Em entrevista, Luizianne Lins fala sobre segundo mandato
Após voltar das férias, a prefeita reeleita de Fortaleza, Luizianne Lins concede entrevista ao O Povo, fala sobre seu segundo mandato, Operação Marambaia, mudanças na Prefeitura e sucessão na Câmara Municipal. Leia a seguir a entrevista na íntegra.
Publicado 05/11/2008 10:54 | Editado 04/03/2020 16:35
Como a senhora tem acompanhado a sucessão à presidência da Câmara Municipal? O que acha do nome do Salmito Filho (PT)?
A questão da presidência da Câmara é um debate que vai perdurar até a véspera da eleição. É sempre assim. Pela minha experiência com dois mandatos de vereadora, acompanhei a eleição para a presidência quatro vezes. Isso daí a gente sabe que só define mesmo é próximo à eleição acontecer. Quanto mais cedo o processo se define, mais desgaste sofre o candidato à presidência. É natural porque quem está contra a candidatura vai ficar minando a candidatura. Não espere que eu vá dar minha opinião já tomando partido por algum candidato. Em primeiro lugar porque eu preciso fazer as diversas conversas que eu acho que devo fazer com os partidos que vão nos apoiar. Outra grande vitória que nós tivemos, os partidos de uma forma ou de outra que apoiaram a coligação majoritária… só para você saber. Quando fui eleita em 2004, dos 41 vereadores que chegaram à Câmara, tinham me apoiado no primeiro turno só um, chamado Sérgio Novais (PSB). Os outros, mesmo os do PT, não declaram apoio, ficaram na ambigüidade e apoiaram o Inácio (Arruda, que disputou a prefeitura de Fortaleza em 2004). Dos 41, 1. Agora, eleitos pela coligação majoritária que nos apoiou, 29 são diretamente ligados à nossa candidatura. E nós fizemos uma reunião com vereadores, que não foi divulgada na imprensa, para conhecê-los. Nem para falar de mesa diretora, só para conhecer. Para nós, tem uma força social muito grande a nossa candidatura ter ganho no primeiro turno. Eu me comprometi com esses 29, já conversamos com eles e colocamos a possibilidade de conversamos em um processo seguinte. A idéia foi fazer (a conversa) até o final de novembro. Embora você sabe que eu, como ex-vereadora, posso dizer que tenho respeito e que tem uma dinâmica que a Câmara deve… Acho que devo participar no momento certo para evitar qualquer tipo de ingerência política direta nesse processo. De qualquer maneira, existem alguns nomes que temos um carinho muito especial e que poderiam estar nesse processo de disputar e de tentar a maioria na Mesa.
Por exemplo…
Poderia citar o próprio Salmito; o Guilherme (Sampaio), que foi meu líder de governo e fez um excelente trabalho; podia citar o Acrísio (Sena), o Ronivaldo (Maia).
São só correligionários da senhora.
A Eliane Novais, do PSB, o Elpídio (Nogueira). Estou falando especialmente do PT e do PSB porque têm mais de um. Poderia citar também a Eliana Gomes, do PCdoB, que é uma pessoa que pode ser importante. São muitos nomes que a gente agora tem que ver qual a movimentação. A condução da Câmara vai ter muito a ver com a habilidade dos candidatos de articulação e do transcorrer desse processo agora. Nós temos condições de dar um salto importante de qualidade. Infelizmente tem gente que tem uma falta de visão social muito grande e que minimiza o que Fortaleza vem vivendo a partir de 2004. A mudança de cultura política que a Câmara municipal vem tendo são mudanças significativas. Quem não vê é uma miopia política muito grande, não compreender que a Câmara vem mudando a relação com o Executivo. A Câmara hoje tem consciência do seu papel político com a cidade.
A senhora considera que é uma relação de dependência?
