Centenários aumentam 120% no Ceará
Uns tomam chope nos fins de semana, outros uma taça diária de vinho e há aqueles que só bebem água mesmo. Há os completamente autônomos, os dependentes; os que se alimentam com moderação, os que não dispensam um baião-de-dois “quentinho”. Alguns usam cade
Publicado 27/07/2008 08:20 | Editado 04/03/2020 16:36
Valderi, José, Sofia, Clara, Antônio, Valdemar, Maria, são muitos os nomes dos vários que identificam os cearenses com cem anos ou mais encontrados pela Contagem da População de 2007, do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Fossem prédios ou costumes já se poderia cogitar a possibilidade do tombamento como patrimônios históricos e culturais da humanidade. Pessoas anônimas como são é a memória dos familiares e amigos que lhes garantirá a posteridade, muito embora, aqueles que têm cem anos ou mais acabam tendo uma certa notoriedade onde vivem.
Prata de casa
É como se o fato de conseguirem se manter vivos por tanto tempo, numa época de doenças múltiplas e violência extrema, os tornasse especiais. Valderi Cassiano de Abreu, que no último dia 15, completou 101 anos, por exemplo, é uma das vedetes do bairro Bonsucesso, em Fortaleza. Como ainda faz trabalho de operário na construção civil, anda de bicicleta pelo bairro e sempre tem tempo para “dois dedos de prosa” com os amigos, difícil ter algum morador da região que não conheça Valderi Cassiano.
Como “seu Valderi” existem no Ceará, conforme a Contagem da População de 2007, 567 pessoas. Quantidade que poderia até ser considerada pequena diante dos 7.430.661 habitantes do Estado, não fosse a comparação com o valor encontrado na Contagem de 1996. Na época, havia 258 centenários. Ou seja, em 10 anos, o aumento foi de 119,76%.
Aumenta a longevidade
Esse crescimento acompanha uma tendência nacional de aumento da longevidade. Na década de 1980 do século passado, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era 62,6 anos. Em 2000, estava em 70,5 anos e, em 2005, 71,9. Não bastasse isso, em 1996, a Contagem da População do IBGE detectou 9.351 pessoas com 100 anos ou mais no País. Em 2007, haviam 11.422.
Uma mudança que, explica o doutor em Sociologia e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Rosendo Amorim, vem ocorrendo nas últimas décadas devido ao desenvolvimento socioeconômico e cultural pelo qual o País vem passando. De acordo com ele, aliados ao avanço da medicina e a uma melhor distribuição de renda, a expansão da educação tem ajudado muito as pessoas a adotarem hábitos mais saudáveis no dia-a-dia. “Estão se cuidando mais”, diz o professor.
Em sua avaliação, além da educação se universalizar, houve uma maior socialização das informações. A população está descobrindo estratégias de prevenção e adotando-as. É justamente devido a isso que Amorim se mostra otimista em relação ao futuro. Para ele, nos próximos anos, o número de centenários continuará aumentando e a qualidade de vida das pessoas longevas também.
Fonte: Diário do Nordeste