Bahia: Cúpula dos Povos discute integração da América Latina 

“A unidade dos países latino-americanos em um contexto favorável ao desenvolvimento nacional, que busque responder às assimetrias econômicas existentes e incentive estímulos à economia produtiva, são formas de responder a essas diversas crises no mundo”, destacou o diretor do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz, Rubens Diniz. “Os movimentos sociais querem debater e atuar no rumo da integração regional da América Latina”, enfatizou.

Para Diniz, desenvolvimento é sinônimo de emancipação e, para tanto, cada país precisa consolidar uma política externa autônoma, desvinculada dos antigos laços dominantes dos EUA. “Trata-se de um momento singular, um marco histórico devido ao ineditismo: é a primeira vez que as nações da América Latina se reúnem sem a presença dos Estados Unidos e Canadá”, atentou.

E é justamente sob o tema “A integração latino-americana frente à crise financeira internacional” que será aberta a mesa inaugural dos debates na manhã de sábado (13/12), integrada por Renildo Souza, economista e dirigente nacional do PCdoB;  Jacobo Torres (Venezuela), da Força Bolivariana de Trabalhadores; Enrique Darza (Colômbia), coordenador da Aliança Social Continental; Fátima Mello, representante da Rede Brasileira Pela Integração dos Povos – Rebrip; o próprio Rubens Diniz, da Cebapraz; e representantes de outras entidades.

As discussões acerca dos eixos temáticos seguem durante todo o dia de sábado (13) e domingo (14), no Centro de Convenções, com explanações de Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Ceprapaz; Liège Rocha, da União Brasileira de Mulheres – UBM e da Federação Democrática Internacional de Mulheres – Fdim; e Ricardo Canese (Paraguai), do Parlamento Mercosul; entre outros. Na segunda-feira (15/12), um documento contendo as principais deliberações será apresentado aos representantes dos governos da América Latina e Caribe durante encontro em Sauípe 

Integração e unidade para fortalecimento

Entre as deliberações, destaca-se a proposta de criação do Focen; um fundo direcionado à quebra das assimetrias econômicas entre as diversas nações latino-americanas, com a proposta de financiar projetos para estimular a economia e produtividade dos países menos desenvolvidos – em especial, Paraguai e Uruguai – a partir de compensações financeiras. O financiamento fica a cargo do Brasil e da Argentina.

Seguindo nesta linha, figura ainda a indicação de constituição do Banco do Sul, já em fase de materialização. A instituição seria responsável pela promoção e financiamento regional, criando mecanismos próprios para fomentar o desenvolvimento econômico e a consolidação de um mercado interno integrado. Atualmente, as reservas dos países latino-americanos são aplicadas em bancos dos EUA.

“O fortalecimento dos mecanismos regionais financeiros implica em mais desenvolvimento e melhorias para a vida dos povos da região”, explica Diniz. “A única maneira de o Brasil se firmar como referência de desenvolvimento no âmbito do Mercosul e América Latina, e em conseqüência, em escala global, é propiciando relações de igualdade econômica, política e social com os países vizinhos”, arrematou.

De Salvador,

Camila Jasmin