Relação de dependência seria se fosse uma relação de troca que nós acabamos com isso. É bom que se diga porque quem diz não tem nada palpável para poder sustentar essa acusação (que há dependência do Legislativo em relação ao Executivo). Existe uma relação de respeito, existe uma relação de insatisfação vira e mexe com o Executivo porque o Executivo não é para satisfazer todas as reivindicações individuais, ele é feito para governar a cidade e ter uma boa relação política com os vereadores de uma forma geral. Nesse contexto, houve um avanço muito significativo. Eu vejo que a partir de 2004 há um sentimento de mudança muito forte de cultura política no Legislativo municipal. Acho que esse segundo mandato vai aprofundar e colocar no patamar que a Câmara merece. Nas características desse novo presidente é que eu tenho me debruçado mais. A determinação de ser um agregador e é importante que a câmara continue sendo bem vista pela sociedade. Essa renovação que teve representa as pessoas de olho na Câmara. E com relação às definições… Eu já tive uma reunião com a bancada do PT.
Quando foi?
Na semana da eleição. Isso posso divulgar, não tem problema não. Na época não foi dito, mas reuni a bancada do PT e reuni a bancada de apoio ao governo que foi eleito. Foram reuniões que eu fiz antes de sair (de folga por mais de 10 dez dias), como também me reuni com o atual presidente da Câmara, o Tin (Gomes, do PHS) já na condição de vice para a gente pensar um pouquinho no futuro. Minha idéia é a partir de amanhã retomar essas conversas políticas. Mas só devo mesmo entrar para colaborar ou para ajudar no final de novembro. Até porque até lá muita água vai rolar e o que temos de evitar é o desconforto entre as pessoas que estão disputando. Não nos cabe sair desse processo com dificuldades.
Eu queria saber um pouco do que houve nessa reunião. Qual a diretriz que foi dada a essa bancada que é, ao lado do PMDB, a maior bancada? Acha que o novo presidente da Câmara deve sair da bancada do PT?
Eu não posso afirmar isso ainda porque preciso conversar com a turma toda. Teve um gesto importante do PSB para abrir espaço do vice-prefeito. O PSB foi parceiro. O PSB tinha tudo para ter o candidato a vice-prefeito e abriu mão disso. Acho que eu preciso ouvir. Essa reunião era um pouco do perfil de cada um vai poder colaborar. O Acrísio, o Ronivaldo, o Salmito e o Guilherme são pessoas que são muito próximas.
O Salmito está conversando com vereadores do DEM e do PP. Como a senhora avalia essas conversas?
Está atrás de voto, né? Afinal de contas o presidente vai ser de todos os vereadores.
É legítima essa articulação com parlamentares da oposição (DEM e PP lançaram Moroni Torgan para disputar contra Luizianne na campanha deste ano)?
É legítimo, é legítimo. Ele vai ter que ter esse jogo de cintura. Pedir voto não é nenhum problema, é natural do processo. O que poderia questionar é que tipo de conversa, mas pelo que estou entendendo é pedir apoio. Pedir apoio não custa nada. Não vejo nada demais, está no papel dele como papel de candidato.
A expectativa é que seja um processo tenso por que muitos vereadores da base querem ser presidente, como o Carlos Mesquita, o Salmito, o Guilherme? Essas conversas devem ser tensas por conta disso? Há algum receio de quem em 1º de janeiro a base esteja desgastada por conta desse processo?
Acho que não. Foi uma vitória (a eleição) importante que tem espaço para todo mundo nesse projeto, para que essas pessoas possam estar colaborando cada uma da sua maneira, a partir das suas potencialidades. Outra coisa que eu tenho de dizer, que eu tenho ouvido muita gente de forma leviana colocando, é que esse governo não será fatiado por intenção política por A, B ou C. Vai ser um governo que vai ter sua finalidade política em curso, sabemos onde queremos ir. Nenhum tipo de composição política vai nos impedir de fazer, de avançar onde precisamos avançar nesse segundo governo. Estão claras as limitações de um primeiro governo. A gente assume em 2005 uma cidade financeiramente falida, com a moral baixa do ponto de vista da auto-estima e com uma carga cultural política muito pesada. Foi muito difícil em menos de quatro anos fazer todas essas transformações. Fazer plano de cargos e carreiras para melhorar o sentimento de quem trabalha aqui, uma máquina muito grande e ao mesmo tempo mal paga, superar isso; cuidar da infra-estrutura urbana da cidade, que não foi fácil, principalmente com as dificuldades financeiras; e ao mesmo tempo construir uma nova relação com a Câmara Municipal. Isso foi ''tudo ao mesmo tempo agora'', como diz a música (do disco homônimo de 1991) do Titãs. Foi por isso que ganhamos no primeiro turno, não foi por nenhuma mágica, não foi por causa de Lula (presidente da República), não foi por causa do Duda (Mendonça, marqueteiro da campanha dela neste ano), fizemos isso porque nós tínhamos o que mostrar e tínhamos total consciência disso. Inclusive eu dizia, não publicamente, mas dizia para as pessoas com que eu convivia que a gente iria ganhar no primeiro turno. Do jeito que eu dizia em 2004 que iria ganhar a eleição. Para não parecer fora de tempo, esnobe (não disse publicamente).
