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Militares argentinos são expulsos por ocultar registros da ditadura

Três oficiais do Exército que ordenaram queimar registros do Hospital Militar de Salta da época da ditadura foram exonerados. Assim informou o Ministério de Defesa, que decidiu a medida contra os militares membros da V Brigada de Infantaria saltenha.

O registro, que poderia conter informações sobre desaparecidos, foi encontrado por pessoas da limpeza, que os entregaram aos seus superiores. O oficial que recebeu a ordem de destruí-lo não o fez e, em troca, colocou à disposição da secretaria encabeçada por Nilda Garré.



Dois meses atrás, recrutas que faziam a limpeza do hospital encontraram um livro que continha o registro dos pacientes que ingressaram entre 1976 e 1983. O caderno lhes chamou a atenção: em alguns nomes ingressados não figurava a saída. Logo depois de revisá-lo, entregaram ao diretor, coronel Carlos Fernando Tosetto Arias, que por sua vez o entregou ao chefe operacional de Sanidade Militar, um tenente coronel de apelido Baena.



Finalmente, o registro chegou às mãos do chefe da Companhia de Inteligência “Humberto Viola”, tenente coronel Juan Manuel Gestoso Prezas. Foi ele quem deu a ordem de queimá-lo. Segundo informou o Ministério em um comunicado de imprensa, o oficial encarregado de fazer desaparecer o livro “apelou à superioridade militar e de Defesa, entendendo que a destruição da documentação poderia ser enquadrada como delito”.



Assim foi como Garré tomou conhecimento do ocorrido e ordenou ao Estado Maior Geral do Exército que exonerasse os três oficiais envolvidos. Além de constar no órgão militar correspondente, o novo responsável da Companhia de Inteligência fez a denuncia ante a justiça federal de Salta.



Assim que se conheceu a notícia, os organismos de direitos humanos da província alertaram sobre o conteúdo do livro. A advogada Tania Kiriaco apresentou ante o juiz federal de Salta Miguel Medina um documento em que solicita que “se consiga toda documentação útil relacionada à causa”. Kiriaco representa a família de Víctor Brizzi, um soldado que desapareceu em maio de 1976 e que poderia haver estado nesse hospital.



A existência de registros que contém informação sobre as vítimas da ditadura vem sendo denunciada pelos organismos há anos. Inclusive, o ex-capitão José Luis D'Andrea Mohr, fundador do Centro de Estudos Militares para a Democracia, assinalou a existência de ordens de incineração desta documentação.
 


Fonte: Rede de Noticias de Direitos Humanos