Messias Pontes: Um caminho sem volta

Embasado em fatos novos, o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, ordenou o retorno do megaguabiru Daniel Dantas à carceragem da Polícia Federal em São Paulo. Isto depois do orelhudo ser beneficiado por um habeas corpus concedido pelo

Os fatos novos foram vistos por todos, já que mostrados, mesmo a contragosto pela mídia conservadora, venal e golpista. Só Gilmar Mendes não viu. Será que ele está cego e surdo?


 


Alegando não ter visto nenhum fato novo, Gilmar Mendes, irado, concedeu novo habeas corpus a Daniel Dantas e ainda alegou que foi desrespeitado pelo juiz De Sanctis por este ter ordenado nova prisão para o chefe da poderosa quadrilha acusado de vários crimes, entre eles formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e espionagem.


 


A dinheirama apreendida pela Polícia Federal em poder da dupla Humberto Rocha e Hugo Chicaroni, principais cúmplices do orelhudo, para subornar o delegado federal Victor Hugo Alves que preside a Operação Satiagraha, para que este retirasse o nome de Daniel Dantas, sua irmã Verônica e o sócio e ex-cunhado Carlos Rodenburg, e ainda incriminasse  Luis Roberto Demarco, ex-sócio e inimigo do dono do Banco Opportunity, só não foi visto pelo presidente do STF.


 


A declaração do professor Hugo Chicaroni à Polícia Federal, segundo a qual “o problema para nós está na primeira instância, já que no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal a gente tem vida fácil”, ainda não chegou aos ouvidos do ministro Gilmar Mendes. E, se chegou, para ele isto não representa fato novo, como também não é fato novo a promessa de doação de US$1 milhão – isto mesmo, um milhão de dólares – para o delegado Victo Hugo. Chicaroni deu detalhes da tentativa de suborno a mando de Daniel Dantas.


 


Diante da repercussão negativa da posição adotada pelo ministro, ganha corpo em todo o País um movimento pelo impeachment de Gilmar Mendes. Abaixo-assinado neste sentido circula pela Internet. O impeachment é defendido por jornalistas sérios, como Mauro Santayana, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif e muitos outros, bem como por juristas os mais respeitados como professor Dalmo Dallari. O próprio Ministro Celso Melo, decano do STF, admite que pode haver impeachment para ministros da mais alta Corte do País.


 


Diz a sabedoria popular que “água de serra abaixo, fogo de serra acima e povo na rua não tem quem segure”. E se o povo resolver ir às ruas como fez em 1992, pedindo o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, o ministro Gilmar Mendes que se cuide, pois isto é um caminho sem volta.


 


O povo brasileiro está cansado de ver a Polícia Militar quase que diariamente matar pessoas inocentes, todas indefesas. Nem crianças escapam. Está cansado também de ver só gente pobre algemada quando comete algum delito. Por isso não aceita que as elites tentem impedir que bandido de colarinho branco seja algemado. Aliás, essa questão de algemas está sendo levantado para desviar a atenção para os motivos que levaram agentes da Polícia Federal a algemar os megaguabirus Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta.


 


A grande mídia conservadora, venal e golpista procura omitir o passado de Gilmar Mendes. Mas através da Internet os blogueiros vêm informando que Gilmar Mendes era comprometido com o governo Collor – a quem serviu na Secretaria da Presidência até o então presidente ser escorraçado em 2002-, e com o desgoverno do Coisa Ruim (1995 a 2002), de quem foi Advogado Geral da União, e recomendava não acatar decisões judiciais.


 


Quando foi indicado pelo Coisa Ruim para o STF, Mendes respondia por improbidade administrativa. Advogados, jornalistas, magistrados e membros do Ministério Público questionaram essa malfadada indicação. No Senado, nada menos de 15 senadores votaram contra a indicação de Gilmar Mendes por entender que ele não estava à altura de integrar a mais alta Corte da Justiça do País. Porém o rolo compressor tucano-pefelista garantiu a indicação.


 


Manifestações em favor do impeachment do presidente do STF estão sendo programadas em vários estados. Em Brasília será depois de amanhã, às 10 horas, em frente ao STF; em Porto Alegre será no sábado, às 11 horas, no Monumento do Expedicionário. Procuradores regionais da República de vários estados já redigiram uma representação contra Gilmar Mendes por “crime de responsabilidade” segundo divulgou o site Terra Magazine.


 


É imperioso que toda a nação se mobilize, pois o poder da quadrilha de Daniel Dantas parece ser ilimitado. Seus tentáculos estão conseguindo penetrar até mesmo no Poder Executivo. Para surpresa e decepção dos que lutam contra a corrupção, até o presidente Lula capitulou. Ontem foi anunciado o afastamento do delegado Protógenes Queiroz e dos outros dois delegados federais que participavam na Operação Satiagraha, bem como as ferias do diretor geral da PF.


 


Os motivos alegados para o afastamento dos três delegados federais não convencem a mais ingênua das criaturas. Até porque os três não mais retornarão às suas atividades anteriores. A coisa parecia caminhar para isto desde que o ministro da Justiça, Tarso Genro, aceitou jantar com Daniel Dantas na casa do senador Heráclito Fortes, do DEMO do Piauí, líder da bancada do DD no Congresso Nacional. Isto mesmo, líder da bancada do Daniel Dantas no Congresso: são 18 senadores e 70 deputados federais.


 


O poder do chefe da organização criminosa é tamanha que até mesmo o insuspeito  advogado e ex-deputado federal Luis Eduardo Greenhalgh foi cooptado para defender parte da quadrilha. O ex-chefe da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu, bem, este todos já sabem quem é, pois foi o primeiro a ser cooptado, seguido do atual ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Na própria Polícia Federal alguns agentes emplumados têm prestado relevantes serviços a Daniel Dantas, fornecendo valiosas informações através de vazamento do andamento das operações sigilosas.


 


Por tudo isso é que o povo precisa voltar às ruas o mais rápido possível, pois a operação abafa foi articulada dentro do próprio Palácio do Planalto.


 


Se o povo for pras ruas como em1992, o caminho do impeachment do presidente do STF não terá volta. E os bandidos de colarinho branco voltarão pra cadeia.
 


 


 


Messias Pontes é jornalista