Então já havia essa confiança?
Eu sabia e tinha consciência dos avanços que essa cidade teve no primeiro governo. Para mim era uma questão de tempo a sociedade amadurecer e ver o que foi esse primeiro governo para essa cidade e o que ele construiu de base para o segundo governo. Isso para mim estava muito claro.
Há uma grande expectativa de quando a senhora vai começar a discutir o secretariado. Há um ponto interessante, que é quando a senhora estava falando do histórico político da cidade, que era comandada pelo PMDB e que agora é um aliado. Qual o espaço que o PMDB deve ter dentro desse novo secretariado?
Não pretendo discutir a formação do secretariado a partir da soma partidária que nos favoreceu eleitoralmente. Claro que as pessoas que colaboraram, que ajudaram… Vamos ter que ter a capacidade para saber quais os melhores quadros para governar Fortaleza, do jeito que fizemos no governo passado. Se você observar, esse governo é um governo de esquerda. É só apontar qual é o meu secretário que é direita. Qual o meu secretário que é de direita ou que foi de direta durante todo o governo? Quem? Na verdade, pretendo continuar com um governo de esquerda, aprofundando as questões políticas de esquerda na cidade. Existem nomes no PMDB que são extremamente sérios.
E que a senhora considera que sejam de esquerda?
Não, mas que não vão mudar o rumo do governo.
Mesmo não sendo de esquerda?
Ele pode conduzir uma política de esquerda. Eu posso dizer para você, por exemplo, João Melo. João Melo foi um secretário da época do Juraci (Magalhães, ex-prefeito de Fortaleza pelo PMDB) que se destacou em relação a todos, extremamente correto, sério. O próprio (Antônio) Cambraia (PMDB), que foi prefeito de Fortaleza. Na época, não me lembro de ter nada que desabonasse a conduta do Cambraia. Eu me lembro que eu era funcionária pública (servidora concursada da Empresa de Limpeza Urbana de Fortaleza, a Emlurb) e era um prefeito que foi querido. Existem nomes que podemos contar. Como vai ser a composição? Eu preciso conversar com todo mundo, com os partidos. Uma coisa pode deixar claro que quem está apostando, como vi artigos e ouvi gente, que esse vai ser um governo picotado… como ouvi um suposto cientista política avaliando que o governo vai ser de centro-direita, achei aquilo um absurdo, achei uma miopia política, uma falta de visão. As pessoas parecem que estão vendo a menos de cinco metros de si mesmo. Quem está apostando que não será um governo de esquerda, serão não só um governo de esquerda como vai aprofundar todas as teses políticas dentro das condições materiais da esquerda. O que não conseguimos fazer no primeiro governo porque era coisa demais para organizar e nem todo mundo segura a onda… tem gente que não segura a onda porque quer dar conta da realidade material, faz política querendo governar a Lua… Tem gente que faz a campanha eleitoral para tentar administrar a Lua, prefeito da Lua. O (Karl) Marx dizia que a gente não muda as coisas de acordo com a nossa vontade, o nosso desejo. Até porque as coisas não são do jeito que a gente quer. Marx dizia que a mudança social tem que levar em conta os fatores sociais e históricos e materiais do mundo que a gente vive e do momento que a gente está. O que eu posso lhe assegurar é que vou passar esses dois últimos meses debruçada sobre cada secretaria, sobre todos os avanços de cada secretaria, sobre a dinâmica, como foi o relacionamento dos secretários com as equipes. Se no primeiro governo a minha tarefa foi muito correr atrás de dinheiro para a cidade que estava quebrada, buscar financiamento internacional pra os grandes projetos que estão em curso, como esse aí do Hospital da Mulher, os Cucas (Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza) estão bem acolá (disse apontando para pilhas de papéis que estavam no chão, perto de uma estante), assegurado dinheiro para a Praia de Iracema, o Vila do Mar que é um sonho de milhares que está em curso. Estamos com dinheiro assegurado do Transfor, que está em curso, o Palácio do Bispo… e várias outras coisas que eu poderia citar. Isso foi a minha tarefa no primeiro governo, era fazer tarefa de articulação política e conseguir dinheiro para o governo. Nesse segundo governo vou privilegiar a gestão. Vou acompanhar de perto pari passu o trabalho de cada secretaria. Agora a gente tem as condições materiais para que a gente realize, execute as grandes obras. Vou fazer parte mais institucionalmente da cidade, conversar com os setores, com os empresários, que eu não me detive muito porque não tinha tempo, não tinha condições. Não podia conversar demais e um monte de coisas para fazer. Fui dez anos parlamentar, mas tem nada parecido e que chegue nem perto do Executivo.
