Corrêa: não coloquem PF no campo da espionagem

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, defendeu a legitimidade das escutas telefônicas feitas pela instituição e afirmou que o recente caso de grampo em autoridades não pode ser utilizado para cercear o trabalho da PF e do Estad

“A Polícia Federal usa o grampo de forma disciplinada e dentro da legalidade. O grande problema nesse caso é a mistura de uma atuação legal com espionagem. A sociedade não pode ser enganada e colocar tudo do mesmo lado”, disse Corrêa após solenidade na Superintendência da PF no Rio.



“Não me coloquem a Polícia Federal no campo da espionagem e da criminalidade porque ela não está lá”, enfatizou. Corrêa disse que dos 160 mil inquéritos em andamento na PF, apenas 3,5% fazem uso de grampo como ferramenta de investigação.



“O problema é que os 3,5% tratam de criminosos acima da lei. Quando a polícia passa a operar nesse universo, os 3,5% passam a ser considerados abusivos”, afirmou.



Corrêa defendeu a criação de uma legislação específica para portadores de aparelhos de escuta telefônica. Segundo ele, a lei em vigor só prevê punição para o autor da escuta. “Queremos que seja criminalizado portar e ter posse de qualquer parafernália que possa ser utilizada (para escuta), porque quando há um incidente criminoso voltam-se os canhões para a atividade lícita do Estado”, disse.



Corrêa deseja uma mudança legal que permita à PF prender em flagrante quem porte equipamentos de escuta sem autorização legal. O diretor da PF não confirmou as linhas de investigação no caso da escuta telefônica ilegal do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que foi atribuída à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na quinta-feira, o ministro da Justiça Tarso Genro comentou que a PF trabalhava com três linhas de investigação bem definidas.



“Algum delegado deu entrevista? Eu não falei e não falo. Só vou falar quando tiver um relatório com os trabalhos já feitos”, disse Corrêa.



Fonte: Reuters