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País volta a registrar deflação e expõe tolices do Copom

Após um primeiro semestre em que diversos analistas, economistas e jornalistas “especializados” chegaram a falar em “inflação descontrolada”, eis que o país volta a registrar no mês de agosto índices de deflação, condição que expõe, mais uma vez, o descom

Segundo o noticiário desta quarta-feira (27), o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) apresentou em agosto queda de 0,32%, uma inversão da direção verificada em julho, quando subiu 1,76%. Todos os componentes do indicador influenciaram no resultado, especialmente o índice de preços por atacado, que registrou deflação. Ainda de acordo com os cadernos de economia, foi a primeira deflação mensal apresentada pelo índice desde abril de 2006, quando o IGP-M caiu 0,42%.



Em abril, o Comitê de Política Monetária do Banco Central apontou a inflação como justificativa para elevar em 0,5% a taxa básica de juros do país, ocasião em que até mesmo os banqueiros esperavam um aumento de 0,25%. Na ata daquela reunião, o órgão dizia entender que a elevação da taxa de 11,25% para 11,75% seria suficiente para conter o aumentos dos preços. Não foi.



Maio chegou com novas elevações de preços – uma inflação importada, fruto da alta do petróleo e de outras commodities, sobre a qual a política econômica do governo federal exercia pouca influência, para o bem ou para o mal. No começo de junho, diante do cenário ainda delicado, o Copom repetiu a dose e jogou mais 0,5% no colo dos brasileiros. O Brasil voltava a assumir com folga o posto de país com a maior taxa de juros real do planeta, para deleite das instituições financeiras.



Junho passou e, com a chegada de julho, já era possível sentir que os efeitos da inflação aos poucos iam se dispersando – até mesmo a sensação de terror criada pela imprensa já não ganhava o mesmo destaque na TV e nas capas dos jornais. Apesar disso, o Copom insistiu em sua sabedoria e, a uma semana de agosto, voltou a surpreender inclusive os mais conservadores: elevou a taxa básica de juros em 0,75%, arredondando-a em 13%.



A próxima reunião do Copom está marcada para 10 de setembro. A desculpa de que o aumento dos juros é algo necessário para “não permitir que o país volte a ter índices absurdos de inflação” felizmente caiu por terra. Os sábios do Banco Central têm pouco tempo – menos de 15 dias – para descolar uma nova justificativa para sua política conservadora. Imaginar que Henrique Meirelles & cia. admitirão algum erro de análise nos últimos meses é tão certo quanto confiar em sua boa-fé para o desenvolvimento do país.



Da redação,
Fernando Damasceno