Combate à homofia marcou Parada Gay em Salvador
A sétima edição da Parada do Orgulho Gay lotou as ruas do Centro de Salvador neste domingo (14/9). A Polícia Militar estimou em 400 mil pessoas a multidão formada por lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e heterossexuais, que simpatizam com
Publicado 15/09/2008 20:27 | Editado 04/03/2020 16:21
A parada saiu do Campo Grande às 15h, percorreu a avenida Sete de Setembro até a Praça Castro Alves, retornando pela rua Carlos Gomes até o ponto de partida. A mobilização, no entanto, começou a partir das 10h, com manifestações culturais e festas em diversos bares e camarotes espalhados pelo tradicional circuito do carnaval de Salvador. Padrinho da edição deste ano, o cantor e compositor Gerônimo deu seu testemunho de apoio à causa: “Muito antes de o mundo ser o que é, o mundo já era gay”, disse. “Se o mundo não é gay, o mundo é triste”.
Aproveitando a proximidade das eleições municipais, a Parada Gay 2008 elegeu como tema a Homofobia mata – Seu voto vale sua vida. A sugestão é para que a comunidade LGBT vote em candidatos comprometidos com a defesa da causa homossexual. Por trás do slogan, estão os dez gays, seis travestis e uma lésbica, que morreram vítimas da homofobia na Bahia em 2008, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB). Em todo o Brasil, são 122 homicídios no período – foram 155 em 2007.
Os assassinatos também motivaram o protesto da transformista Dion, que levou diversos caixões e bandeiras pretas para o Campo Grande. Segundo Dion, o manifesto teve o intuito de acordar a população para o preconceito que ainda permanece na sociedade. ''Nós não somos veados como o povo faz questão de chamar, veados são animais e nós somos cidadãos e pagamos devidamente nossos impostos. Merecemos respeito como qualquer outro'', desabafou a transformista.
Violência e preconceito
Protestos como o de Dion, reforçam o verdadeiro caráter da Parada Gay, que é ser um momento de denúncia contra a homofobia e a falta de respeito aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. “A parada é um ponto alto de um debate que acontece durante todo o ano e com maior intensidade nas semanas que antecedem o evento. É o momento de tirar o movimento homossexual do gueto e mostrar para a sociedade, que gays e lésbicas são pessoas normais, que têm os mesmos direitos à sexualidade que qualquer outro cidadão”, frisou Juremar Oliveira, responsável nacional pela Frente Ousadia e Diversidade da União da Juventude Socialista (UJS).
A violência de que é vítima a população LGBT foi um dos principais focos do PCdoB na Parada Gay de 2008. O partido divulgou nota, distribuída durante a parada, contra a homofobia. “ O PCdoB é um partido que luta há 86 anos por uma sociedade justa e igualitária. Por isso, está na linha de frente da luta contra a homofobia e suas especificidades, como a lesbofobia e a transfobia, violência de que são vítimas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A luta é pelo respeito a estes homens e mulheres, que sofrem violências e têm os seus direitos negados por assumirem sua orientação sexual”, afirma a nota.
O documento reforça ainda luta do PCdoB “pela implementação imediata do programa Brasil sem Homofobia, do Governo Federal, com uma atenção especial aos direitos das lésbicas, que sofrem com o preconceito de gênero e com a lesbofobia”. O partido levou esta bandeira para as ruas no domingo. Além da participação de militantes e dirigentes da legenda, vários candidatos á vereador e vereadora pelo PCdoB participaram da parada. Alguns montaram camarotes e espaços para receber o público LGBT, outros apenas participaram do evento.
De Salvador,
Eliane Costa com Agências