Nessa primeira gestão, havia várias críticas de que a máquina não andava. Aliados chegaram a chamar secretários de inaptos. Na primeira entrevista após eleita, a senhora disse que agora ''zera tudo'', que esperava que os atuais secretários colocassem seus cargos à disposição para que pudesse fazer à vontade as mudanças necessárias. A senhora já tem hoje as pastas que a senhora pretende fazer mudanças?
A primeira coisa que quero fazer é uma correção. Vi artigos de jornalistas históricas na cidade, pessoas com larga experiência, mas com análise superficial, o que para mim foi decepcionante. Quando se disse naquele momento que zera tudo, era querendo dizer que era natural que, terminado um governo, as pessoas entendam que não quero ter nenhum tipo de constrangimento, foi apenas uma sinalização, que todos os cargos estão sujeitos a serem mudados porque estamos entrando em uma nova fase. Não quer dizer que vamos mudar todos os secretários, nada disso. Diante das perguntas sistemáticas, ''quem é que vai?'', ''quem é que volta?'', ''vai tirar gente?''. Quando eu disse ''zera tudo a partir de dezembro'' é porque é uma nova fase do governo. É o mesmo governo, mas é uma nova fase.
Hoje a senhora não tem essa lista ainda de onde deve haver mudanças?
Não, não porque não acho que a máquina foi inapta, não acho que os secretários foram incompetentes. Tanto não acho que fomos reeleitos no primeiro turno. Acho que povo viu isso e compreendeu isso. Inclusive, embora alguns setores da imprensa quiseram minimizar a vitória, não é pouca coisa diante da hostilidade que foi essa campanha, diante do PSDB e do DEM divididos em candidaturas, com uma campanha sórdida, uma campanha cheia de ódio, a gente ser consagrada prefeita no primeiro turno e ter mais de 100 mil pessoas na avenida da Universidade comemorando essa vitória mesmo depois de três anos e meio de desgaste por ser governo. Alguns setores quiseram minimizar isso. Isso não pode ser um governo tão desastrado como alguns setores ficam querendo insinuar. É um governo que teve uma pauta social forte, mas não foi um governo que não deu resposta, deu respostas sim nos setores que resolvemos dar respostas. Estou dizendo isso porque é isso mesmo, não estou inventando. Tenho que juntar o pessoal que fica no gabinete comigo, é com ele que eu tomo as definições. Isso aqui, olha ali (mostra uma televisão instalada na parede, em frente a uma grande mesa de reunião), vai ser instalada uma sala de situação. Vou controlar todas as secretarias, ali vai entrar tudo, programa por programa e o que foi executado. Estamos preparando esse monitoramento. É ali na minha mesinha para eu ver tudo, para ver o resultados. Isso é o que eu vou fazer.
Isso foi o que a senhora não teve tempo de fazer no primeiro mandato?
