PMDB e atuais prefeitos são os maiores vencedores das eleições
Com a eleição definida em 5.517 dos 5.563 municípios do País, o PMDB é o partido que mais elegeu prefeitos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legenda soma 1.200 prefeitos eleitos, contra 784 do PSDB, 548 do PP, 546 do PT, 497 do DEM e 413
Publicado 06/10/2008 17:29
O resultado, segundo alguns cientistas políticos, representa uma vitória para os partidos que apóiam o governo federal. O índice de reeleição também foi grande, e é explicado em parte pelo bom desempenho da economia nos últimos quatro anos, favorecendo as administrações municipais que ampliaram a capacidade de gastos.
''Aconteceu o que chamamos de efeito bem-estar, que favorece os prefeitos que estão no poder'', acredita o cientista político Paulo Kramer. Nas capitais, já no primeiro turno, 13 prefeitos conseguiram se reeleger, e os outros sete que entraram na disputa foram para o segundo turno.
Fortalecimento do governo
Em relação à distribuição das forças políticas, David Fleischer considera que a base aliada ao governo federal saiu vitoriosa da disputa, ainda que o presidente Lula não tenha conseguido transformar seus altos índices de popularidade em vitórias dos candidatos petistas no primeiro turno em locais ''estratégicos'', como São Paulo e São Bernardo do Campo (SP).
Fleischer cita algumas disputas ''emblemáticas'' para explicar a opção do eleitorado nas últimas eleições. A principal, destaca, foi o caso de Belo Horizonte, onde o candidato Márcio Lacerda (PSB) será forçado a disputar o segundo turno com o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), mesmo tendo recebido apoio do governador Aécio Neves (PSDB) e do atual prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). ''O resultado de Belo Horizonte afetou bastante o cacife político do Aécio Neves, e se o PMDB ganhar vai ficar muito bem posicionado para retomar o governo estadual, daqui a dois anos'', disse o cientista político.
Em relação a Salvador, onde o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) liderava as pesquisas, mas ficou de fora do segundo turno – que será disputado entre o atual prefeito, João Henrique Pinheiro (PMDB), e o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) -, Fleischer tem uma explicação religiosa: ''A Igreja Católica se manifestou contrariamente à postura de ACM Neto, que divulgou fotos suas com o papa, com o bispo e usou muitos argumentos religiosos em sua campanha. Talvez isso ajude a explicar sua queda''.
Acordo de elite
Ricardo Caldas considera que o resultado de Belo Horizonte demonstra que o eleitorado não aceitou ''um acordo de elite'' entre o governador de Minas e o prefeito da capital. Para Caldas, Aécio Neves ''colocou seus planos pessoais de disputar a Presidência da República acima de qualquer lógica e de qualquer interesse da sociedade''.
O cientista político acredita que o resultado de Salvador foi ''a maior decepção'' que o DEM sofreu e obriga os partidos de oposição a reverem suas estratégias para as próximas disputas eleitorais. ''Os nomes da oposição estão enfraquecidos e, se ela quiser ter chances em 2010, vai ter que rever parcerias e estratégias.''
Fonte: Agência Câmara