto a escola como a saúde e a segurança. A próxima direção do Cpers Sindicato deve continuar o trabalho da atual direção de fazer as denúncias e de conscientizar a sociedade da importância da defesa da escola pública”, afirma.


 


A atual vice-presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, defende a unificação da categoria. Ela ressalta que a Chapa 1: Novo Rumo – A categoria em Primeiro Lugar é plural, tem representantes da CUT, Conlutas, Intersindical e pessoas independentes. Rejane defende que o debate das centrais fique em segundo plano para que o sindicato tenha mais autonomia para fortalecer a categoria. No ano passado, a desfiliação do Cpers na CUT foi pauta do congresso do sindicato. A maioria pela manutenção da filiação.


 


“O nosso sindicato gastou uma energia muito grande no último período fazendo a disputa de visões partidárias e das centrais sindicais e não colocou a categoria em primeiro lugar. Nós achamos que a única forma de reencantar a nossa categoria para a luta é de fato fazendo com que o Cpers coloque a categoria em primeiro lugar, que una a categoria para que ela possa enfrentar o desmonte da escola pública e o ataque aos seus direitos”, diz.


 


Já Edi Ferigollo, diretora do 26º Núcleo do Cpers na região de Frederico Westphalen e candidata à presidente pela Chapa 3: CPERS Livre e Forte, defende que o sindicato deve se voltar mais à mobilização e valorização da categoria. A professora, que integra a oposição pelo Movimento Pó de Giz, defende que o sindicato seja desvinculado das centrais sindicais, pois assim evitaria qualquer tipo de interferência direta dos partidos políticos. Para ela, as últimas gestões do Cpers Sindicato têm se preocupado com as disputas partidárias, o que vem enfraquecendo a categoria e o poder de negociação com os governos.


 


“Interessa sim para eles é tirar governo e colocar governo. Isso está bem claro, nós não conseguimos avançar nas negociações. Há um marasmo. A gente não consegue nem sequer chegar à frente do Palácio [Piratini] e ser recebido. Por que? Porque a categoria não está junto conosco, a gente sabe. O professor e o funcionário não quer mais nos acompanhar, a diretoria está enfraquecida”, argumenta.


 


Alex Santos Saratt, candidato a presidente pela Chapa 4: Inovar é Preciso, também avalia que as últimas gestões do Cpers foram marcadas por disputas políticas que fragilizaram a categoria, afastaram os professores e funcionários da direção e levaram o sindicato ao isolamento. O professor, que integra a direção do sindicato na região de Taquara, defende uma prática sindical mais ampla e voltada à valorização da categoria. Como exemplo, Alex cita que o Cpers não conseguiu se mobilizar juntamente com outros sindicatos e com o movimento estudantil para denunciar o sucateamento da Uergs pelo governo de Yeda Crusius.


 


“Acredito que nós deveríamos ter tido uma postura menos acirrada nas disputas entre as correntes de pensamento e ter pautado melhor esse debate, ter produzido mais material, de forma que esse conteúdo das políticas educacionais da Yeda e da Mariza [secretária da Educação] aparecessem com mais clareza. Agora estamos aí diante de uma séria de mudanças sugeridas pela secretária, como plano de carreira, que precisaria de uma melhor intervenção do sindicato. Até para que a sociedade perceba que a luta não é meramente corporativa, ela está relacionada aos interesses da sociedade ao que tange a educação. A secretária tem dito que os estudantes gaúchos têm notas baixas por causa dos educadores, mas não diz que cortou em 30% as verbas, falta professores e funcionários, que temos um dos piores salários do país”, argumenta.


 


O Cpers Sindicato possui atualmente 85.421 sócios, o que o torna segundo maior sindicato de trabalhadores da América Latina. Em primeiro lugar está o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, que possui 240 mil sócios.