Bolívia: Congresso tenta votar acordo sobre novo referendo

O Congresso da Bolívia retomou neste domingo (19) as discussões para aprovar a realização do referendo que ratificará ou rejeitará a nova Constituição do país. Os debates foram iniciados na manhã de ontem e seguiram madrugada adentro, mas as negociações s

A oposição exigiu a suspensão da medida e acusou o ministro da Presidência, Ramón Quintana, de haver provocado a violência em Pando após organizar uma marcha de camponeses e destituir Leopoldo Fernández, até então prefeito (governador) do departamento. Responsabilizado pelo episódio, Fernández foi preso.


Após nove horas de debate e nenhum acordo, os trabalhos foram suspensos e o tema acabou encaminhado a uma comissão do Congresso. Hoje, deve voltar à agenda a convocatória do referendo constitucional.



Mas, embora uma comissão formada por congressistas dos quatro partidos com representação no Congresso já tenha se disponibilizado a buscar consensos sobre pontos polêmicos da nova Carta Magna, a negociação deve continuar difícil. De lados diferentes, governo e oposição divulgam visões diferentes sobre a situação.



O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, que também preside o Congresso, disse ontem que faltam “milímetros” para um acordo, após grandes avanços conseguidos. Mas o senador Antonio Franco, da oposição, disse que existem apenas “alguns avanços”, concentrados ainda na primeira das três fases de negociação.



“Falta ainda discutir vários temas de conjuntura”, disse o senador. Somente depois é que serão abordados os artigos do projeto e as os procedimentos pelos quais poderão ser feitos os ajustes no projeto de Constituição.



Enquanto segue o impasse no Congresso, camponeses alinhados ao governo do presidente Evo Morales continuam marchando em direção a La Paz, onde devem chegar amanhã para pressionar os parlamentares.



“Esperamos que os congressistas aprovem de uma vez a convocatória. Tudo depende de sua atitude para decidir se, quando chegarmos (a La Paz), cercaremos o Congresso ou nos reuniremos no outro lado para festejar”, advertiu Fidel Surco, líder da marcha.



Segundo ele, atualmente cerca de 50 mil pessoas participam da manifestação, mas este número deve subir na medida em que a marcha se aproxima da capital e acolhe grupos vindos de outras regiões do país. A expectativa é de que até 200 mil camponeses entrem em La Paz juntos.



A coluna central do protesto partiu de Caracollo, no departamento de Oruro, 200 quilômetros ao sul da capital, e contou com a participação de Morales. Quando chegarem a La Paz, os camponeses querem que o presidente volte a acompanhá-los.



Fonte: Ansa Latina