Eu acompanhei todos os detalhes, mas trabalhei mais com diretrizes gerais. Todas as diretrizes gerais para os secretários, principalmente para as áreas temáticas. A questão do acesso ao transporte público. Em 2004 eu já tinha isso como um valor. Pode olhar que se você chegar (para analisar) foi isso que foi cumprido. (Ela se levanta de sua cadeira e convida o repórter para ver relatórios semestrais de cada secretaria guardados na estante. Nessa hora, o gravador pifa, mas a entrevista continua. Luizianne foi perguntada sobre saúde que pesquisa O POVO/Datafolha feita durante a campanha mostrou a área como a maior preocupação do fortalezense. A prefeita respondeu que, inicialmente, priorizou o atendimento básico e de alta complexidade – postos de saúde e atendimento de urgência e emergência. Segundo ela, o segundo mandato priorizará o atendimento de média complexidade. Em seguida, ela foi indagada se o atual secretário municipal de Saúde, Odorico Monteiro, tinha o perfil ideal para a nova fase. Luizianne respondeu: ''Acho que o Odorico fez um bom trabalho. É muito cedo para falar de qualquer mudança''. Depois, o gravador voltou a funcionar)
Como a senhora acompanhou de longe a prisão da secretária de Meio Ambiente Semam), Daniela Valente (presa na operação Marambaia, da Polícia Federal, na semana passada)? É o caso de mudança? O que deve ser feito para evitar desgaste na administração?
Tudo indica é que hoje (ontem) a gente vai começar a ter acesso ao processo. Até então a gente não teve acesso às informações do processo. Não se teve nenhum acesso a exatamente o que gerou (a prisão). Estivemos em contato (enquanto estava de folga) com o Martônio Mont'Alverne (procurador-geral do Município). Achei que foi precipitada a forma como aconteceu não só a prisão dela, como também a do secretário do Estado (Herbert Vasconcelos Rocha, titular da Superintendência do Meio Ambiente, Semace, também preso). Não sei o que de fato estava em jogo naquele momento que precisou disso (da prisão). Acompanhei com o Martônio para saber se tinha alguma coisa material e até então ele não sabia me dizer do que se tratava. E agora nós vamos analisar o que era de fato. Devo recebê-la para conversar e até que se prove o contrário ela é uma pessoa que tem seriedade nas coisas dela. Nunca tivermos problema de nenhum tipo de facilitação ou coisa dessa natureza. Ao contrário, nós sofremos muito aqui em função de a gente barrar supostos empreendimentos. Aquele do Iguatemi (Torre Empresarial Iguatemi), que pouca gente tem interesse em dizer, a prefeitura tem licença contrária, não foi renovada a licença daquilo ali. Eles (responsáveis pelo empreendimento que fazem parte do grupo comandado pelo senador do PSDB Tasso Jereissati) têm um mandado de segurança e estão construindo sobre ele. Tudo o que tinha de ser feito dentro da lei para aquele empreendimento ser barrado foi feito e agora está nas mãos da Justiça, que ainda sustenta uma ação do Idalmir Feitosa (vereador do PSDB em Fortaleza) questionando a verba para o referendo (que a prefeitura queria fazer para saber se a população era contra ou a favor da construção, nas proximidades do Rio Cocó e do Shopping Iguatemi). Não tem nada, a meu ver, que desabone a conduta dela. Não quero nem confirmar, nem quero falar em mudança agora, ainda não estou no momento disso. A gente vai ter de fazer algumas fusões nas secretarias para que elas fiquem melhores. Vamos ter de criar uma estrutura de controle urbano efetivo.
O que a senhora pode adiantar dessas fusões?
A Emlurb precisa retornar o papel dela, como ela teve, é ter força perante a questão da urbanização da cidade, a questão ambiental. Hoje você tem a Emlurb enorme, com quase dois mil funcionários, e tem a Semam, secretaria que tem grandes atribuições e pouca gente. Talvez seja o momento de a gente ver como junta essas duas estruturas no sentido de criar uma secretaria forte e com atribuições concretas e ao mesmo tempo dedicar uma secretaria ao Controle Urbano. É melhor do que ter agências reguladoras como a Asfor (Agência Reguladora de Fortaleza), por exemplo, embora tenha seu papel. Para evitar antecipar muita coisa, porque aí ''ah, disse isso e não fez (dizendo com voz estridente)'', aí estou ponderando as palavras.