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Trabalhadores de SC: agricultores pagam para produzir

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina(Fetaesc) e os sindicatos a ela filiados realizaram na última sexta-feira (20), a partir das 9 horas, um ato público na Praça Central da cidade de São Miguel do Oeste. A manifestaç

A terra faz o milagre da multiplicação das sementes, mas os agricultores são obrigados a fazer o milagre da multiplicação do pouco dinheiro que dispõem para a compra de insumos.


 


Desequilíbrio e inflação


 


O preço dos insumos teve uma alta de até 130%, fazendo com que os agricultores praticamente paguem para produzir. Na última safra o aumento nos custos para o plantio do milho foi de 30% e da soja, 25%. Em maio de 2007, era preciso 3,3 sacas de milho para comprar uma saca de adubo. Já em 2008, são necessárias 7,2 sacas de milho. O aumento nos custos de produção dos grãos, responsáveis por 90%  da ração animal, elevará o preço final das carnes, leite e outros alimentos para os consumidores, provocando desequilíbrio econômico e o aumento dos índices inflacionários.


 


De acordo com a assessoria de imprensa da Fetaesc, a edição da Medida Provisória (MP) 432 não resolve a situação do trabalhador do campo, pois dados fornecidos pela Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), indicam que apenas 3% dos agricultores familiares serão beneficiados  pela MP. Os demais continuarão sendo penalizados.


 


Os agricultores reivindicam uma política agrícola que atenda às necessidades da categoria e a inclusão dos adimplentes na negociação da MP 432. Para evitar a crise nos alimentos, deve-se pensar na viabilização de sua produção, visando diminuir os impactos na alta nos preços.


 


Habitação


 


Outra luta dos trabalhadores é por credito para habitação. Eles exigem do governo agilidade no processo de liberação, que em 2007 e 2008 ficou estagnado,  congelando 3 mil projetos nas agências da Caixa Econômica Federal.


 


O crédito fundiário é outro impasse. A política social conquistada pelo movimento sindical atualmente está parada. Além do processo altamente burocrático, os agricultores que foram selecionados e cadastrados aguardam há mais de dois anos pela compra e venda de terras. A categoria entende que o governo do estado não oferece estrutura necessária ao projeto e que as exigências do Banco do Brasil  são exacerbadas, dificultando o processo de tramitação do crédito.


 


O quadro do homem do campo


 


Quando se fala em alta dos preços e seu impacto na economia e na produção de alimentos, muitas vezes se esquece dos trabalhadores do campo e dos seus direitos. O direito à produção com preços justos, o direito à moradia e aos benefícios sociais.


 


Como manter os trabalhadores em seu meio se existe uma clara ineficiência em relação à efetivação de políticas públicas geradoras de qualidade de vida e bem estar para as pessoas que vivem da atividade agrícola.


 


Há uma frustração quanto às promessas feitas pelos governos. Não raro, quando existe algum projeto ou política social   não se consegue ultrapassar a barreira da burocracia do sistema.  A marginalização e exclusão a que são expostos os trabalhadores do campo os obrigam a venderem suas terras e a migrarem, com suas famílias, para as periferias das cidades.


 


Para reverter esse quadro é necessária  a  implementação urgente de medidas que regulem preços e liberem benefícios, eliminando exigências desnecessárias e incabíveis, visando valorizar o trabalho do homem do campo.


 


* Hilário Gottselig é Presidente da Fetaesc, que representa 186 mil famílias de agricultores de Santa Catarina