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Campeã histórica, URSS inicia declínio em Pequim

Desde que a União Soviética se extinguiu, em 1991, os analistas esportivos julgavam que os jogos olímpicos passariam a viver uma espécie de ''unilateralismo'' esportivo, que aparentemente começou a delinear-se nos jogos olímpicos disputados em Atlanta,

Os EUA sonhavam em viver um período áureo não somente no número total de medalhas conquistadas, mas também no quadro de colocações, vislumbrando a hegemonia que os analistas esportivos pintavam como certa. Até então, a URSS foi primeiro lugar no quadro de medalhas em seis edições dos Jogos Olímpicos – 1956, 1960, 1972, 1976, 1980 e 1988.



Como seu comitê olímpico só foi criado em 1951, ela efetivamente competiu com os Estados Unidos entre 1952 e 1988, tendo sido superada nos jogos de 1952, 1964, 1968, 1976 e 1984. Com a sua desaparição, a Rússia 'herdou' o encargo de disputar com os EUA a dianteira do quadro de medalhas.


 


Ledo engano. Não só a China despontou como grande nação adversária dos Estados Unidos no campo desportivo como a própria ''União Soviética'', se contadas as medalhas das 15 nações que integravam o país no momento de sua dissolução, permaneceu no topo do quadro de medalhas posteriores à extinção do país.



Nos jogos de Barcelona, a ex-União Soviética competiu ainda unida, sob a égide da hoje 'falecida' — no campo esportivo — Comunidade de Estados Independentes.



Com o desmembramento da URSS em 1991, as ex-repúblicas soviéticas (exceto Lituânia, Estônia e Letônia) participaram dos Jogos Olímpicos de 1992 como Equipe Unificada (Comunidade dos Estados Independentes).



A CEI ficou em primeiro lugar no quadro de medalhas em sua primeira e única participação nos Jogos Olímpicos de Verão.



Sob a inércia do motor esportivo construído no sistema socialista, a Equipe Unificada, mais a Letônia, a Estônia e a Lituânia — que não fazem parte da CEI — obtiveram 120 medalhas (47 de ouro, 40 de prata, 32 de bronze), permanecendo no topo da classificação e superando os EUA em 10 medalhas de ouro. A partir das Olimpíadas de 1996 todas as 15 nações competiram em separado.



Quatro anos mais tarde, nos Jogos Olímpicos de Atlanta – 1996, o troco. Os Estados Unidos jogaram em casa, levaram a maior parte das medalhas de ouro e relegaram a ex-União Soviética ao segundo posto do pódio — efetivamente ocupado pela Rússia, a 'herdeira' de maior peso olímpico da ex-URSS.


 


Os EUA conquistaram 101 medalhas, sendo 44 de ouro, 32 de prata e 25 de bronze, enquanto a ex-União Soviética levou para 'casa' 40 medalhas de ouro, 38 de prata e 45 de bronze, num total de 123 medalhas.


 



Em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney, os 'soviéticos' voltaram ao topo do quadro de medalhas. Desta vez, contadas as medalhas das 15 repúblicas, a ex-União Soviética colheu 48 medalhas de ouro, 48 de Prata e 67 de bronze, 8 ouros a mais que os Estados Unidos, que finalizaram os Jogos com 40 medalhas de ouro, 24 de prata e 33 de bronze.



Em 2004, nova vitória dos 'soviéticos'. Os gregos e demais nações presentes aos Jogos de Atenas viram os atletas das 15 nações da ex-URSS arrebatarem o ouro 45 vezes, a prata 52 vezes e o bronze em 65 disputas.



Os Jogos Olímpicos de Pequim começam a evidenciar que o motor olímpico construído no sistema socialista, e descuidado pelas administrações das quinze repúblicas que faziam parte da URSS, começa a ratear.



A Rússia, até o dia 18 de agosto, obteve apenas 10 medalhas de ouro. Os 'soviéticos' chegaram nesta terça-feira ao terceiro posto no quadro geral de medalhas, com 21 medalhas de ouro, 30 de prata e 54 de bronze.



A China disparou na corrida, ficando à frente dos Estados Unidos com uma diferença — 17 medalhas de ouro — que dificilmente será ultrapassada pelos americanos, enquanto a ex-URSS lamenta o êxodo de milhares de atletas e,  principalmente, treinadores nos últimos 15 anos, o que contribuiu bastante para o cada vez mais concreto fracasso russo e ucraniano, as duas maiores forças olímpicas da ex-URSS.


 


Para desespero da maior potência olímpica da História dos Jogos Olímpicos de Verão — os Estados Unidos —, mesmo com o aparente declínio 'soviético', a China começa a ocupar definitivamente o lugar que pertencia à União Soviética. Os resultados de anos de investimento e um projeto de grande porte começam a dar resultados nestes jogos e certamente vão mudar a História da disputa olímpica para sempre.