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Paraguai: Lugo denuncia conspiração contra seu governo

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse na última segunda-feira (1) que o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos e o ex-general Lino Oviedo querem ''desestabilizar'' seu governo. Na outra ponta, Luis Aguayo, representante da Mesa Coordenadora Nacional

''Eles estão conspirando contra nossa gestão. Eles querem desestabilizar nosso governo'', disse Lugo durante entrevista coletiva. ''Como presidente, não permitirei que as Forças Armadas sejam utilizadas por interesses sectários. Peço à cidadania que esteja alerta diante de possíveis golpes. Não permitiremos que se atente contra a liberdade do nosso povo'', disse o presidente.



Lugo convocou a imprensa para fazer a denúncia, depois de ter sido informado pelo general Máximo Díaz Cáceres, cuja função é gerenciar o relacionamento entre o Exército e o Parlamento, sobre uma reunião realizada na véspera na casa de Lino Cesar Oviedo, ex-general e candidato derrotado à presidência da República.



Diaz teria sido convidado para uma reunião na casa de Oviedo, líder da União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), racha do Partido Colorado, onde se encontravam também o ex-presidente Nicanor Duarte Frutos, o presidente do Congresso Nacional, senador Enrique González Quintana, o vice-presidente do Tribunal de Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, o procurador-geral do Estado, Rubén Candia Amarilla.



Impasse institucional



Foi Díaz quem revelou o encontro à cúpula das Forças Armadas. Ele teria contado ainda que Oviedo convocou a reunião porque queria saber como os militares viam o clima político diante do impasse vivido nos últimos dias no Senado. Díaz teria respondido que se tratava de um problema político do Congresso e teria se retirado da reunião.



Na semana passada, o presidente do Congresso, com o aval do Tribunal de Justiça Eleitoral, empossou Duarte Frutos como senador eleito. Mas os parlamentares governistas questionaram a iniciativa, argumentando falta de quorum para que o ex-presidente assumisse a cadeira no Senado.



Por outro lado, os partidos governistas deram posse a outro senador eleito, criando um impasse institucional, pois  o Senado estaria com 46 senadores, um a mais que o permitido que são 45 cadeiras. A situação levou Lugo a declarar que Duarte Frutos deveria ''ir pra casa'' e se ''conformar'' com o cargo a que tem direito de senador vitalício por ser ex-presidente.



Movimentos apóiam governo



Diante das denúncias, a Associação das Organizações Não-Governamentais do Paraguai expressou seu apoio a Lugo. Na mesma linha, a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas realizou no dia seguinte uma marcha de apoio ao presidente e de repúdio a Nicanor.



Em nota, a Associação afirma: ''Reiteramos às organizações sociais e cidadania em geral a importância de manter em vigília permanente para custodiar a continuidade desse processo de mudança encomendado pela vontade popular ao presidente Fernando Lugo''.



Para o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo Carvalho, o que se vê nos últimos no Paraguai é uma nova ação das forças de direita do continente, contrárias às mudanças democráticas pelas quais a região passa. ''Mais uma vez as classes dominantes reacionárias de um pais latino-americano tentam desestabilizar uma experiência de governo democrático e popular. As forças progressistas brasileiros e dos países vizinhos devem hipotecar total solidariedade ao governo de Fernando Lugo'', disse.




Da redação, com agências
Fernando Damasceno