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Dez motivos para reduzir a Selic o mais rápido possível

Nesta quinta-feira (18), o Banco Central brasileiro deve divulgar a ata da reunião do Copom – Comitê de Política Monetária, realizada no último dia 10, na qual decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Ainda não se conhece o conte

O agravamento da crise internacional, com seus reflexos na economia brasileira e o esforço dos bancos centrais (BC's) e governos mundo afora para combater os seus efeitos torna imprescindível ajustar as políticas macroeconômicas domésticas ao novo cenário. Há, pelo menos, dez razões para iniciar um ciclo de baixa na Selic o quanto antes:



1) Os BC's dos principais países vem promovendo reduções nas taxas de juros. Desde setembro, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu os juros de 4,25% para 2,5%, o FED, de 2,0 % para zero, e o Banco do Japão de 0,5% para apenas 0,3% ao ano. Isso significa que o diferencial entre essas taxas de juros e a taxa de juros doméstica brasileira que já era expressiva, tornou-se ainda maior;



2) Se o pior da crise deflagrada com a falência do Lehman Brothers, em 15 de setembro, e a conseqüente quebra de confiança e risco sistêmico financeiro internacional se dissipou, por outro lado, o impacto sobre o desempenho das economias dos países desenvolvidos está apenas começando, em muitos casos, com recessão;



3) No Brasil, olhando para os próximos doze a dezoito meses, o que alias, é que o Copom deve fazer, não há riscos inflacionários expressivos. Pelo contrário, a queda nos preços internacionais das commodities, de 65% em média, e o desaquecimento da demanda global irá provocar, ao contrário, uma onda deflacionista, como aliás já vem ocorrendo em vários preços;



4) Isso, por outro lado, representa uma janela de oportunidade de o Brasil ajustar o câmbio, saindo da armadilha da valorização que perdurou nos últimos anos, ao mesmo tempo, sem gerar pressões inflacionárias adicionais. O pass through (repasse) da taxa de câmbio aos preços é compensado pela queda dos preços em dólares no mercado internacional. Pssada essa fase mais aguda, a desvalorização do real deverá ser amenizada;



5) No passado recente, a aceleração da demanda interna e a elevação dos preços das commodities no mercado internacional foram justificativas para o Copom elevar a Selic. O desafio agora será olhar mais o parabrisa e menos o retrovisor e promover o ajuste rápido da taxa de juros;



6) O risco é cometer um erro de avaliação e, daqui a seis meses, quando efetivamente as taxas de juros definidas agora passarem a fazer efeito na “economia real”, elas venham a ser um fator adicional para derrubar ainda mais o nível de atividades, exatamente ao contrário da função que deveria exercer;



7) O BCB agiu, segundo suas próprias palavras, tempestivamente (= em tempo certo, adequado) para subir as taxas de juros e com parcimônia para mantê-lo, deve, da mesma forma, agir com o mesmo princípio para baixá-las. É muito importante a combinação das políticas monetária, cambial e fiscal para agir anti-ciclicamente;



8) Uma menor taxa de juros deve amenizar o efeito da contração do nível de atividades e dos investimentos produtivos, não só pela diminuição do “custo de oportunidade”, como também pelo seu efeito psicológico positivo, também para o consumidor;



9) Da mesma forma, a redução dos juros também diminui o custo de financiamento da dívida pública. Cada ponto percentual a menos na Selic representa uma economia potencial de cerca de R$ 10 bilhões ao ano no financiamento da dívida pública, diretamente, sobre os títulos pós-fixados e, indiretamente, sobre os pré-fixados. Ao se reduzir o gasto do governo com o financiamento da dívida abre-se mais espaço para ampliar os investimentos públicos, fundamentais para fomentar o nível de atividades e motivar os investimentos privados;



10) Mesmo que houvesse um risco inflacionário iminente, o que está longe de ser o caso, a prioridade deve ser a manutenção de um nível mínimo de atividades. Uma estagnação, ou mesmo recessão – que não pode ser descartada – representaria um agravamento de todas demais condições econômicas e sociais, devido aos seus efeitos deletérios.