Ao relançar programa, campanha de Jô mostra disposição para vencer

“Nunca pensei que pudéssemos fazer uma campanha tão pobre de recursos, mas ao mesmo tempo tão forte, dinâmica e alegre como essa que estamos vendo”. A frase é da candidata do PCdoB à prefeitura de Belo Horizonte e foi dita para centenas de militantes e

A frase sintetiza a percepção que mesmo os adversários da candidata reconhecem: a candidatura de Jô Moraes, apesar de enfrentar duas poderosas máquinas administrativas (a da prefeitura e a do governo do Estado) mostra dinamismo e garra típicos das vitoriosas campanhas da esquerda.


 


O encontro de ontem tinha objetivo até certo ponto protocolar: lançar a versão consolidada do programa da coligação BH é Você” (PCdoB-PRB), mas a empolgação das quase mil pessoas que compareceram ao evento, transformou o lançamento num grande e vibrante ato político.


 


Animadas pelo jingle da campanha, a juventude, como sempre, deu o tom da festa. Entre uma fala e outra, entoavam palavras de ordem como “Mulher de luta / Não tem igual / É Jô Moraes / Prefeita da capital“ e “Aécio Neves / O povo manja / Seu candidato é um laranja”.


 


No encontro estavam presentes figuras notáveis do cenário político atual e lideranças representativas do PCdoB e do PT. E, além deles, pessoas …várias, muitas… de todo tipo, idade, e classe, representantes genuínos do povo belo-horizontino. Grupos que iam da União da Juventude Socialista ao Movimento Negro, passando pelo Movimento de Mulheres, e LGBT estavam representados. E o que os unia era a intensa e inabalável convicção do apoio à candidata comunista. A impressão que deixaram é de que os eleitores do PCdoB e de Jô Moraes são mais que eleitores. São militantes convictos, cabos eleitorais da candidata que os representa tão bem. Esta característica pode fazer a diferença nesta reta final de uma campanha na qual os principais adversários de Jô contam apenas com caciques políticos e cabos eleitorais contratados.


 


Mesa representativa


 


Para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e para o diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, que vieram a BH prestigiar Jô Moraes, o ato mostrou que a campanha da comunista tem vitalidade e garra para chegar ao segundo turno e depois vencer a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte.


 


Rabelo e Lima compuseram a mesa do evento ao lado de diversas personalidades e lideranças que apóiam a campanha de Jô Moraes. Compuseram a mesa o presidente municipal do PCdoB de Belo Horizonte e coordenador geral da campanha, Zito Vieira; os petistas Jésus Lima (ex-prefeito de Betim) e Rogério Correia (ex-deputado estadual); Conceição Castro (irmão do ex-prefeito Célio de Castro, que foi levar o apoio da família Castro à campanha de Jô Moraes), Gilse Cosenza (dirigente do PCdoB), Cláudio Sampaio (candidato do PRB a vice-prefeito na chapa de Jô Moraes), Dalva Estela e Marcia Pinheiro, colaboradoras da campanha responsáveis pela consolidação do programa de governo e a candidata Jô Moraes, que foi a última a falar.


 


Pesquisas na gaveta


 


O ato foi aberto por Zito Vieira que empolgou a militância ao informar que pesquisas não divulgadas apontam para o crescimento da candidatura de Jô Moraes e queda do candidato da “aliança”, Marcio Lacerda (PSB). A “aliança” é fruto de um acerto político entre o governador de Minas, o tucano Aécio Neves, e o prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel.


 


Segundo Zito, sondagens que chegaram nas mãos da campanha de Lacerda mostram que o candidato da aliança está há 25 dias estagnado nas pesquisas e Jô Moraes teria recuperado votos que a colocam num patamar próximo ao que tinha no início da disputa, quando liderava a disputa. Zito informou ainda que a maior parte dos votos do candidato que hoje está em segundo lugar, Leonardo Quintão (PMDB) são votos frágeis que podem migrar para Jô e que quase 20% dos eleitores ainda estão indecisos. “É este contingente de eleitores, que resiste ao assédio da candidatura oficial, é que vão levar Jô Moraes para o segundo turno”, disse Zito.
Antes do início do ato, já havia sido dada a notícia de que o Ibope fizera uma pesquisa em Belo Horizonte nesta semana e também constatou a estagnação de Lacerda e o crescimento dos demais candidatos, chegando a resultados que assegurariam o segundo turno.


