Guerra de pesquisas projeta derrota da oposição na Venezuela

Ainda sem campanha oficial, os preparativos para as eleições regionais na Venezuela se concentram atualmente numa guerra de pesquisas de opinião, cuja credibilidade é cada vez mais questionada pelos perdedores.



Por Miguel Lozano, para a Agê

Cerca de 80 por cento dos opositores desconfiam das pesquisas, segundo Luis Vicente León, diretor do Datanálisis, empresa de pesquisa de opinião que realizou mais de 70 consultas aos partidos opositores “a preços solidários”.



Um aspecto característico é que, diante da impossibilidade de cumprir com os acordos de integrar um bloco opositor, os adversários do presidente Hugo Chávez concordaram em realizar consultas para apoiar em conjunto o melhor favorecido.



Mas o resultado foi contraproducente, porque em muitas ocasiões cada aspirante contrata sua própria empresa de pesquisa, que lhe dá como ganhador.



“Para 80 por cento da pessoas é óbvio que não sabemos fazer bem nosso trabalho, assim que não podem acreditar em nós para eleger ao candidato da unidade”, reconheceu recentemente León em declarações à emissora privada Unión Rádio.



A situação se complica ainda mais para os opositores se leva-se em consideração a necessidade desse setor de atrair aos indecisos para poder enfrentar com algum sucesso aos candidatos a governadores, prefeitos e legisladores regionais que apóiam Chávez.



O presidente do Datanális, José Antonio Gil, estima que entre aqueles que se declaram indecisos, apenas 26 por cento se definem “anti-chavistas”, pelo qual as disputas entre candidatos opositores são contraproducentes para esse setor.



Segundo a avaliação, os indecisos votarão pelos melhores candidatos nas eleições do próximo 23 de novembro, mas as disputas fazem com que os opositores sejam vistos como políticos interessados unicamente em posições pessoais.



Frente a isso, os partidários de Chávez mostram uma maior decisão depois das eleições internas do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para determinar seus candidatos pelas bases da organização de ao redor de seis milhões de membros.



Em vários estados o PSUV conta ademais com o respaldo de seus aliados e projeções que lhe outorgam o triunfo provável em 19 dos 22 governos que serão disputados, junto a 328 prefeitos e 233 membros dos conselhos legislativos regionais.



Ao todo de 603 cargos de representação popular deverão ser definidos nas eleições com as que a oposição espera modificar o mapa político venezuelano e Chávez confirmar o amplo respaldo popular para seguir adiante com seu projeto socialista.