Bolívia: oposição se faz de vítima e suspende diálogo

A oposição boliviana deixou suspenso nesta quarta-feira (1º) o diálogo com o governo e pediu ao presidente Evo Morales que dê garantias para que se prossigam as negociações, após denunciar a prisão de um dirigente cívico no sudeste da Bolívia.

Desta forma, os governadores opositores deixaram “nas mãos do presidente Evo Morales” o destino do diálogo sobre as mudanças constitucionais e acusaram o “reduto radical” de seu governo de buscar o fracasso do debate sobre as alterações da Carta Magna.


 
O governador de Tarija, Mario Cossio, pediu ao presidente diga “se serão restituídas as garantias constitucionais, se serão respeitados os direitos dos cidadãos”, como condição “imprescindível” para avançar no diálogo.



“Enquanto isto não ocorre, os cinco departamentos que participam no diálogo suspendem temporariamente a participação nas mesas de trabalho do diálogo”, anunciou Cossio.



“Não estamos rompendo o diálogo”, afirmou o governador ressaltando ainda que para demonstrar isso, os governadores da oposição permanecerão em Cochabamba, “à espera da reposta do senhor presidente”.



Compromisso com vândalos



A decisão foi tomada depois da prisão, na terça-feira, de um trabalhador no sudeste do país, durante uma operação policial, sob a acusação de participação em uma sabotagem aos dutos de gás durante os protestos opositores ocorridos no mês de setembro.



Cossio rebateu uma declaração prévia do ministro do Governo, Alfredo Rada, que afirmou que a prisão aconteceu por ordem fiscal, negando que a operação foi ilegal. Um decreto do governo dispõe que danos a instituições e bens estatais pelos grupos opositores serão pagos com recursos dos governos regionais e seus autores serão punidos.



Segundo Cossio, a detenção violou o acordo assinado pelo governo e pelos departamentos de oposição sobre as condições para o diálogo político. Em um dos pontos acordados, Evo se comprometeu em deixar em suspenso todo tipo de medida contra as pessoas que participaram das mobilizações cívicas opositoras.



“(O governo) voltará a dizer a lei que se impõe, que a lei não se negocia. Sim, estamos de acordo que a lei não se negocia. Porém exigimos que se respeite e se cumpra (o acordo) e não se atropelem os direitos de qualquer cidadão”, afirmou Cossi.



Da redação, com informações da Agência Ansa