 


Rogério Correia: “farsa vai chegando ao fim”


 


Quem também questionou as pesquisas foi Rogério Correia. O ex-deputado estadual, junto com diversas outras lideranças e militantes do PT, integram o movimento PT Coerente, que se rebelou contra a aliança costurada pelo prefeito Fernando Pimentel com o governador tucano Aécio Neves.


 


“Eles diziam que teriam 85% de apoio, mas não chegaram nem na metade disso”, disse Correia. Ele comparou Lacerda a uma laranja madura na beira da estrada: “Ou está bichada ou tem marimbondo no pé”. Para ele, a aliança “dos palácios” deixou de fora os políticos de bem da cidade. Ele ressaltou ainda que nesta reta final a eleição está indefinida e que a “farsa” montada pela “aliança” vai chegando ao fim com a aproximação do dia da eleição e isto tem deixado o “candidato laranja” nervoso.


 


Outra importante liderança petista presente ao ato foi Jésus Lima, ex-prefeito de Betim. Lima disse que ''se você analisar a trajetória de todos os candidatos, é fácil perceber o conteúdo, a coerência e a história de vida da Jô, que é a melhor candidata''.


 


Cláudio Sampaio: “fé e política têm valores”


 


O vice de Jô Moraes, Cláudio Sampaio, do PRB, iniciou sua saudação aos participantes do ato dizendo que é um homem de fé. Sampaio, que é evangélico, comparou a fé religiosa com a política e destacou que ambas precisam ter valores como história, coerência, espírito republicano, sensibilidade social e liderança. “Se BH cometer o erro de não seguir estes princípios e valores, estará cometendo um erro tremendo e irreparável. Por isso precisamos eleger Jô Moraes e provar que BH pensa pra frente”, disse Sampaio, que também destacou o apoio do vice-presidente José Alencar à coligação “BH é Você”.


 



Haroldo Lima: “PT e PCdoB tem uma história conjunta”


 



O diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, veio de São Luis (MA) para prestigiar a candidatura de Jô Moraes na condição de dirigente nacional do PCdoB, ex-deputado e companheiro de lutas de Jô Moraes desde a década e 60.


 


Lima destacou a trajetória política da candidata, que resistiu à ditadura desde os primeiros momentos o golpe militar. Ele ressaltou ainda que o PCdoB esteve ao lado do Pt nas disputas presidenciais desde 1989 até hoje. “PT e PCdoB são os dois únicos partidos que estiveram juntos em todas as derrotas e em todas as vitórias desde 1989 até hoje, por isso, esta foto é a expressão da mais pura verdade”, disse Lima apontado para o grande painel com a foto de Jô Moraes ao lado do presidente Lula.


 


“A coerência com o projeto inicial do PT, de Lula e do PCdoB está na figura de Jô. Somente ela tem a coragem de sustentar esse projeto e a capacidade de aplicá-lo em BH”, afirmou Lima.


 


Ele também comentou sobre o conhecido “jeito mineiro” de se fazer política. Lembrou figuras históricas de Minas Gerais que se destacaram politicamente e ressalvou que este “jeito mineiro” passa pela sagacidade, pela firmeza de princípios, mas não pela esperteza, pela truculência e pelo conchavo como se vê agora neste acordo entre governador e prefeito. “Jô é a expressão do jeito mineiro autêntico d se fazer política com o povo”, afirmou.


