Em entrevista a PHA, Jô Moraes fala da disputa em BH

Uma pesquisa do Instituto CP2/Data Tempo, realizada entre os dias 21 e 23 de junho em Belo Horizonte, revela que a candidata do PCdoB, a deputada federal Jô Moraes, lidera as intenções de votos para a prefeitura da capital mineira, com 20%. Em seguida

A deputada Jô Moraes disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quarta-feira (2), que as pesquisas refletem uma situação de momento. Mas ela acha que o eleitor de Belo Horizonte “estranha” a aliança PT/PSDB.



“Há um sentimento na cidade de estranhamento na aliança entre contrários. Durante 15 anos os dois partidos se fizeram oposição. E Belo Horizonte tem essa busca de independência, de autonomia”, disse Jô Moraes.



Jô Moraes será candidata pela coligação PCdoB/PRB e terá quatro minutos por dia na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Já Márcio Lacerda terá 24 minutos por dia de propaganda eleitoral no rádio e na TV.



“Por isso que nós já estamos fazendo um apelo, lançamos a campanha “nossa TV é você”, porque o candidato oficial tem seis vezes mais de tempo de televisão do que a nossa candidatura”, disse Jô Moraes.



Leia a íntegra da entrevista com a deputada Jô Moraes:



Paulo Henrique Amorim – Segundo pesquisa realizada pelo Instituto CP2/Data Tempo, entre os dias 21 e 23 de junho em Belo Horizonte, isso é uma notícia que eu leio no site Vermelho, que é o portal na internet do PCdoB, a deputada federal Jô Moraes, do PCdoB, tem 20% do eleitor para a prefeitura de Belo Horizonte contra 12% de Leonardo Quintão, do PMDB. E Márcio Lacerda, que é apoiado pelo governador Aécio Neves e pelo atual prefeito Fernando Pimentel tem 5% das preferências. Deputada Jô Moraes, a senhora vai bem?


Jô Moraes – Estamos enfrentando essa dupla função de ser deputada e de ser candidata a prefeita. Mas é o equilíbrio, que exige da gente muita energia.


 


Deputada, deixa eu lhe perguntar: a que a senhora atribui esse resultado surpreendente, agora no fim de junho, diante da maciça divulgação do nome de Márcio Lacerda como sendo o candidato de Aécio Neves, Fernando Pimentel e até do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva?



Jô Moraes – Eu diria que toda pesquisa é um quadro do momento, nós temos certeza disso. Mas eu tenho uma vida política ligada à cidade de Belo Horizonte. Fui vereadora, deputada estadual e agora federal com base lá. E há também, além dessa relação com a cidade que sempre eu tive nos movimentos sociais, particularmente nos movimentos de mulheres, há um sentimento na cidade de estranhamento na aliança entre contrários. Durante 15 anos os dois partidos se fizeram oposição. E Belo Horizonte tem essa busca de independência, de autonomia. Eu acredito que esses dois fatores contribuíram para esse último período me dar essa visibilidade. Evidentemente, apenas nesse momento, sabemos que a batalha é grande.



Qual é a coligação que sustenta a senhora, ou seja, quantos minutos de televisão a senhora vai ter?


Jô Moraes – A coligação é PCdoB/PRB, o partido ao qual é filiado o vice-presidente José Alencar, que nesse período teve intervenções e opiniões. E eu disporei, por bloco, de dois minutos e cinco segundos. Por isso que nós já estamos fazendo um apelo, lançamos a campanha “nossa TV é você”, porque o candidato oficial tem seis vezes mais de tempo de televisão do que a nossa candidatura.



Quer dizer que o Márcio Lacerda tem 12 minutos?


Jô Moraes – Por bloco, 24 (minutos) por dia.



Então a senhora tem quatro (minutos) por dia?


Jô Moraes – É, eu tenho quatro (minutos) por dia e ele 24 (minutos). Nós temos uma absoluta desigualdade. Mas, como eu disse na minha convenção, é uma verdadeira luta de David contra Golias. E isso anima, entusiasma.



A sua previsão é de que na reta final dessa corrida a senhora pode vir a disputar com o Leonardo Quintão, do PMDB, ou com o Márcio Lacerda?


Jô Moraes – Com toda certeza com o Márcio Lacerda. É evidente que nos processos eleitoras as máquinas administrativas jogam um papel muito grande, além do apoio e da popularidade que o governador e o prefeito têm na cidade. Evidentemente que isso não interfere, porque nem sempre se consegue transferir para outra pessoa a confiança que cada um tem. Mas eu acredito que a lógica do processo político-eleitoral será a nossa disputa, a nossa candidatura em disputa com o candidato oficial.



E qual é a principal bandeira da sua candidatura?


Jô Moraes – Olha, eu reafirmo a opção pela construção de um projeto administrativo, democrático e popular. Hoje no Brasil existem duas formas de governar as cidades, os estados e o país. Tem recentes experiências de apenas 15 anos de administrações com inversões de prioridades, com universalização de serviços e com gestão democrática. E a outra forma, que é um legado anterior do estado mínimo do choque de gestão que significa corte nos gastos públicos e significa cerceamento nos serviços públicos, no pouco diálogo com a sociedade, de uma visão em que a tecnocracia estatal joga mais papel do que a participação da sociedade. Então, essa reafirmação da administração democrática e popular, mas dentro disso nós temos um foco muito grande que é: com o crescimento da violência, uma das preocupações, nós temos que estar muito voltados para ter um projeto que incorpore a juventude. Então, para isso tem o centro da escola integral, tem o centro da criação de núcleos onde a juventude possa se incorporar nas atividades de cultura e esporte. É preciso disputar a juventude com o crime organizado. Essa vai ser uma das prioridades, porque todo o meu mandato teve muito vínculo com a juventude, que sofre hoje a situação de chegar em 2006 a ter 711 jovens assassinados em Belo Horizonte. Além disso, tem outros aspectos de serviços públicos.


 


Fonte: Conversa Afiada