Investigação sobre a morte de Jango aponta indícios de assassinato premeditado
A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, aprovou nesta quarta-feira (16), por unanimidade, o relatório final da Subcomissão de Investigação sobre as Circunstâncias da Morte de João Goulart, em 1976, na Argentina. O documento segue agora para ser apr
Publicado 17/07/2008 10:03 | Editado 04/03/2020 17:11
De acordo com o coordenador e relator da subcomissão, deputado Adroaldo Loureiro (PDT), são fortes os indícios de que Jango tenha sido assassinado de forma premeditada, com o conhecimento do governo Geisel. “Comprovou-se a articulação entre as forças armadas e os serviços secretos e de inteligência dos governos brasileiro, uruguaio e argentino, mesmo antes da denominada Operação Condor. O DOPS de São Paulo atuava impunemente em território uruguaio, monitorando os brasileiros exilados, seja diretamente, seja por meio de agentes infiltrados, ou por comprovada parceria com os serviços secreto (GAMMA) e de inteligência (DNI) uruguaios”, destacou Loureiro.
Ele disse, ainda, que a Operação Escorpião deve ser analisada no marco da cooperação entre os serviços secretos uruguaio e argentino, que levaram ao assassinato do senador Zelmar Michelini e do ex-presidente da Câmara dos Deputados Héctor Ruiz, amigos de Jango e seqüestrados no hotel Liberty. “O carro de Jango estava à disposição de Michelini no dia do seqüestro. Um agente secreto argentino, conhecido com o codinome de ¨Héctor Rodríguez¨, infiltrado no hotel por solicitação do governo uruguaio, não somente colocou pontos de escuta para a monitoração de Michelini e outros uruguaios exilados, mas também teria trocado os frascos de medicamentos de Jango na gerência do hotel Liberty. Há também fortes indícios de relacionamento com o caso do assassinato da senhora Cecilia Fontana de Heber, esposa do senador Heber, supostamente envenenada pelo agente secreto e médico legista uruguaio Carlos Milies Goluboff”, revelou.
Além de Marquinho Lang e Adroaldo Loureiro, participaram da reunião da CCDH os deputados Carlos Gomes (PPS), Cassiá Carpes (PTB), Edson Brum (PMDB), Marco Peixoto (PP), Marisa Formolo (PT), Paulo Brum (PSDB), Pedro Wetsphalen (PP), Zilá Breitenbach (PSDB), Alexandre Postal (PMDB) e Rossano Gonçalves (PDT).
Algumas recomendações do Relatório Final
Brasil
Solicitar informações sobre o médico Guilherme Romano, suposto agente do SIGMA, coronel do Centro de Informações da Aeronáutica, vinculado ao general Burnier, com suposta especialidade de oftalmologia/infectologia. Romando participou de reuniões de trabalho com o médico uruguaio Carlos Milies Goluboff, para preparação do composto químico que teria matado o ex-presidente Goulart;
Solicitar depoimento do coronel-aviador Ferdinando Muniz, conhecido como “Comandante Calixto” (caso esteja vivo) sobre viagens de Fleury ao Uruguai e trabalho prestado ao SIGMA;
Investigar as causas da morte do suposto agente do SNI “Amôndio do Amaral”, em São Borja. Ele teria sido assassinado pelo serviço secreto uruguaio por alertar Jango sobre o perigo de uma conspiração para assassiná-lo;
Investigar o papel do então integrante do DOPS, Romeu Tuma, hoje senador da República, na investigação dos passos de Jango na França.
Uruguai
Solicitar às autoridades uruguaias informações sobre o monitoramento de João Goulart, especialmente: funcionamento do Grupo GAMMA e da DNII e monitoramento do ex-presidente na França e no Reino Unido, em setembro de 1976.
Argentina
Solicitar ao governo argentino informações sobre monitoramento de João Goulart e sobre os serviços secretos daquele país e, também, uruguaio e brasileiro, especialmente no ano de 1976;
Estados Unidos
Solicitar às autoridades norte-americanas a desclassificação da informação sobre o monitoramento de João Goulart no Uruguai, e na Argentina;
Informações sobre a verdadeira identidade de “Good Teacher” e os cursos ministrado no Brasil por seus adidos civis e militares entre 1963 e 1985.
Roberta Amaral – Agência de Notícias Alergs