Sem categoria

Crise assola Hollywood e deixa 1.022 filmes sem distribuição

A crise financeira já penetrou no milionário mercado cinematográfico. Nesta semana, na abertura do American Film Market (AFM), um dos maiores evento de negócios do cinema no mundo, realizado em Santa Mônica, nos Estados Unidos, foram apresentados dados pr

Em um encontro com agentes e produtoras independentes, foi anunciada uma lista de 1.022 filmes a procura de distribuidores. Há outros tantos não finalizados — e contabilizados — sem interessados.


 


Estrelas mundialmente famosas estão sentindo a proximidade da turbulência financeira ao verem seus trabalhos estagnados. Este é o caso de Viggo Mortensen, que está com o longa-metragem Good parado na pós-produção. Assim como ele, Julia Stiles também vê sua atuação em The cry of the owl, prevista para estrear em dezembro nos Estados Unidos, adiada.


 


Na lista de filmes que ainda não tiveram seus direitos comprados por países estrangeiros — o que acontecia antes mesmo deles serem finalizados—, uma série de títulos com nomes de peso do cinema amargam a espera.


 


Entre eles, o musical Nine (filme de Rob Marshall, inspirado em Oito e Meio de Fellini, com Penélope Cruz, Nicole Kidman, Sophia Loren, Daniel Day-Lewis, Judi Dench e Marion Cotillard; o último documentário de Michael Moore; o drama Ágora, com Raquel Weisz;  Men Who Stare at Goats, produzido por George Clooney; e o suspense Law Abiding Citizen, estrelado por Jamie Foxx.


 


O problema é que não há dinheiro. “É como bote salva-vidas tentando transportar mais gente do que sua capacidade permite”, disse Jonathan Wolf, um dos organizadores do evento. Os produtores, distribuidores e patrocinadores estão cada vez mais exigentes com seus investimentos ante a incerteza econômica e o desaparecimento das divisões independentes dos grandes estúdios, que passaram o ano cortando despesas.


 


Um exemplo do que vem sendo discutido na maior feira de negócios do cinema é o que aconteceu com o produtor William Keenan, que estava prestes a fechar um financiamento de um filme sobre Jesus Cristo quando o céu desabou em Wall Street. Apesar de ter em mãos um roteiro vendedor, ele perdeu a US$ 25 milhões após a quebra do banco que iria financiar o projeto. A história dele se repetiu com outros produtores.


 


A indústria cinematográfica — que já encontrava dificuldades antes mesmo da crise por existir um excesso de filmes no mercado e a falta de fundos para investimentos — entrou parafuso nos dois últimos meses.


 


Independentes


 


Enquanto os grandes estúdios têm mais tempo e meios para financiar seus filmes, os produtores independentes não contam com tantos recursos. A maior parte deles não possui acesso fácil a capital e, em conseqüência disso, penam para conseguir decolar seus projetos.


 


A situação ficou pior depois do agravamento da crise. Compradores estrangeiros passaram a diminuir suas compras por causa da desvalorização de suas moedas em relação ao dólar — que os obriga a pagar de 20% a 30% a mais na compra de títulos norte-americanos.


 


A dependência de produtoras pequenas em relação aos distribuidores é grande. É com o dinheiro adquirido nas vendas para países estrangeiros — equivalentes a garantia de empréstimos — que elas conseguem injetar dinheiro para produzir.


 


“Acredito que a atmosfera está bastante carregada nesta edição da AFM,” disse Stephen Prough, gerente associado ao Los Salem, banco de investimento focado na indústria de entretenimento de Los Angeles. “As grandes transformações no financiamento de filmes pode levar este nicho à morte.”


 


Da Redação, com informações da Época Negócios