Presidente do PCdoB de Fortaleza fala sobre as eleições 2008

Com a aproximação das eleições municipais deste ano, o cenário político de Fortaleza se mostra bem disputado e o embate fica cada dia mais acirrado. Enquanto na campanha majoritária a expectativa de se ter ou não 2º turno passa a ser tema, na proporcional

Como você observa e avalia o quadro eleitoral geral de Fortaleza nestas Eleições? 
As eleições de Fortaleza se realizam em um período especial da luta de classes, quando as maiores economias do mundo capitalista padecem uma crise de dimensões gigantescas, particularmente nos EUA, a potência hegemônica desde o fim da II Grande Guerra. A crise afeta o coração do sistema, abrindo novas possibilidades de luta para os povos amantes da paz, da liberdade e da justiça social. A peculiaridade do momento é que o povo trabalhador e os movimentos populares, fragilizados pela derrota do chamado ''socialismo real'' e influenciados pelo bombardeio ideológico da mídia, controlada pela oligarquia financeira mundial, não conseguiram forjar uma liderança política revolucionária, capaz de unificar as suas forças e conduzir a luta anti-capitalista a um bom termo. Essa dificuldade é mais sentida na Europa e na América do Norte, onde o poder de cooptação da burguesia é maior. Na Ásia, África e América Latina, continentes historicamente escravizados e espoliados pelos impérios capitalistas, a situação é mais favorável às forças populares. Particularmente na América Latina, subcontinente dominado pelos Estados Unidos, desenvolve-se um forte movimento de integração regional e de resistência ao projeto neoliberal dominante. No Brasil, a partir da posse do Presidente Lula, as elites conservadoras perderam parte de seu poder e novas forças sociais emergiram na cena política. É uma peleja de longo curso, em que os protagonistas mais conseqüentes precisam acumular forças e construir um projeto de desenvolvimento nacional com a valorização do trabalho que galvanize a maioria da população. Assim, a par do caráter municipal, sobre os projetos e rumos para a cidade, a batalha está inserida numa luta mais geral: retorno ao completo domínio neoliberal ou avanços na busca de um projeto de emancipação nacional e social. E, neste sentido, a vitória de Luizianne  e as conseqüentes derrotas de Moroni do DEM e de Patrícia, a candidata de Tasso e do PSDB, para além de consolidar uma gestão mais voltada para os problemas sociais terá um significado importante no desenvolvimento da luta mais geral que travamos no Brasil e na América Latina pela consolidação de um novo projeto de desenvolvimento que promova a soberania, a democracia e o progresso social. O PCdoB, portanto, não tem dúvida quanto ao seu posicionamento e busca, junto com os demais aliados, criar as condições para que Luizianne tenha uma grande vitória eleitoral, se possível no primeiro turno, como já estão apontando as tendências registradas pelas pesquisas dos mais variados institutos de pesquisa.


 


Quais as perspectivas do PCdoB nestas eleições? O projeto de eleger 3 vereadores é possível diante da conjuntura atual?
O PCdoB traçou um projeto com dois objetivos. A derrota da direita, ou seja, derrota do PSDB e do DEM, e, num projeto de acumulação de forças para 2010 e 2012, eleger uma bancada de pelo menos três vereadores. Estamos bem próximos destes dois objetivos. A eleição dos três vereadores podemos dizer que está ao alcance de nossas mãos, dependendo, é lógico, do desempenho do conjunto de nossa chapa nesta reta final da campanha. Para isso o coletivo partidário, os candidatos e seus apoiadores estão empenhados no trabalho de busca ao voto. A realização de reuniões, as visitas de casa em casa, nos locais de trabalho e de estudo são decisivas nesta etapa da campanha. Com a aproximação do dia 5 de outubro o material principal de divulgação passa a ser a ''colinha'' com o nome e número do vereador e da prefeita. É o momento também de realização de plenárias amplas com os apoiadores de cada candidato para reforçar a mobilização para os últimos dias da batalha. No rádio e na TV, ao mesmo tempo em que apresentamos nossos candidatos procuramos desenvolver, através de nossas principais lideranças institucionais, uma campanha pelo voto na legenda 65 o que pode ser decisivo para a conquista de mais uma vaga.
 
Já existem perspectivas de como se dará a formação da Câmara Municipal de Fortaleza pós-eleições?
Não é fácil fazer um prognóstico da composição da futura Câmara Municipal. É possível, entretanto, prever uma boa renovação, incluindo aí a eleição de três comunistas ao lado de outros tantos socialistas, verdes e talvez cinco petistas, além de outros candidatos independentes nos demais partidos, que poderão contribuir para um debate mais qualificado dos problemas da cidade e de seu povo.


 


Esta é a primeira vez que o PCdoB lança chapa própria com tantos candidatos à vereador e todos representantes de segmentos sociais muito diversos. Qual o resultado disso frente ao possível surgimento de novas lideranças que se projetam neste momento? Qual o ganho do Partido junto à sociedade por aglutinar estas lideranças?
Hoje, mesmo antes de sabermos do resultado final da batalha, podemos afirmar, sem medo de errar, que o coletivo partidário agiu com sabedoria quando decidiu empreender um esforço hercúleo para construir uma chapa com 45 candidatos, tão representativa do conjunto da população. Temos candidatos nas principais regiões da cidade: quatro na Messejana, quatro no grande Bom Jardim, dois no Conjunto Ceará, três no Antônio Bezerra, dois no Mucuripe e cinco na região da Barra. São cinco professores, dois advogados, um médico, um militar da aeronáutica, seis sindicalistas, várias lideranças comunitárias, de jovens e de mulheres, representantes do movimento contra a discriminação racial e em defesa da livre orientação sexual. É uma chapa com camaradas mais experientes e mais temperados na luta de classes e outros recém ingressos no Partido mas com uma impressionante disposição de ajudar a concretizar o projeto partidário. São pessoas oriundas de camadas médias e dos setores mais humildes e mais simples de nosso povo, são operários, ambulantes, motoristas e jovens da periferia, é a cara de como deve ser um partido proletário nos dias atuais. Estes e outros camaradas que se envolvem na campanha, passado o embate eleitoral, serão convocados a continuar o trabalho de construção coletiva do Partido, desenvolvendo as lutas de massas, contribuindo para o fortalecimento dos mandatos comunistas e travando o debate de idéias em cada canto de nossa cidade.


 


 


Por Carolina Campos