Fortaleza pode ganhar nova data de anivesário

Projeto de lei aprovado ontem pelos vereadores, em primeira discussão, altera a data de fundação de Fortaleza. O município passaria a ter 404 anos de existência, ao invés dos atuais 282, mas líder da prefeita quer mais discussão

A partir do próximo mês, Fortaleza poderá ganhar 122 anos a mais de existência. Tudo por conta de um projeto de lei aprovado ontem na Câmara, em primeira discussão, que altera a data de fundação da cidade – que atualmente é 13 de abril de 1726 – para 25 de julho de 1604. Teria sido nesse dia que portugueses ergueram, no território que compreende hoje a Barra do Ceará, o Fortim de Santiago. Vereadores e historiadores terão até a próxima quarta-feira, data da aprovação definitiva do projeto, para apresentar alguma contestação. Caso seja aceito, a lei segue para sanção da prefeita Luizianne Lins (PT), que terá 30 dias úteis para regulamentá-la.


 


A entrada do projeto na pauta de discussões pegou de surpresa o líder da prefeita, Guilherme Sampaio (PT), que optou por abster-se da votação. O petista alegou que precisaria estudar a tese apresentada pelo pesquisador Adauto Leitão – que deu base à criação do projeto – e conversar com alguns historiadores para reunir elementos que lhe possibilitassem votar com consciência. “Essa decisão pode vir a ser tomada sem a convicção necessária”, alegou Guilherme, defendendo que os demais vereadores também não teriam informações suficientes para aprovar a nova lei. Ele chegou a propor a realização de uma mesa redonda para discutir o tema.


 


O vereador Idalmir Feitosa (PSDB), autor do projeto, contestou o líder da prefeita ao afirmar que os vereadores presentes em plenário “possuíam elementos históricos para votar com consciência”. “Se a Câmara tem 300 anos, como a cidade só tem 284?”, questionou o tucano, tomando como base documentos que comprovariam que o primeiro ciclo legislativo da Capital teria acontecido entre os anos de 1701 e 1708, em um prédio que funcionava às margens do Rio Ceará. Por fim, brincou com a proposta do petista de se realizar uma mesa redonda: “Essa mesa vai ficar quadrada e a votação não acontece”.


 


Guilherme, não convencido, lançou outra proposta: utilizar o tempo destinado ao pronunciamento de vereadores para que especialistas pudessem apresentar o seu ponto. Em seguida, o presidente da mesa, Tin Gomes (PHS), afirmou que o espaço para discussão já havia sido dado durante audiência pública que tratou do assunto e que não iria ficar esperando os historiadores apresentarem interesse. “Não pode existir um filho sem uma mãe”, metaforizou Tin, explicando que a Câmara não poderia ter sido criada antes da fundação de Fortaleza.


 



E-MAIS


 


– Na galeria do plenário, moradores da Barra do Ceará esperavam eufóricos pela aprovação do projeto. O animador da platéia era o pesquisador Adauto Leitão, que articulou com os vereadores Tin Gomes e Idalmir Feitosa a criação da lei.


 


– Adauto, em meio a gritos e aplausos, afirmou que a aprovação da lei fará com que o bairro receba uma atenção especial por parte do poder público.