Mulheres negras unidas contra a pobreza e o racismo
A batida afro-percussiva da banda Didá regeu o auditório da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, na noite desta quinta-feira (6/11). O espaço lotado entoou o coro de “um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade”. E o clima era de
Publicado 06/11/2008 00:41 | Editado 04/03/2020 16:21
“Este é um momento de afirmação da luta contra o neoliberalismo, o racismo e a opressão de gênero”, destacou a vereadora do PCdoB, Olívia Santana, que também preside a Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Salvador. O Colóquio celebra os 120 anos de abolição da escravatura e os 20 anos de fundação da União de Negros pela Igualdade (Unegro), entidade que organizou o evento em parceira com União Brasileira de Mulheres (UBM) e a Unesco.
“É importante colocar em pauta a discussão da mulher como protagonista da história e, ainda melhor, ter esse grande diálogo acontecendo aqui na Bahia, coração do Brasil”, comemora Benedita da Silva, secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Benedita foi uma das mulheres que compôs a mesa na Conferência Magna, ao lado de Edeltrudes Pires Neves, do Cabo Verde; do coordenador nacional da Unegro, Edson França; do ministro da Diáspora do Senegal, Amadou Lamine Faye, da secretaria de Políticas de Igualdade da Bahia, Luiza Bairros e da vereadora Olívia Santana.
Conferência
O colóquio foi aberto pelo coordenador nacional da Unegro, Edson França, que em seu discurso, enfatizou a importância de se aprimorar a luta contra o racismo no Brasil, aproveitando as experiências trazidas pelos convidados de fora. “Este colóquio é parte destes 20 anos de luta da Unegro por um país mais justo, igualitário e democrático”, declarou.
Logo em seguida, Olívia Santana inaugurou a conferência “O pós-abolição no Brasil e na América Latina e o seu significado para as populações africanas e afro-americanas”. Olívia falou da experiência da militância na Unegro e da importância disto em sua atuação política. Reforçou ainda a necessidade de mobilização das mulheres de todo o mundo para acabar com qualquer tipo de opressão de gênero. “A luta por igualdade une mulheres de diversas partes do mundo. É por isso que estamos aqui reunidas”, afirmou. “Lugar de mulher é na política. Para se combater a fome e a miséria, é preciso ocupar os espaços de poder”, reforçou Benedita, que encerrou seu discurso cantando para a platéia e sob fortes aplausos.
Barack Obama
A vitória do democrata para ocupar o mais alto escalão político do mundo – a presidência dos Estados Unidos – foi lembrada e comemorada pelos palestrantes. “Não há nada mais revolucionário que essa vitória”, ressaltou Benedita, visivelmente emocionada. “As coisas estão mudando no mundo e vai mudar também no Brasil, na África e na Diáspora”, acredita.
Edeltrudes Pires Neves reforçou o que chamou de “momento histórico” com a eleição do primeiro negro para a presidência da nação norte-americana. “Essa vitória é portadora de uma nova esperança, em escala mundial”, defendeu. Edeltrudes comparou a vitória de Obana à luta das mulheres caboverdianas por mais representatividade nos espaços de poder. “É preciso lembrar que por maior que seja o desafio, há sempre uma chance de vitória e não podemos parar diante dos obstáculos”, concluiu.
O Colóquio África e Diáspora segue até domingo com conferências e mesas temáticas sobre a inserção da mulher negra na produção científica e tecnológica, direitos culturais, sexuais e reprodutivos, entre outros assuntos. O evento será encerrado no domingo com uma grande caminhada até o Campo Grande, no Centro da cidade.
De Salvador,
Camila Jasmin e Eliane Costa