Jogadoras surpresas com recepção elogiam Bolsa-Atleta

É uma prata que vale mais que ouro. Ainda na concentração do desfile do 7 de Setembro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), o assédio às atletas da seleção brasileira de futebol foi inevitável. Estudantes, ciclistas, médicos, enfermeiros, bombeiro

Na verdade as meninas do futebol desconheciam o quanto são queridas pela população brasileira. A zagueira capitã do time, Tânia Maranhão, 33, disse que a recepção entrou para a história de suas vidas. “Não tínhamos noção do carinho que o povo brasileiro sente por nós”, desabafou emocionada.



Mas esse assédio dos fãs foi apenas o começo. Mal sabiam elas que, ao adentrar na Esplanada dos Ministérios, seriam ovacionadas, recebidas como heroínas pela população. Ao passar a frente de cada arquibancada o público foi ao deliro. Todos ficavam em pé para aplaudir a seleção. Mais que isso. Gritavam mensagens de agradecimento às jogadoras. “Vocês jogam demais”, “parabéns pelo desempenho”, “a equipe de vocês é muito guerreira”, “em nosso coração vocês são as vencedoras” são as frases que conseguiram se sobressair perante o barulho de uma multidão ensandecida de felicidade.



Enquanto isso, na passarela do desfile, as jogadoras da seleção acenavam para os populares, mandavam beijos, brincavam , mostravam a medalha e batiam no peito sinalizando que o futebol está na alma e no coração de todos. As jogadoras foram unânimes ao declarar que desfilar no 7 de Setembro em Brasília, em especial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para um público de 35 mil pessoas apaixonadas por futebol foi “o maior reconhecimento público que seu país poderia lhes fazer”.



Bolsa-Atleta é gol de placa



Natural de São Luis (MA), Tânia Maranhão, 33, é uma das seis atletas contempladas pelo programa Bolsa-Atleta que integram a delegação. Para ela receber a ajuda financeira mensal de R$ 2.500,00, da categoria olímpica, paga pelo Ministério do Esporte, é um grande conforto. “Para quem sabe economizar como eu sei, esse dinheiro é tão sagrado que além de manter minhas despesas como atleta eu ainda, socorro minha família numa emergência”, revela.



“Não imaginei que o assédio dos fãs fosse desse jeito. É uma loucura tanto por parte das crianças quanto dos adultos. Esse é resultado do reconhecimento da população, de que nosso trabalho é sério”, comenta, feliz, Andréia dos Santos “Maycon”, 31.



Outa jogadora, Miraildes Mota, “Furmiga”, foi uma das mais solicitadas pelo público infantil onde o assedio dos fãs foi além da presença no desfile. O estudante Gustavo Filipo Viana, cuja mãe trabalhou na organização do evento, conversou com a atleta por telefone. “Eu adoro a Furmiga. Ela é atenciosa, boa de bola e suas trancinhas no cabelo produzem um visual esperto”, empolga-se o menino. Formiga e Maycon recebem a Bolsa-Atleta olímpica, do governo federal.



“O carinho que recebi no desfile em Brasília me surpreendeu. Valeu mais que um ouro por nossa garra e determinação, acredita Andréa Rosa, 24. Para a bolsista na categoria internacional a ajuda que recebe (R$ 1.500,00) é inquestionável. “Antes era muito complicado sobreviver do futebol, sem patrocínio e sem estrutura do clube. Hoje, com a grana que recebo do Ministério do Esporte além de me dedicar ao esporte, pago convênio médico, a mensalidade da faculdade de Educação Física e a prestação da moto que comprei com esse dinheiro. Assim posso me manter e me deslocar para os treinos e para estudar”, revela a zagueira.



Projetos futuros



Natural de Ourinhos (SP), a jogadora Francielle Alberto, 18, afirmou que o abraço fraterno que recebeu dos fãs valeu por toda a dedicação que fez pelo esporte. “Só não esperava que a gente fosse ovacionada”, pondera, surpresa. A atleta que parou no 2º ano colegial, treina todos os dias da semana e joga todos os finais de semana faz planos para o futuro. “Com essa conquista nas Olimpíadas poderei pleitear a Bolsa Atleta e mudar minha vida pra melhor”, sonha a jovem, que dentre os planos está cursar uma Faculdade de Fisioterapia.



Na mesma esperança de mudar para melhor a vida por meio do esporte está a zagueira paulista Aline Pellegrino, 26. “Depois que passar a receber a Bolsa-Atleta poderei me manter, comprar chuteira, dar uma força em casa e me manter tranquilamente além de fazer curso superior de Educação Física”, planeja.