Pesquisa revela Amazonino com vantagem de 19% sobre Serafim

A pesquisa mais recente em Manaus realizada pelo Instituto Unisol, encomendada pelo jornal A Crítica, aponta o ex-governador Amazonino Mendes (PTB) com 54,93% dos votos válidos contra 34,94% do atual prefeito Serafim Corrêa (PSB) na disputa pe

O Instituto, ligado a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), entrevistou nos dias 17, 18 e 19 deste mês 1.057 eleitores. Levando em conta a margem de erro de 3% para baixo e para cima, a menor diferença entre os dois é de 13,99% a favor de Amazonino.


 


Confirmada essa tendência no eleitorado manauense, Amazonino retorna a um cargo político no Estado depois de seis anos. Na eleição de 2004, ele também disputou o segundo turno contra Serafim e foi derrotado. Na época os adversários já davam como certa a sua aposentadoria.


 


Amazonino, que tem 68 anos, já exerceu dois mandatos de prefeito em Manaus, sendo um como interventor nomeado pelo ex-governador Gilberto Mestrinho. Elegeu-se governador em 1987 e senador em 1991. Em 1995 voltou ao cargo de governador e foi reeleito em 1999.


 


Para os partidos de esquerda e setores progressistas, o retorno de Amazonino representa o que é de pior para a política amazonense. Seus planos são claros. Quer disputar o governo em 2010.


 


Sua trajetória política é marcada por denúncias de casos de corrupção. Em 2001, por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que fosse avaliada judicialmente a mansão erguida pelo ex-governador às margens do rio Negro, no bairro Tarumã. As estimativas dão conta de que os gastos na obra chegaram a R$ 1,3 milhão. Na época, ele declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) possuir R$ 722 mil  em patrimônio.


 


As imagens do palecete do ex-governador com piscina climatizada, cascata e heliporto chegaram à tela da Globo. Em 2000, ele pagou de IPTU da mansão apenas R$ 618, quando o valor do mercado ultrapassava os R$ 10 mil por ano.


 


Amazonio voltou ainda ao noticiário nacional por causa da denúncia de seu envolvimento na compra de votos para a aprovar o projeto que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Carodoso. Na ocasião, dois deputados federais do Acre foram pegos afirmando que venderam seus votos por R$ 200 mil cada. O comprador era Amazonino. Ele teria garantido 19 votos para ajudar o governo a aprovar o projeto.


 


O ex-governador também foi acusado de ser o verdadeiro dono da Econcel, empresa que faturou no seu governo R$ 50 milhões pela realização de diversas obras. A denúncia foi feita pelo empresário Fernando Bonfim que declarou ser testa-de-ferrro dele. O empresário saiu de Manaus e nunca mais voltou.


 


O velho com a imagem de novo


 


Embora represente o atraso políticos e o retorno das práticas populistas no poder, Amazonino não demonstra isso ao eleitorado. Ele busca o discurso da modernidade e, a exemplo de outras raposas, explora a condição de candidato de um partido da base aliada do presidente Lula.


 


A avaliação é do cientista político Carlos Santiago para quem a eleição em Manaus também é apática. “É uma campanha muito fria, tem pouco confronto. O Amazonino com um discurso populista e o Serafim com o técnico”, compara.


 


Ele diz que as grandes lideranças do primeiro turno não se envolveram diretamente na campanha. É o caso de Omar Aziz (PMN), terceiro colocado, e Francisco Praciano (PT) quarto colocado.Outros atores como o governador Eduardo Braga (PMDB) e o ministro Alfredo Nascimento anunciaram neutralidade.


 


A candidatura de Serafim também dividiu os partidos. Uma parte do PT caminhou com o candidato e outra com a candidatura própria. O PCdoB retirou o nome da deputada Vanessa Grazziotin da disputa devido solicitação do PSB. Os comunistas marcharam com Omar Aziz no primeiro turno.


 


Por conta dos atritos, segundo o cientista político, houve dificuldades de recompor as forças de esquerda no segundo turno.


 


Serafim ainda vem de um processo de recuperação da sua imagem,  bastantes desgastada por causa dos problemas estruturais da cidade como o transporte, asfaltamento e falta d´água. O prefeito diz que está resolvendo problemas que o grupo de Amazonino não resolveu nos 20 anos que esteve no poder.


 


De Brasília,


Iram Alfaia