 



Renato Rabelo: “Aécio é um oligarca com fachada de moderno”



O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, que pela terceira vez prestigia a campanha de Jô Moraes, também destacou a aliança histórica entre PT e PCdoB e valorizou a presença das lideranças petistas presentes no ato, destacando que não se faz política sem aliados e sem apoio.


 


''A aliança entre PT e PCdoB é histórica e não fortuita e conjuntural. A situação hoje em BH é emblemática, com o pacto entre o governador e o prefeito, impondo uma candidatura à revelia de todos e que só traz benefícios aos dois. O que se vê aqui é a oligarquia se vestindo de moderna, na figura de Aécio Neves, que tem natureza de oligarca e fachada de mocinho moderno, encantador'', atacou.


 


Segundo Rabelo, a “aliança” tucano-petista não representa nem continuidade, nem renovação. “O pacto firmado entre Pimentel e Aécio só serve aos dois, não atende aos interesses do povo ou da cidade, mas apenas a interesses próprios”, destacou.


 


Ele fez um alerta para que não se tome as pesquisas eleitorais ao pé da letra, já que elas podem ser instrumentos de manipulação. “Não devemos nos balizar apenas por esses resultados, embora seja preciso considerar que a desconstrução da farsa armada pela aliança dos palácios tem trazido uma vertente de queda para o candidato da situação”, disse.


 


Para Rabelo, o símbolo da resistência contra uma oligarquia de coronéis disfarçada de modernidade e avanço, está em Jô. “Somente se os mineiros, prudentes e sagazes que são, tomarem a decisão de resistir a esse domínio oligarca, a política que vem se construindo em Minas desde Patrus será honrada e poderá continuar”, disse.


 



Jô Moraes, com apoiadores e lideranças, durante lançamento do programa


 


Jô Moraes: administração democrática e popular


 


Após as apresentações dos componentes da mesa, Jô, ao lado dos filhos Luis e Ana, iniciou sua apresentação do plano, que estabelece como eixos centrais planejar, humanizar e integrar.


 


Jô Moraes foi a primeira candidata à prefeitura de BH a apresentar suas propostas em forma de um programa democrático e popular para a cidade. O primeiro lançamento ocorreu no 25 de julho, na Praça Sete, quando apresentou a ''Proposta interativa de uma administração democrática para Belo Horizonte'' e distribuiu milhares de exemplares para que a população conhecesse suas metas de trabalho e pudesse colaborar com idéias e sugestões. (Clique aqui para conhecer as propostas de Jô).


 


Ao falar para os participantes do ato de ontem, Jô relatou recentes declarações de apoio que tem recebido e destacou que sente nas ruas a confiança do povo de Belo Horizonte de que esta eleição não será um jogo de cartas marcadas.


 


Ela também ressaltou que além dos apoios explícitos que tem recebido, há uma campanha “submarina” feita por pessoas que não põem se expor para não serem vítimas da perseguição das máquinas municipal e estadual. Como exemplo disso, ela citou que várias pessoas que colaboraram com seu programa de governo não puderam ter seus nomes incluídos no documento para não sofrerem retaliações políticas vindas da prefeitura ou o governo estadual.


 


No final do evento, Jô falou de sua relação com a cidade, que lhe ''garantiu a vida''. ''Agradeço a participação de todos aqui hoje, pois vocês foram parte desse projeto e contribuíram para ele. Estar no meio de vocês é fundamental. Dirigente e administrador da cidade é aquele que sente com o povo as suas dificuldades e é por isso é importante que as pessoas jamais se esqueçam na história de Minas Gerais que houve uma rebelião da liberdade de Belo Horizonte, uma rebelião do povo contra o autoritarismo'', concluiu.


 


Ao final do evento, Zito Vieira conclamou os militantes a intensificarem a campanha nesta reta final, sobretudo durante os três debates televisionados que irão ocorrer nos próximos dias. O primeiro deles acontece já nesta quinta-feira (25) e será transmitido pela TV Bandeirantes.



De Belo Horizonte,
Cláudio Gonzalez
colaborou: Beatriz Faria