Centenários aumentam 120% no Ceará

Uns tomam chope nos fins de semana, outros uma taça diária de vinho e há aqueles que só bebem água mesmo. Há os completamente autônomos, os dependentes; os que se alimentam com moderação, os que não dispensam um baião-de-dois “quentinho”. Alguns usam cade

Valderi, José, Sofia, Clara, Antônio, Valdemar, Maria, são muitos os nomes dos vários que identificam os cearenses com cem anos ou mais encontrados pela Contagem da População de 2007, do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Fossem prédios ou costumes já se poderia cogitar a possibilidade do tombamento como patrimônios históricos e culturais da humanidade. Pessoas anônimas como são é a memória dos familiares e amigos que lhes garantirá a posteridade, muito embora, aqueles que têm cem anos ou mais acabam tendo uma certa notoriedade onde vivem.


 


Prata de casa


 


É como se o fato de conseguirem se manter vivos por tanto tempo, numa época de doenças múltiplas e violência extrema, os tornasse especiais. Valderi Cassiano de Abreu, que no último dia 15, completou 101 anos, por exemplo, é uma das vedetes do bairro Bonsucesso, em Fortaleza. Como ainda faz trabalho de operário na construção civil, anda de bicicleta pelo bairro e sempre tem tempo para “dois dedos de prosa” com os amigos, difícil ter algum morador da região que não conheça Valderi Cassiano.


 


Como “seu Valderi” existem no Ceará, conforme a Contagem da População de 2007, 567 pessoas. Quantidade que poderia até ser considerada pequena diante dos 7.430.661 habitantes do Estado, não fosse a comparação com o valor encontrado na Contagem de 1996. Na época, havia 258 centenários. Ou seja, em 10 anos, o aumento foi de 119,76%.


 


Aumenta a longevidade


 


Esse crescimento acompanha uma tendência nacional de aumento da longevidade. Na década de 1980 do século passado, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era 62,6 anos. Em 2000, estava em 70,5 anos e, em 2005, 71,9. Não bastasse isso, em 1996, a Contagem da População do IBGE detectou 9.351 pessoas com 100 anos ou mais no País. Em 2007, haviam 11.422.


 


Uma mudança que, explica o doutor em Sociologia e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Rosendo Amorim, vem ocorrendo nas últimas décadas devido ao desenvolvimento socioeconômico e cultural pelo qual o País vem passando. De acordo com ele, aliados ao avanço da medicina e a uma melhor distribuição de renda, a expansão da educação tem ajudado muito as pessoas a adotarem hábitos mais saudáveis no dia-a-dia. “Estão se cuidando mais”, diz o professor.


 


Em sua avaliação, além da educação se universalizar, houve uma maior socialização das informações. A população está descobrindo estratégias de prevenção e adotando-as. É justamente devido a isso que Amorim se mostra otimista em relação ao futuro. Para ele, nos próximos anos, o número de centenários continuará aumentando e a qualidade de vida das pessoas longevas também.


 


Fonte: Diário do Nordeste