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Organizações denunciam caráter neoliberal de Tratado europeu

A atual construção européia é cada vez menos social e cada vez mais orientada aos mercados e á livre competição, denunciou a presidente da organização ATTAC, Aureli Trouvé, citada nesta quarta-feira (2) pela mídia de Berlim.

“O Tratado de Lisboa, assinado em dezembro último pelos 27 membros da União Européia, regula as políticas econômicas, financeiras e tributárias, mas questões sociais, como os níveis salariais e o mercado de trabalho são ignoradas”, assinalou Aureli.



“A proteção aos direitos sociais é secundária no tal documento” advertiu a dirigente da ATTAC em entrevista exibida pela emissora alemã de televisão Deutsche Welle.



Além disso, pediu que seja respeitada a decisão da maioria dos irlandeses de recheçar o mencionado acordo, substituto do fracassado tratado constitucional europeu, o qual também naufragou, após a vitória do “não” nas consultas realizadas na França e na Holanda, em 2005.



“Tais resultados confirmam a fenda democrática existente entre a população e os responsáveis pela construção européia”, sublinhou a dirigente da ATTAC, principal promotora da campanha do “não” na consulta efetuada em 12 de junho, na Irlanda.



A esse respeito, lemboru que há três anos os franceses denunciaram com seu voto no referendo o projeto neoliberal e se pronunciaram por uma Europa social, ecológica e democrática.



A mídia local comenta que o Tratado de Lisboa excluiu exigências defendidas no debate para o projeto anterior de constituição, como os serviços públicos, a igualdade entre gêneros, o laicismo, a conservação do meio ambiente e a Europa social, entre outros temas.



Para a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, prevista para o dia 1.º de janeiro de 2009, o documento deve ser ratificado pelos 27 membros da União Européia. Além do repúdio popular irlandês, os presidentes da Polônia e Alemanha se abstiveram ontem de apoiar o Tratado.



A ATTAC, fundada na França há 10 anos para vigiar as transnacionais dos mercados financeiros, se converteu em bandeira de um amplo movimento social que incomoda as grandes multinacionais e, inclusive, os governos europeus.