PCdoB toma posição sobre 2º turno em São Luís, BH, Rio e POA
Reunida em São Paulo nesta quinta-feira (9) a Comissão Política do PCdoB fez um primeiro balanço das eleições de 2008, e apontou os rumos do partido no segundo turno. O encontro – ampliado com as presenças do ministro do Esporte, Orlando Silva Junior, do
Publicado 09/10/2008 21:55
Desde o primeiro turno PCdoB garantiu a reeleição do prefeito de Aracaju e elegeu o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, numa cidade Patrimônio da Humanidade e que já era governada pelos comunistas, mostrando que a população destas cidades aprovou a forma de governar do partido. Vai ao segundo turno com possibilidades de vencer em São Luís, no Maranhão, com os votos dados ao deputado federal Flávio Dino. Duplicou a sua votação para prefeitos em relação a 2004.
“No processo eleitoral de 2008”, declarou o presidente do PCdoB Renato Rabelo, “obtivemos um grande protagonismo, marcado pela reeleição na capital de Sergipe, em Olinda e em 40 outros municípios espalhados pelo país. Agora, no segundo turno, o partido será uma força fundamental nas decisões políticas eleitorais em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.” Renato, entretanto, dá prioridade máxima às eleições em São Luís, onde “uma força nova surge com Flávio Dino, contra as velhas oligarquias no estado”.
Ao lado das posições com vistas ao segundo turno, a direção nacional também analisou a nova realidade econômica, política e social criada no mundo a partir da crise no centro financeiro dos Estados Unidos. “O impacto econômico se abateu sobre as capitais européias, podendo se estender para a Ásia e a América Latina”, disse Renato Rabelo, acrescentando que certamente estes reflexos se farão sentir também no Brasil, com conseqüências econômicas e políticas nos próximos anos.
Pedro de Oliveira,
de São Paulo
Veja a íntegra da resolução da Comissão Política Nacional do PCdoB:
“1. Na primeira etapa das eleições municipais, registram-se importantes êxitos das forças de sustentação do governo Lula, em particular à esquerda. O PT alcança seis vitórias em capitais, o PSB duas e o PCdoB uma, entre as 15 já definidas. Vão ao segundo turno em mais oito capitais, incluindo aí o PDT, em disputas tão destacadas quanto as de São Paulo, Porto Alegre e Salvador. No conjunto do país, o PT destaca-se no incremento de prefeituras alcançadas – particularmente nas cidades com mais de 200 mil eleitores –, ao lado do PSB. Já o PMDB, como federação centrista, manteve-se ainda o partido com maior número de prefeituras e disputa segundo turno em capitais tão importantes como o Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. A oposição, por outro lado, colheu resultados decrescentes. O DEM perdeu acentuadamente no número de prefeituras, mas disputa o segundo turno em São Paulo. Seguem-se no recuo o PSDB, não obstante ter vencido em três capitais, e o PPS.
2. O PCdoB obteve expressiva vitória. Garantiu a reeleição de Edvaldo Nogueira em Aracaju e a manutenção do governo de Olinda, com Renildo Calheiros. Alcançou resultados promissores nas disputas de Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Velho entre as capitais. Multiplicou por quatro o número de prefeituras que elegeu, governando um eleitorado de 2,1 milhões de habitantes, em 40 municípios. Vai ao segundo turno em São Luís – com outro 1 milhão de habitantes. Praticamente duplicou sua votação majoritária com respeito a 2004, alcançando 1.728.000 votos, o maior incremento, ao lado do PV, dentre todos os partidos com representação na Câmara dos Deputados. Os votos proporcionais alcançaram 2.107.000, 65,4% maiores que os de 2004. Elegeu 608 vereadores, 122% a mais que em 2004, sendo 87 nas cidades com mais de 100 mil habitantes entre os quais 42 nos municípios com mais de 200 mil eleitores. São resultados expressivos, fruto de uma nova postura nas disputas majoritárias, que permitiu ao partido ampliar sua interlocução com a sociedade como um todo.
3. O novo mapa político nacional depende das disputas em segundo turno, particularmente em dez capitais. Definem-se aí as forças polarizadoras de 2010, Lula e Serra, particularmente nos resultados das capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. O PCdoB se orientará no segundo turno pelo fortalecimento da base de sustentação do governo Lula, do Bloco de Esquerda e do próprio PCdoB. Tais entendimentos se basearão em compromissos de plataforma programática e de gestão, bem como em entendimentos nacionais que se estabelecerem entre os partidos em questão.
4. O PCdoB despenderá o maior esforço pela vitória de Flávio Dino em São Luís, buscando agregar amplas forças políticas e sociais e desenvolver poderosa campanha de massas capaz de levar à vitória. Esse é o objetivo central do partido nesta etapa das eleições.
5. Serão mantidos os compromissos provindos do primeiro turno eleitoral em São Paulo e Salvador. São candidaturas de importância destacada no cenário nacional e o PCdoB não medirá esforços para levá-las à vitória.
6. Em Porto Alegre se buscará compor relações de apoio do PCdoB à candidatura do PT, o que requer entendimentos entre os partidos e a candidata Maria do Rosário.
7. No Rio de Janeiro é importante fortalecer um campo progressista em apoio à candidatura do PMDB – Eduardo Paes, em torno de compromissos a serem firmados, e demarcar campo com a candidatura tucano-verde de Fernando Gabeira, que objetivamente atua como oposição a Lula e é base para a oposição em 2010.
8. Em Belo Horizonte, objetivamente, a candidatura de Jô Moraes foi pivô da polarização contra a candidatura imposta pelo governador do estado e o prefeito da capital. No segundo turno, entretanto, nenhuma das duas candidaturas representa a renovação e o aprofundamento do projeto iniciado pela esquerda em Belo Horizonte. O PCdoB, por intermédio de sua direção nacional juntamente com a direção municipal, examinará a posição a ser adotada no segundo turno.
9. Em Florianópolis, como decorrência da polarização do primeiro turno, o PCdoB prosseguirá na linha de oposição à reeleição do atual prefeito e buscará examinar condições para apoio à candidatura que objetivamente se apresenta em alternativa, particularmente no tocante a pontos programáticos defendidos pela candidatura de Ângela Albino.
10. Serão estabelecidos entendimentos com o PDT em Macapá e com o PMDB em Belém, em torno das respectivas candidaturas. Em Manaus coloca-se naturalmente retomar entendimentos para o apoio à candidatura do PSB.
11. A Comissão Política se congratula com os prefeitos e vereadores eleitos, com toda a militância e os apoiadores e com o conjunto de candidatos e candidatas que permitiram esses êxitos os quais, sem dúvida, abrem caminho para um ulterior fortalecimento do PCdoB no cenário nacional. Até 26 de outubro é preciso manter o espírito de disputa e mobilização política nos locais onde há segundo turno, para perseguir vitórias que consolidem o quadro positivo para as forças de esquerda de sustentação do governo Lula. Onde não houver segundo turno, é preciso mobilizar energias para debater os desafios da gestão municipal conquistada nas urnas, constituir equipes e planos de governo e pautar o trabalho da bancada ampliada de vereadores alcançada, para corresponder plenamente à confiança que o povo depositou nos comunistas.
A Comissão Política Nacional
São Paulo, 9 de outubro de 2008.”