Jô Moraes acusa bancos e defende empregos

Em discurso durante sessão de votação do Orçamento 2009 da União, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) rechaçou a idéia de flexibilização dos direitos dos trabalhadores, de corte dos recursos destinados ao reajuste dos servidores públicos e à elaboraçã

A parlamentar denunciou que ao invés de emprestar aos empresários, os recursos liberados pelo governo federal relativos aos compulsórios, os bancos compraram títulos, especularam, fechando a carteira de empréstimos”.



Jô Moraes voltou a defender a redução da taxa dos juros básicos da economia (Selic), ponderando ser esta atitude do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, “o gesto simbólico de que ele consente ou não o desenvolvimento deste país”.



Aqui a íntegra do pronunciamento de Jô Moraes:




“Senhor Presidente, senhoras e senhores deputados, talvez, nesse último período, façamos pela primeira vez um orçamento sob a lógica e sob a ótica da crise enfrentada pelo Brasil. Desse ponto de vista, temos de fazer escolhas. Estamos fazendo um corte de 10 bilhões e 600 milhões, tendo como perspectiva a visão de que no próximo ano não mais cresceremos 4 pontos percentuais como previsto, mas, sim, 3 pontos percentuais.



Nesse corte temos de fazer escolhas. Evidentemente que a Comissão sugeriu que cerca de R$ 8 bilhões e 500 milhões fossem para o custeio.



Acho correto que o governo do presidente Lula e a Câmara dos Deputados, tendo também sua concordância, tivessem como objetivo central preservar os recursos destinados ao Plano de Aceleração do Crescimento, aos investimentos em infra-estrutura, em obras públicas. Também preservassem todos os recursos do Bolsa Família, recursos esses que junto com o PRONAF chegam ao montante de 20 bilhões de reais distribuídos por este país afora. Também ficassem garantidos os recursos previstos para aumentar o salário mínimo tal como acordado entre o Governo e as centrais sindicais. Um acordo que prevê que, além da inflação, deve ser incorporado ao aumento do salário mínimo o percentual de crescimento do PIB de cada ano.



Falo isso, senhor presidente, senhoras e senhores deputados, porque se discute a idéia de que é preciso, diante da crise, flexibilizar os direitos dos trabalhadores, que é preciso, diante da crise, cortar os recursos destinados ao pequeno aumento concedido aos servidores públicos e também a ampliação do quadro de trabalhadores e de funcionários para que o serviço público seja melhor adequado.



Não são os trabalhadores que têm de dar mais uma cota de sacrifício diante desta crise. Precisamos ter a convicção de que são aqueles que ganham e ganharam a vida inteira, como o sistema financeiro deste país, que devem dar a sua cota, que não é nem de sacrifício. Seria uma pequena concessão que eles fariam diante dos seus largos lucros.



Vimos, caro Presidente, que o governo do presidente Lula liberou o compulsório. E o que fizeram os bancos? Em vez de emprestar os recursos para os empresários, para o consumo de cada um de nós neste final de semana, eles compraram títulos, especularam, fechando a carteira de empréstimos.



Neste momento de crise, temos de estar com o foco no sistema financeiro. É preciso cobrar um posicionamento dos bancos, a redução de suas taxas, cada vez mais alarmantes.



Temos também de repetir, Senhor Presidente, cada vez mais, que a taxa SELIC é o gesto simbólico de que o Presidente do Banco Central, Ministro Henrique Meirelles, consente ou não o desenvolvimento deste país”.



De Belo Horizonte,
Graça Borges