Moradores querem obras concluídas no Morro da Providência
A Justiça Eleitoral embargou, no dia 24, as obras do projeto Cimento Social, no Morro da Providência, Centro do Rio. Para o TRE/RJ, a obra tem cunho eleitoral. A Associação de Moradores do Morro da Providência criticou a suspensão da reforma das casas ben
Publicado 25/06/2008 18:41 | Editado 04/03/2020 17:05
Com essa decisão muitos moradores conviverão com a obra inacabada dentro da própria casa. Ao TRE, que classificou a obra como eleitoreira, cabe apurar e punir os envolvidos, sem que isso prejudique a população. Para a pré-candidata à prefeitura do Rio, Jandira Feghali, a obra deve ser concluída, pois nela “há dinheiro público e a sociedade não pode ficar no prejuízo”.
A aposentada Valmira Guimarães Atala, 60 anos, é uma delas. A casa onde mora começou a ser reformada no dia 23. Hoje, tem no centro da sala um monte de cimento, utilizado na reforma nas paredes e no telhado. Sem dinheiro para concluir a reforma, ela não sabe o que fazer com o material espalhado pela casa.
Pessoas que trabalhavam na obra também criticaram a suspensão do serviço. O embargo do TRE deixará 150 trabalhadores, com carteira assinada, desempregados, a maioria moradores da comunidade, o que vai afetar a vida de muitas famílias.
O encarregado da obra, Alex Oliveira dos Santos, criticou a provável demissão dos operários, em conseqüência da decisão do TRE. “Um trabalhador sustenta uma família com três ou quatro pessoas. Ao total, cerca de 600 pessoas são beneficiadas por essa obra. Sem trabalho, como essas famílias vão viver? Parece que querem que o morador do morro vire mesmo marginal”, disse Santos.
Saída do Exército
A saída do Exército do morro foi determinada pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim, que estava no Rio. “Sem a realização das obras, não há motivos para a permanência das tropas na comunidade, já que elas estavam lá apenas para garantir a segurança dos operários”, explicou Jobim. Antes de repassar a ordem aos oficiais do Exército, o ministro esteve no Tribunal Regional Federal (TRF), onde deu entrada em petição pedindo autorização para retirar as tropas da favela.
O pedido foi prontamente atendido pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF), desembargador federal Castro Aguiar. O ministro, no entanto, não quis comentar a decisão da Justiça Eleitoral que determinou a paralisação das obras do projeto Cimento Social.