Cortejada em BH, Jô diz que decidirá com o PCdoB

Com o segundo turno tido como certo em Belo Horizonte, a deputada Jô Moraes (PCdoB), terceira colocada nas últimas pesquisas, passou a ser assediada por Márcio Lacerda (PSB) e Leonardo Quintão (PMDB), que devem se enfrentar no dia 26. O eleitorado de Jô p

“Vou esperar a orientação do partido. A minha conduta pessoal durante 30 anos foi coletiva”, disse a candidata ao votar, às 10 horas.  “As pessoas não estão acima do partido”, agregou. Mesmo afirmando que estará na disputa do segundo turno, ela respondeu à imprensa sobre sua conduta caso não cheqgue lá.



Só “uma certeza” na “eleição do imponderável”



Jô esquivou-se de tomar uma posição sobre o segundo turno e disse que as opções estão em aberto. “Esta é a eleição do imponderável”, avaliou. Ela disse ter apenas “uma certeza”: “Esta eleição será decidida no segundo turno. Todo o resto é possível. Político nenhum pode ser antecipar à soberania do povo.”



As conversas sobre apoios para a disputa de um possível segundo turno dominaram a manhã dos três candidatos à prefeitura mais bem colocados nas pesquisas. Na última pesquisa Ibope , divulgada sábado (4), Lacerda viu sua vantagem sobre Quintão diminuir de 25 para 8 pontos. Agora, ele tem 39% e Quintão, 31%. Na Datafolha , também divulgada neste sábado (4), a queda foi de 22 para 11 pontos. O candidato do PSB caiu de 45% para 42% e viu o adversário subir de 23% para 31%.



Jo Moraes aparece no Ibope com 12% e no Datafolha com 11%. Embora estes números indiquem que a deputada comunista estará fora do segundo turno, significam também que o eleitorado de Jô – forte na intelectualidade e incluindo uma boa fatia do PT – pode ser o fiel da balança no 26 de outubro.



“Minas é como movimento das nuvens: muda a toda hora. A poucos dias atrás havia certeza de que a eleição seria decidida no primeiro turno. E estamos indo para o segundo”, lembrou a deputada, nascida na Paraíba mas estudiosa da sabedoria política mineira.



Ela se referia à meteórica ascensão de Lacerda nas pesquisas, catapultada pelo apoio conjunto do prefeito Fernando Pimentel (PT) e do governador Aécio Neves (PSDB). Em seguida o candidato refluiu com igual rapidez sem alcançar a sonhada eleição já neste domingo.



Lacerda pede  “união da esquerda”



Lacerda, ao acompanhar Pimentel na votação,  pediu uma “união da esquerda” no segundo turno, disse que o apoio de Jô é possível e bem-vindo. “A esquerda precisa refletir sobre sua responsabilidade para o futuro da cidade”, disse o candidato, que pelas pesquisas deve ser o mais votado mas em descenso.



“O campo da esquerda e da centro-esquerda saiu dividido nestas eleições. Isso não é bom porque esse campo tem sido responsável por gestões muito boas para a cidade nos últimos 16 ou 20 anos”, disse ainda Lacerda.



Ele e Pimentel minimizaram a ida ao segundo turno. “Para nós não é nenhuma surpresa”, disse o prefeito. Pimentel fez referência hostil aos demais candidatos que afirmaram que Lacerda foi derrotado ao ir ao segundo turno. “Eles queriam não perder no primeiro. Vão perder no segundo”, disse.



O candidato do PSB reconheceu o avanço do segundo colocado nas pesquisas. “Desde o começo sabíamos que ele tinha potencial para crescer, porque tinha um programa de TV bem feito e é muito articulado”. No entanto, também atacou o adversário. “A candidatura de Leonardo Quintão é um retrocesso para Belo Horizonte, ele é um tanto demagógico”, disse Lacerda.



Jô Moraes refutou esta declaração. “Eu queria saber por que uma candidatura do PMDB é mais perigosa que uma que inclui o PSDB, que é oposição à esquerda”, alfinetou a deputada.



Ainda assim, Jô não descartou entendimentos com Lacerda. “Nossos partidos, PSB e PDT, são aliados na esfera federal”, recordou ela. Mas foi vigorosa ao criticar o pacto petista-tucano em BH. “Esta é a aliança da contradição programática, uma aliança pautada não pelos interesses de Belo Horizonte, mas pela disputa de 2010. Meu interesse é em 2008.”



Quintão: “Direita não”



Leonardo Quintão, em entrevista coletiva na Escola Balão Vermelho, disse que não aceitará ter a sua candidatura empurrada para o campo da “direita”. Segundo o peemedebista, ele é um candidato “popular”, não “populista”.



Duro na crítica ao provável adversário – “O candidato nunca foi nada, o Márcio Lacerda, ele não participou de nada –, Quintão também fez uma afago em Aécio e disse querer o apoio de Jô. “Vamos conversar com o PCdoB, certamente. Não há ainda nenhum acordo. Temos uma amizade. A Jô foi vereadora comigo, deputada estadual, deputada federal. Nós vamos conversar com a Jô. Se a Jô for para o segundo turno – porque a urna quem decide é o eleitor – vou apoiá-la. Não apoio o Márcio Lacerda, de forma alguma, como já declarei quando a Jô estava com 20% e eu com 9% das intenções de voto”. 



Alencar: “Um tempo para cada coisa”



O peemedebista envolveu-se em um episódio com conotação política, ao comparecer, sem convite, ao colégio onde o vice-presidente José Alencar estava votando. Alencar respondeu com um mineiro chega-para-lá.



““Prefiro respeitar todos os candidatos. Quem nos ensina é o Eclesiastes: Há um tempo para cada coisa. Agora é o tempo da votação, depois será o tempo da apuração e depois da decisão, se houver segundo turno. Nós preferimos respeitar os candidatos. Todos vocês sabem que a nossa candidata é a Jô Moraes. O PCdoB fez aliança com o nosso partido. O nosso candidato a vice-prefeito é o Cláudio Sampaio, do PRB. E uma das maneiras que temos de nos comportar no momento é respeitá-la. De modo que é cedo para se falar nisso”, disse o vice-presidente.



Da redação, com agências