Salvador: Debates esquentam disputa do 2º turno

Beneficiados pelo maior tempo para exposições de idéias, os candidatos à prefeito de Salvador João Henrique Carneiro(PMDB) e Walter Pinheiro (PT) utilizaram o debate realizado pela Record neste domingo (19/10) para demarcar a diferença entre as duas candi

Durante o debate na Record, os candidatos repetiram a postura inaugurada no encontro realizado na Band na quinta-feira passada, com Pinheiro, da coligação Salvador, Bahia, Brasil (PT, PSB, PCdoB e PV), reafirmando sua parceria com Wagner e Lula, enquanto o prefeito e candidato á reeleição João Henrique  criticava abertamente o governo estadual. A emergência na saúde, a construção do hospital do Subúrbio, a situação das barracas de praia e o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano foram alguns dos temas  colocados em discussão pela organização do debate.


 


A troca de farpas aumentou ainda mais quando foi permitido a troca de perguntas entres os dois candidatos. JH questionou Pinheiro sobre a participação do PT em seu governo, a importância do PMDB para os governos Lula e Wagner e as alianças para o segundo turno. Já Pinheiro perguntou ao prefeito sobre as críticas a Wagner, o atendimento nos postos de saúde, a falta de capacitação dos desempregados e as contas da Prefeitura. Cada pergunta e resposta serviam de munição para as críticas do adversário, numa prova de que o clima da sucessão municipal em Salvador é de enfrentamento.


 


O prefeito João Henrique manteve o ataque á Pinheiro durante todo o debate, subindo o tom principalmente nas críticas ao governo Wagner, a quem atribuiu a culpa pela morosidade em algumas ações da Prefeitura. Pinheiro preferiu fazer perguntas contundentes a JH, que em diversos momentos perdeu a calma, demonstrando inquietação e descontentamento com a atitude do petista. Ao final, Pinheiro utilizou as afirmações e reticências de JH para comprovar seu argumento de que Salvador precisa de um novo gestor. “Salvador precisa de um prefeito que assuma as responsabilidades pelas ações da Prefeitura e não fique atribuindo a terceiros a culpa pelos erros de sua administração. Vamos fazer um governo diferente, voltado para a superação da desigualdade social, através da geração de emprego e renda”,  reforçou Pinheiro.


 


O samba das pesquisas


O clima do debate na Record foi acirrado pela divulgação de pesquisas do Ibope e Datafolha no final de semana. Como no primeiro turno, os levantamentos trouxeram números desencontrados, mesmo tendo sido realizadas nos mesmos dias e com número aproximado de eleitores.  Segundo o Ibope, João Henrique (PMDB) e Pinheiro (PT) estão empatados com 44% das intenções de voto, cada um. Já o Datafolha, mostra João Henrique com 48% e Pinheiro com 41% da preferência do eleitorado. O Ibope ouviu 805 eleitores nos dias 16 e 17 de outubro, mesma data da consulta do Datafolha que ouviu 960 pessoas. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos nas duas pesquisas.


 


Os dois candidatos comentaram as pesquisas, que mais uma vez foram questionadas pelos dois lados. Se a falta de sincronia entre as duas já é um bom motivo para não levá-las em conta, vale lembrar também que os dois institutos erraram feio no primeiro turno em Salvador. O Ibope apontou a liderança de ACM Neto durante toda a campanha, o colocando empatado com Pinheiro e João Henrique com 29% dos votos no dia anterior á eleição, mas as urnas revelaram que Neto seria apenas o terceiro colocado. O Datafolha também não acertou, pois apontou uma ampla vantagem de JH sobre ACM Neto, o segundo colocado, e   Pinheiro, o terceiro. O primeiro turno acabou com Pinheiro em segundo lugar e com menos de 1% de diferença de JH, o primeiro colocado.


 


O resultado não surpreendeu os eleitores, que deixaram de acreditar em pesquisas desde 2006, quando as consultas mostravam a reeleição em primeiro turno do governador Paulo Souto (DEM) com mais de 60% dos votos, mas as urnas revelaram a vitória de Jaques Wagner. Até hoje nenhum instituto conseguiu explicar como um candidato que aparecia com 20% das intenções de voto até a véspera da eleição, conseguiu se eleger em primeiro turno, ou seja, com mais de 50% dos votos dos baianos. Por isso, na Bahia as pesquisas servem como termômetro e instrumento de propaganda, mas não dá para acreditar cegamente em seus resultados.



 


De Salvador,
Eliane Costa