CEF, BB e BNB mantêm paralização
Com a participação de mais de mil bancários, assembléia votou pela continuação da greve nos bancos oficiais
Publicado 23/10/2008 10:52 | Editado 04/03/2020 16:36
A greve dos bancos particulares chega ao fim após 15 dias, mas continua nos bancos oficiais. Esta foi a decisão tomada pelos bancários cearenses, durante assembléia geral realizada na noite de ontem na sede do sindicato da categoria e que avaliou a nova proposta enviada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban): reajuste salarial de 10% para quem ganha até R$ 2.500,00 e 8,15% para as demais faixas salariais e benefícios.
Em relação à Participação em Lucros e Resultados (PLR), a proposta dos bancos é de 90% do salário mais parcela fixa de R$ 966,00, com teto de R$ 6.301, 00, mais adicional de 8% da diferença entre o lucro líquido de 2008 em relação a 2007, distribuídos linearmente para todos, com piso de R$ 1.320,00 e teto de R$ 1.980,00.
Caso a soma da PLR seja inferior a 5% do lucro líquido, a participação nos lucros será equivalente a 2,2 salários, com teto de R$ 13.862 (o que vier primeiro). O pagamento da PLR será efetuado até dez dias após a assinatura do acordo.
Apesar de não atender a todas as reivindicações, os bancários consideraram que a proposta da Fenaban, apresentada na última terça-feira, traz avanços importantes: aumento real, valorização dos salários mais baixos, num reconhecimento da importância da participação de quem mais esteve presente na greve, quebra da regra básica e aumento na PLR.
Quanto aos dias parados (compensação até 15 de dezembro), o Comando Nacional do movimento defendeu até o limite a anistia completa dos descontos. Só não foi possível por causa da postura extremamente intransigente da Caixa Econômica Federal.
Sobre o assunto, ontem durante a assembléia, o presidente do Sindicato dos Bancários, Marcos Saraiva, apontou esse item como prioritário ao não retorno ao trabalhos. “A proposta dos banqueiros não atende nossas exigências”, disse, apontando como outro impedimento para o fim da greve a falta de compromisso com a implantação do Plano de Cargos e Salários no Banco do Brasil. Também não houve compromisso com a implantação da isonomia, adiantou.
A decisão dos bancários cearenses contraria a orientação dada pelo comando nacional, de aprovação das propostas da Fenaban e do Banco do Brasil e não apreciação da proposta da Caixa. Hoje, acontecerá nova rodada de negociação na Caixa para discussão da pauta específica e da PLR.
Já o diretor do setor jurídico do Sindicato dos Bancários do Ceará, Henrique Ellery, explica que a proposta do BB não é satisfatória, por isso foi rejeitada pela categoria. Ele considerou que os índices financeiros não representam o maior entrave para fim do movimento. “No Banco do Brasil, um dos motivos de insatisfação está relacionado com a lateralidade, ou seja, arranjaram um jeito de quando um empregado de substituir quem tem chefia, ficar com mais serviço e mais responsabilidade, porém sem ganhar por isso”, lembrou.
Ontem, clientes da CEF foram impedidos de entrar nas agências para retirar dinheiro nos caixas eletrônicos. Piquetes do lado de fora garantiram o afastamento da clientela. Aqueles que tentaram entrar, foram barrados pelos segurança do banco. A proibição gerou protestos, por exemplo, do autônomo Francisco Alves, que tentava sacar dinheiro na agência da Pessoa Anta.