Paraguai: Lugo denuncia conspiração contra seu governo
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse na última segunda-feira (1) que o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos e o ex-general Lino Oviedo querem ''desestabilizar'' seu governo. Na outra ponta, Luis Aguayo, representante da Mesa Coordenadora Nacional
Publicado 03/09/2008 09:30
''Eles estão conspirando contra nossa gestão. Eles querem desestabilizar nosso governo'', disse Lugo durante entrevista coletiva. ''Como presidente, não permitirei que as Forças Armadas sejam utilizadas por interesses sectários. Peço à cidadania que esteja alerta diante de possíveis golpes. Não permitiremos que se atente contra a liberdade do nosso povo'', disse o presidente.
Lugo convocou a imprensa para fazer a denúncia, depois de ter sido informado pelo general Máximo Díaz Cáceres, cuja função é gerenciar o relacionamento entre o Exército e o Parlamento, sobre uma reunião realizada na véspera na casa de Lino Cesar Oviedo, ex-general e candidato derrotado à presidência da República.
Diaz teria sido convidado para uma reunião na casa de Oviedo, líder da União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), racha do Partido Colorado, onde se encontravam também o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos, o presidente do Congresso Nacional, senador Enrique González Quintana, o vice-presidente do Tribunal de Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, o procurador-geral do Estado, Rubén Candia Amarilla.
Impasse institucional
Foi Díaz quem revelou o encontro à cúpula das Forças Armadas. Ele teria contado ainda que Oviedo convocou a reunião porque queria saber como os militares viam o clima político diante do impasse vivido nos últimos dias no Senado. Díaz teria respondido que se tratava de um problema político do Congresso e teria se retirado da reunião.
Na semana passada, o presidente do Congresso, com o aval do Tribunal de Justiça Eleitoral, empossou Duarte Frutos como senador eleito. Mas os parlamentares governistas questionaram a iniciativa, argumentando falta de quorum para que o ex-presidente assumisse a cadeira no Senado.
Por outro lado, os partidos governistas deram posse a outro senador eleito, criando um impasse institucional, pois o Senado estaria com 46 senadores, um a mais que o permitido que são 45 cadeiras. A situação levou Lugo a declarar que Duarte Frutos deveria ''ir pra casa'' e se ''conformar'' com o cargo a que tem direito de senador vitalício por ser ex-presidente.
Movimentos apóiam governo
Diante das denúncias, a Associação das Organizações Não-Governamentais do Paraguai expressou seu apoio a Lugo. Na mesma linha, a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas realizou no dia seguinte uma marcha de apoio ao presidente e de repúdio a Nicanor.
Em nota, a Associação afirma: ''Reiteramos às organizações sociais e cidadania em geral a importância de manter em vigília permanente para custodiar a continuidade desse processo de mudança encomendado pela vontade popular ao presidente Fernando Lugo''.
Para o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo Carvalho, o que se vê nos últimos no Paraguai é uma nova ação das forças de direita do continente, contrárias às mudanças democráticas pelas quais a região passa. ''Mais uma vez as classes dominantes reacionárias de um pais latino-americano tentam desestabilizar uma experiência de governo democrático e popular. As forças progressistas brasileiros e dos países vizinhos devem hipotecar total solidariedade ao governo de Fernando Lugo'', disse.
Da redação, com agências
Fernando Damasceno