Ceará não será afetado com a crise do Gás Natural

O gás natural consumido no Ceará provém de Guamaré, no Rio Grande do Norte, e da Bacia de Paracuru

A redução no fornecimento do gás natural da Bolívia para o Brasil, decorrente de atentados terrorista a válvulas de gasodutos bolivianos, nos últimos dias, em nada afetará o fornecimento do combustível no Ceará. O gás natural consumido pelos setores industrial, comercial, automotivo e de co-geração no Estado provêm 95% de Guamaré, no Rio Grande do Norte, e 5%, de Paracuru, no litoral oeste cearense.


 


A garantia foi anunciada, pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás), após vários telefonemas de consumidores cearenses preocupados com a possibilidade de desabastecimento do produto no Estado. ´O gás consumido no Ceará não tem nenhuma relação com o da Bolívia, que abastece o Sul e o Sudeste brasileiro´, garantiu ontem, o gerente Comercial da Cegás, Edgard Gomes Bastos.


 


Segundo ele, a Companhia continua recebendo da Petróleo Brasileiro (Petrobras) e distribuindo 500 mil metros cúbicos de gás natural, por dia. Quantidade que, de acordo com ele, é suficiente para atender a demanda dos consumidores cearenses, à exceção das usinas termelétricas, TermoFortaleza e TermoCeará, respectivamente, de propriedade da Endesa e da Petrobras. Ambas aguardam a liberação do Gás Natural Liqüefeito (GNL), estocado no navio Golar Spirit, fundeado na costa do Pecém, para operar normalmente.


 


Vazio


 


Bastos informa que, mesmo que queira, o Ceará e parte do Nordeste ainda não têm como ser alimentados por gás natural boliviano. ´Fisicamente existe um vazio de 900 quilômetros, sem gasodutos, entre o Espírito Santo e Salvador, o que inviabiliza o transporte entre as duas regiões´, explicou o gerente da Cegás.


 


De acordo com ele, o Gasene II — gasoduto que irá interligar as regiões Sudeste e Nordeste — só estará pronto em dois anos. Bastos assegurou ainda, que não há aumento de preço do gás veicular (GNV), previsto para este mês, em decorrência dos problemas na Bolívia.


 


Atualmente, o metro cúbico do GNV está sendo comercializado nos postos de Fortaleza, ao preço de R$ 1,79. O último reajuste no preço do combustível vendido pela Petrobras e distribuído pela Cegás ocorreu a cerca de um mês, e só não foi repassado às bombas devido redução na alíquota de ICMS, concedida pela Secretaria Estadual da Fazenda.


 


´O reajuste do gás segue um cronograma trimestral já definido pela Petrobras, sem ligação alguma com o problema atual´, garantiu o gerente da Cegás. Ele avalia, inclusive, que no próximo aumento previsto para novembro próximo, o índice de alteração deve ser menor, puxado pela queda nos preços do barril de petróleo.


 


Desestímulo


 


Para o presidente do Sindicato dos Taxistas de Fortaleza, Vicente de Paulo Oliveira, os reajustes consecutivos no preço do GNV são parte da política do governo federal para desestimular o uso do gás e aumentar as vendas de gasolina e álcool.


 


ABASTECIMENTO



Regaseificação pode acabar com as incertezas


 


O início da operação de regaseificação do gás natural liquefeito (GNL) importado pela Petrobras e estocado no navio Golar Spirit, fundeado no Pecém, pode por um ponto final no receio de desabastecimento do combustível no Ceará. Previsto para começar a operar no fim deste mês, data anunciada pelo governo do Estado para conclusão das obras de reqüalificação do terminal do Porto do Pecém, o gaseiro tem plena capacidade de abastecer o mercado cearense, inclusive as duas termelétricas, paralisadas por falta do combustível. Segundo o gerente de Negócios da Cegás, Edgard Bastos, ´faltam apenas os testes finais de pré-operação´, para o combustível começar a ser transferido do navio, através de um gasoduto de 22,5 quilômetros, para um hub (central de distribuição) da Petrobras, no terminal portuário do Pecém.


 


Dos sete milhões de metros cúbicos de gás/dia previstos, 1,5 milhão vai alimentar a TermoFortaleza e 1,2 milhão, a TermoCeará.