Antonio Capistrano: Carlos Marighella, um grande comunista, um herói brasileiro
Carlos Marighella, mulato nascido na Bahia, na cidade de Salvador, no dia 05 de novembro de 1911, sua mãe, Maria Rita do Nascimento, descendente dos haussa, habitantes do norte da Nigéria no continente africano, seu pai, italiano, Augusto Marighella, orig
Publicado 05/11/2008 13:54 | Editado 04/03/2020 17:08
Marighella, em termos revolucionários, pode ser considerado o nosso Che Guevara. Desde jovem participou ativamente da vida política do país, contestando as injustiças, lutando por um mundo melhor. Ainda estudante deixou a faculdade de engenharia para se dedicar ao Partido Comunista do Brasil, sem temer as conseqüências, é preso mais de uma vez, mas, continuou firme na sua convicção ideológica, a prisão, nem a clandestinidade o dobrou aos pés da burguesia, nem aos “encantos” do capitalismo.
A saudosa camarada Ana Montenegro, sua velha amiga e companheira de partido, falando sobre Marighella, no seu livro “Tempos de Exílio”, editora Novos Rumos – 1988, o descreve como “um homem de uma inteligência privilegiada, que não sufocava os demais. Uma inteligência horizontal, abrindo espaço para que todos pudessem opinar, contribuir e participar. Escutava as opiniões e as respeitava. É verdade que sua personalidade se impunha, muitas vezes, porque o admirávamos. Era eclético, não se limitava às discussões políticas. Gostava de todas as manifestações artísticas. Escrevia poemas e peças de teatro. Ensinava como se estivesse aprendendo. Não dava ordens e nem se apresentava com idéias acabadas. Aparecia, sim, com idéias arrojadas, audaciosas era um verdadeiro revolucionário.” Marighella era um intelectual, um humanista um grande comunista. Na constituinte de 1946 foi um grande parlamentar.
Ana Montenegro estava no exílio quando soube da morte de Marighella e em sua homenagem fez esse belo poema que reproduzo extraído do seu livro Tempo de Exílio:
Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las sem a luz do dia?
Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nesta manhã fria?
Em seu enterro não havia povo:
Como encontrá-lo nessa rua vazia?
Em seu enterro não havia gestos:
Parada e inerte, a minha mão jazia
Em seu enterro não havia vozes:
Sob censura, estavam as salmodias
Mas luz e flor, povo, gesto e canto
responderão presente, chegada
a primavera, mesmo que tardia
Neste 04 de novembro completa 39 anos de sua morte e no dia 05 de novembro, 97 do seu nascimento. Marighella morreu em 1969, lutando por um mundo justo, sonhando concretizar a sua utopia, acreditando no socialismo. Buscou na Igreja Católica, através dos dominicanos, a santa aliança, que seria basilar na luta contra a brutal ditadura implantada no Brasil em 1964. Todas as homenagens a esse herói dos povos oprimidos, herói do povo brasileiro, presença honrosa na galeria dos grandes vultos da nossa história se faz necessário. O seu nome não pode, nem deve ser esquecido. Marighella está vivo, continua vivo na historia do Brasil e na memória dos revolucionários, dos comunistas e do povo brasileiro. Ele faz parte dos grandes heróis latino-americanos.
Antonio Capistrano é filiado ao PCdoB.